quarta-feira, 20 de abril de 2016

Dilma parece saber que não há chances de vir a ser condenada…







Fraca, abatida, desanimada e se sentindo derrotada
por uma grande armação contra a qual não tem
como lutar. Essa caracterização não tem nada a ver
com a presidenta que recebeu hoje blogueiros e
blogueiras para uma entrevista de duas horas.
Dilma estava o oposto. Animada, de bom humor
e fazendo questão de repetir por diversas vezes
que “vai lutar em todas as trincheiras necessárias
para defender seu mandato”.
A Dilma de hoje, por incrível que pareça, era
uma mulher mais solta e energizada do que das
duas entrevistas anteriores com este formato.
A primeira, no meio da eleição de 2014. E a
segunda, no primeiro semestre de 2015. Naquelas
ocasiões, Dilma parecia mais presa à faixa
presidencial e às idiossincrasias do cargo.
Desta vez, não que  tenha deixado os cuidados
de presidenta, mas parecia se sentir mais liberada
 para avançar um pouco nas declarações, deixando
de lado certas formalidades.


dilma renuncia
Curiosamente a conversa começou da mesma forma que das vezes
anteriores. Iniciou-se pelo clima seco de Brasília, mas rapidamente
foi para a situação de reservatórios e chegou na situação das
hidroelétricas, dos rios e das bacias. Esse tema parece ser o favorito
da presidenta, independente do que esteja ocorrendo.
No áudio disponibilizado na íntegra no post anterior, o leitor pode 
verificar por quanto tempo Dilma tratou deste assunto antes da 
entrevista propriamente dita se iniciar.
Aliás, ela aproveitou este momento para tirar duas casquinhas dos 
tucanos Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin. Em 
relação ao primeiro, disse que no seu governo excepcional 
(claramente de forma irônica) teve racionamento. E por isso a 
imprensa queria de todo jeito que no dela também tivesse. O que 
não ocorreu. E também disse que ficava impressionada como a 
mídia tratava de forma generosa a crise de abastecimento em São 
Paulo. Em São Paulo, segundo ela, era um problema climático,
já no resto do Brasil decorrência de má gestão.
Nas duas horas de duração da entrevista, Dilma se negou a falar 
apenas sobre se iria denunciar o golpe na ONU e sobre qualquer 
possibilidade de futuro que não fosse a de lutar para garantir seu 
mandato, repetindo que o que está em jogo não é o cargo, mas 
a democracia.
Em dois momentos Dilma não economizou adjetivos a Eduardo 
Cunha. Tratou-o como o conspirador mor e como o pecado 
original do processo de impeachment.
Aliás, Dilma parece entender Cunha como o personagem maior 
deste processo que denomina de golpe e que pode lhe vitimar.
Mas na pergunta que fiz buscando que ela abordasse mais o 
assunto, Dilma lembrou do escritor Jacob Gorender, com quem 
teve relação de amizade na prisão, e de análises que ele fazia 
sobre como a realidade ia se desenvolvendo naqueles dias da 
década de 70.
Gorender, segundo Dilma,  dizia que a ditadura não tinha o 
controle de tudo, que não sabia de tudo. E ela acha um pouco 
a mesma coisa dos seus algozes atuais.
A presidenta considera que num primeiro momento a 
movimentação golpista era coordenada a partir do PSDB 
junto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. E só 
quando Aécio começou a aparecer nas delações e a perder 
pontos nas pesquisas eleitorais é que Temer passou a ser 
considerado como opção. Dilma não parece crer que o seu 
vice fosse desde sempre o capitão do golpe.
A partir de uma pergunta da jornalista Laura Capriglione, a 
presidenta também sinalizou que vai ouvir os movimentos 
sociais no período de resistência caso o Senado autorize o 
processo do impeachment. E que não vai agir sozinha e nem
buscar querer dar as cartas.
Fazer análises subjetivas de entrevistas não é exatamente um 
bom método, mas como estou disponibilizando o áudio da 
íntegra para que o leitor possa tirar suas conclusões, arriscaria 
dizer ao mesmo tempo que Dilma parece ter a exata dimensão 
do que está vivendo, ela não parece acreditar que ao final 
sofrerá o impeachment.
E que mesmo se em algum momento isso vier a acontecer, 
ela dá a impressão de que tal fato não será capaz de lhe abater.
A frase que a presidenta já disse em outras vezes e repetiu 
hoje, de que está do lado certo da história, parece ser sua 
vitamina para a luta.
Hoje, Dilma relembrou histórias da ditadura, principalmente 
na hora que lhe perguntaram sobre a intervenção de Jair 
Bolsonaro (PP-RJ) na hora do voto de domingo, e em todo 
o momento dava a impressão de que ela sabia que naquele 
período histórico também estava do lado certo . E que o 
futuro seria diferente.
Isso parece estar acontecendo com ela de novo. Dilma sabe 
que pode vir a ser vítima de uma grande injustiça, mas não 
se sentirá derrotada. Parece ter plena convicção de não há 
chances ser condenada, porque em última instâ


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