Fraca, abatida, desanimada e
se sentindo derrotada
por uma grande armação
contra a qual não tem
como lutar. Essa
caracterização não tem nada a ver
com a presidenta que recebeu
hoje blogueiros e
blogueiras para uma
entrevista de duas horas.
Dilma estava o oposto.
Animada, de bom humor
e fazendo questão de repetir
por diversas vezes
que “vai lutar em todas as
trincheiras necessárias
para defender seu mandato”.
A Dilma de hoje, por
incrível que pareça, era
uma mulher mais solta e
energizada do que das
duas entrevistas
anteriores com este formato.
A primeira, no meio da
eleição de 2014. E a
segunda, no primeiro
semestre de 2015. Naquelas
ocasiões, Dilma parecia mais
presa à faixa
presidencial e às
idiossincrasias do cargo.
Desta vez, não que
tenha deixado os cuidados
de presidenta, mas
parecia se sentir mais liberada
para avançar um pouco nas declarações,
deixando
de lado certas formalidades.
Curiosamente a conversa começou da
mesma forma que das vezes
anteriores. Iniciou-se pelo clima seco de
Brasília, mas rapidamente
foi para a situação de reservatórios e chegou na
situação das
hidroelétricas, dos rios e das bacias. Esse tema parece ser o favorito
da presidenta, independente do que esteja ocorrendo.
No áudio disponibilizado na íntegra
no post anterior,
o leitor pode
verificar por quanto tempo Dilma tratou deste assunto antes da
entrevista propriamente dita se iniciar.
Aliás, ela aproveitou este momento
para tirar duas casquinhas dos
tucanos Fernando Henrique Cardoso e Geraldo
Alckmin. Em
relação ao primeiro, disse que no seu governo excepcional
(claramente de forma irônica) teve racionamento. E por isso a
imprensa queria
de todo jeito que no dela também tivesse. O que
não ocorreu. E também
disse que ficava impressionada como a
mídia tratava de forma generosa a crise
de abastecimento em São
Paulo. Em São Paulo, segundo ela, era um problema
climático,
já no resto do Brasil decorrência de má gestão.
Nas duas horas de duração da
entrevista, Dilma se negou a falar
apenas sobre se iria denunciar o golpe na
ONU e sobre qualquer
possibilidade de futuro que não fosse a de lutar para
garantir seu
mandato, repetindo que o que está em jogo não é o cargo, mas
a
democracia.
Em dois momentos Dilma não economizou
adjetivos a Eduardo
Cunha. Tratou-o como o conspirador mor e como o pecado
original do processo de impeachment.
Aliás, Dilma parece entender
Cunha como o personagem maior
deste processo que denomina de golpe e que
pode lhe vitimar.
Mas na pergunta que fiz buscando que
ela abordasse mais o
assunto, Dilma lembrou do escritor Jacob Gorender, com
quem
teve relação de amizade na prisão, e de análises que ele fazia
sobre como
a realidade ia se desenvolvendo naqueles dias da
década de 70.
Gorender, segundo Dilma, dizia
que a ditadura não tinha o
controle de tudo, que não sabia de tudo. E ela acha
um pouco
a mesma coisa dos seus algozes atuais.
A presidenta considera que num
primeiro momento a
movimentação golpista era coordenada a partir do PSDB
junto
com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. E só
quando Aécio começou a aparecer
nas delações e a perder
pontos nas pesquisas eleitorais é que Temer passou a
ser
considerado como opção. Dilma não parece crer que o seu
vice fosse
desde sempre o capitão do golpe.
A partir de uma pergunta da
jornalista Laura Capriglione, a
presidenta também sinalizou que vai ouvir os
movimentos
sociais no período de resistência caso o Senado autorize o
processo do impeachment. E que não vai agir sozinha e nem
buscar querer dar as
cartas.
Fazer análises subjetivas de
entrevistas não é exatamente um
bom método, mas como estou disponibilizando o
áudio da
íntegra para que o leitor possa tirar suas conclusões, arriscaria
dizer ao mesmo tempo que Dilma parece ter a exata dimensão
do que está vivendo,
ela não parece acreditar que ao final
sofrerá o impeachment.
E que mesmo se em algum momento isso
vier a acontecer,
ela dá a impressão de que tal fato não será capaz de lhe
abater.
A frase que a presidenta já
disse em outras vezes e repetiu
hoje, de que está do lado certo da história,
parece ser sua
vitamina para a luta.
Hoje, Dilma relembrou histórias da
ditadura, principalmente
na hora que lhe perguntaram sobre a intervenção de
Jair
Bolsonaro (PP-RJ) na hora do voto de domingo, e em todo
o momento
dava a impressão de que ela sabia que naquele
período histórico
também estava do lado certo . E que o
futuro seria diferente.
Isso parece estar acontecendo com ela
de novo. Dilma sabe
que pode vir a ser vítima de uma grande injustiça, mas não
se sentirá derrotada. Parece ter plena convicção de não há
chances ser condenada,
porque em última instâ
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