Dilma caiu porque é honesta, diz professor de faculdade britânica - CorreiodoBrasil: Diário londrino The Guardian publica carta com destaque, sobre o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, em curso no Brasil. Enquanto, no exterior, é revelada ao Ocidente os meandros do golpe deflagrado em 13 de Maio deste ano, o sucessor de Dilma tenta manter de pé seu acordo com os parlamentares
Por Redação, com The Guardian – de Brasília e Londres
O jornal britânico The Guardian traz na edição desta quarta-feira uma carta escrita pelo professor Kevin Dunion. Ele é catedrático da University of Dundee e diretor na Faculdade de Direito Executivo do Centro de Liberdade de Informação. No texto, Dunion fala sobre o golpe de Estado que depôs a presidenta Dilma Rousseff.
Dilma foi alvo de um golpe de Estado porque não compactuou com a roubalheira organizada por políticos e partidos no Brasil
No texto, o catedrático afirma que “os desafios que Dilma Rousseff enfrentou na limpeza da política brasileira não podem ser subestimados.
Leia, adiante, a íntegra do documento:
“Em 2012, fui contratado pela Unesco para aconselhar o governo sobre a implementação do decreto de acesso à informação que a presidenta tinha assinado. Entre as primeiras exigências de divulgação feitas pela imprensa diziam respeito aos detalhes de salários e regalias recebidas por ministros, juízes e funcionários públicos.
“Isso levou a uma ação legal por parte dos sindicatos (que haviam negociado acordos lucrativos para seus membros) para tentar impedir a divulgação e uma resistência feroz dentro do governo de coalizão. Quando o assunto foi levado a Dilma Rousseff ela instruiu que a divulgação completa deveria ser feita, começando com seu próprio pacote salarial.
“Posteriormente, os detalhes publicados revelaram que um terço dos ministros e quase 4.000 funcionários federais violavam o teto de pagamento estabelecido pela Constituição e estavam ganhando mais do que a presidente. Recompensas infladas eram incluídas e até um salário adicional de seis meses por ano, contabilizados como subsídios de custo de vida ou como licença educacional”.
Mimo bilionário
Enquanto, no exterior, é revelada ao Ocidente os meandros do golpe deflagrado em 13 de Maio deste ano, o sucessor de Dilma tenta manter de pé seu acordo com os parlamentares. Para tentar agradar a base aliada, a dois dias do fim do ano, Michel Temer anuncia a liberação de emendas parlamentares. Interlocutores de Temer afirmam que o total será de R$ 7,29 bilhões. Deste montante, R$ 6,45 bilhões correspondem a emendas impositivas e restos a pagar desde 2007 e outros R$ 840 milhões àquelas de bancada.
Os valores foram fechados na noite passada, mas estão sujeitos a alterações. A equipe de Temer acredita que as emendas são fundamentais na relação do Palácio do Planalto com o Congresso. Historicamente, o governo usa esse pagamento para facilitar a aprovação de projetos de seu interesse.
Impopularidade
Embora tenha registrado taxa recorde de aprovação na Câmara, em contraste com os péssimos índices de popularidade, Temer sofreu algumas derrotas no Congresso nas últimas semanas. O presidente de facto acelerou a liberação de verbas num momento em que precisa da base unida para votações complicadas, como a reforma da Previdência.
Desde o ano passado, uma emenda constitucional tornou obrigatória a execução da maior parte das emendas individuais, mas há uma fatia em que a liberação fica a critério do governo. Todas as emendas que serão pagas precisam ser inscritas no Orçamento do ano subsequente, o que provoca uma peregrinação de parlamentares ao Planalto e a ministérios nos últimos dias do ano.
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