quinta-feira, 21 de abril de 2016

Novo governo deve penalizar região Nordeste

Novo governo deve penalizar região Nordeste

IMPEACHMENT. Economista Cícero Péricles teme que programas sociais sejam afetados

Se a presidente Dilma Rousseff permanecer
no governo por decisão da Câmara dos Deputados,
ela terá de construir um novo pacto para garantir a
governabilidade econômica. Se o impeachment
passar e assumir o vice-presidente Michel Temer
(PMDB/SP), ele terá de elaborar novo modelo de
governo com novo plano econômico tendo os
partido opositores como o PSDB e o DEM como
protagonistas, e o PT e outros partidos de esquerda
como a nova oposição. Esta é a avaliação de um
dos mais importantes economistas de Alagoas,
doutor e professor de Economia da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL), Cícero Péricles.

O Nordeste poderá sofrer consequências nas
duas alternativas de governo. Péricles lembrou
que a região foi a mais beneficiada no período
Lula (2003-2010) e no primeiro governo Dilma
(2011-2014), pelos investimentos em infraestrutura,
pelas políticas de desenvolvimento econômico,
principalmente as voltadas para o empresariado
de pequeno porte, pelas políticas sociais
permanentes, como saúde e educação e pelas
políticas de transferência de renda, como a
previdência e o Bolsa Família.

“Todas as políticas e programas federais tiveram
impacto maior no Nordeste, desde a recuperação
do poder de compra do salário mínimo ao programa
de interiorização do ensino superior. Uma mudança
de governo, principalmente se contemplar as
críticas e demandas dos grupos econômicos e
políticos do Sul e Sudeste, diminuirá, em muito,
esse tratamento”, acredita o professor.

“Se ficar Dilma, todos os programas sociais serão
mantidos e, talvez, ampliados, porque a lógica do
governo é a do crescimento econômico com
inclusão social, uma visão política e um programa
desde o primeiro mandato de Lula; se mudar, com
Temer ou outro presidente apoiado pela oposição
atual, teremos, com certeza, uma reavaliação destes
programas e políticas, um desmonte do legado “lulista”,
que sempre foi uma bandeira oposicionista.



Cícero Péricles destacou que já está sendo
anunciada a reforma da previdência social, uma
nova política para a Petrobras e para o pré-sal; uma
reforma trabalhista para rever direitos sociais e uma
nova visão dos programas sociais, mais focada,
menos universalista. E isso será muito sentido nas
economias de sociedades mais pobres, como a de
Alagoas. Para as economias mais desenvolvidas,
como as do Sul e Sudeste, essas iniciativas poderão
ser bem acolhidas junto ao meio empresarial,
principalmente o industrial e o financeiro, mas, no
Nordeste, e, especialmente, em Alagoas, os efeitos
serão negativos ou, pelo menos, menos interessantes
que os que assistimos nestes últimos anos.

“Desde o ano passado os efeitos na economia
nordestina são muito parecidos com os nacionais:
falta de investimentos produtivos, na medida em
que os empresários estão inseguros diante do
quadro político”, disse o professor da Ufal, ao
acrescentar que o desemprego está sendo ampliado
numa região pobre que afeta segmentos sem muita
capacidade de defesa, mais a inflação alta que
penaliza os segmentos mais pobres dos assalariados.
“No entanto, temos uma característica que dificulta
particularmente a vida dos nordestinos, que é o menor
volume de transferências de recursos federais,
tanto os destinados ao setor público, como FPE e
FPM, menor volume nos investimentos em obras
públicas e nas transferências voluntárias; assim como
os recursos para as políticas públicas que ajudaram
a dar um novo perfil à sociedade nordestina nestes
últimos anos”.

Como a maioria dos pesquisadores da economia
afirma, Péricles também atesta que a economia
brasileira está sofrendo com a instabilidade política
desde o final de 2014. Os possíveis erros de
condução da economia no final do primeiro mandato
da presidente Dilma foram somados a tensão
pós-eleitoral, quando a oposição não aceitou o resultado
das urnas, e as denúncias de casos de corrupção,
como a Lava Jato. “Ficando Dilma ou entrando Temer,
há necessidade de um pacto de governabilidade para
que os investimentos voltem, que as expectativas na
economia sinalizem algo de positivo, que o Estado
brasileiro volte a investir com força e, claro, se
estabeleça um novo cenário no qual a arrecadação
aumente. Essas são as pré-condições para que
Alagoas seja contemplada com mais investimentos
nas obras federais que estão paralisadas ou em
ritmo lento, que os programas de crescimento
sejam acelerados e que possa receber mais
transferências, das quais depende para suas
políticas públicas e seus investimentos em
infraestrutura”.

Segundo Cícero Péricles, a economia de Alagoas
obteve dados positivos em todos os anos do
governo Lula e no primeiro mandato de Dilma
Rousseff, como consequência do clima nacional
de crescimento e pelos investimentos realizados
aqui no Estado. Essa série de taxas positivas de
doze anos deverá ser quebrada quando o IBGE
apresentar os dados de 2015, que serão, com
certeza, os primeiros resultados negativos de
Alagoas desde 2003. ‡

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