domingo, 16 de agosto de 2015

A FICHA CAIU: O BRASIL COMEÇA A DIALOGAR

Muitas vozes representantes da elite deste país antes abertamente a favor do impeachment de Dilma como o jornal O GLOBO, e outros, setores do PMDB, e do PSDB deram na últimas semanas sinais claros de que não defendem mais o impeachment de Dilma Rousseff. Mas, por que ? Será que mudaram de ideia ou apenas de estratégia? Será que evoluíram para uma outra alternativa que pareça não ou menos golpista aos olhos da sociedade descontente e mal informada? No caso do PSDB sim, que optou agora por pregar a realização de novas eleições. O que ? Sim. Aécio e vozes ruralistas como Caiado insuflam a população para que se manifestem nas ruas por novas eleições, sob a tese de que só as urnas darão legitimidade para o novo presidente enfrentar a crise política e econômica. Isso é piada! E os votos de Dilma, não lhe dão legitimidade ? No caso do jornal O Globo alguns ingênuos de coração poderiam imaginar que o grupo refletiu e não quer ser visto novamente como apoiador de um golpe de direita, a exemplo do que ocorreu em 1964, nódoa já reconhecida por eles mesmos. Na verdade, com certeza, a família Marinho já está apoiando uma estratégia nova para 2018, obviamente que não inclua o PT no poder. Resta saber por qual das que estão se delineando vai optar, porque se a situação de Dilma não é fácil, a do PMDB e do PSDB não parecem nem um pouco tranquilas. Divididos internamente, eles só tem uma coisa em comum: querem o poder a qualquer custo, uns mais, outros menos golpistas. Como muito bem disse o colunista Lele Teles o grupo Marinho desistiu do golpe porque sentiu que o povo “caiu pra dentro”. O que ele quis dizer com isso ? que uma reação contra o golpe começa a ser delineada e se faz visível na voz de banqueiros; empresários; artistas nacionais; movimentos sociais. Após a apresentação da chamada Agenda Brasil, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, recebida aparentemente bem pela presidente Dilma Rousseff, líderes sindicais e do MST também decidiram colocar na mesa suas propostas. Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifestou-se contra o golpe e defendeu que a presidente Dilma deve repactuar a agenda com os movimentos sociais e não se comportar como refém do PMDB. Várias centrais sindicais (Força Sindical, CUT, UGT, CTB, Nova Central e CSB) - como já aconteceu em outros momentos históricos deste país na luta pela democracia - se uniram para assinar um manifesto, por meio de seus principais sindicatos, em defesa da presidente Dilma Rousseff, cujo título já diz a que veio : Chamado ao diálogo pela democracia, por crescimento econômico, inclusão social e desenvolvimento nacional. No Congresso, partidos e políticos independentemente de suas agremiações se posicionam de forma mais ou menos organizada ou para garantir espaço no próximo arranjo, seja ele qual for, ou para aparecerem como vozes preocupadas e atentas aos destinos do Brasil. No PMDB, o vice-presidente, Michel Temer, se coloca publicamente como capaz de apaziguar a Nação, e recebe apoios importantes, como a de duas grandes federações de indústrias do país, FIESP e FIRJAN, que afirmam que o momento é de responsabilidade, diálogo e ação para preservar a estabilidade institucional do Brasil. Assinada pelos presidentes Paulo Skaf e Eduardo Eugênio Gouvêia a nota oficial lembra que é hora de colocar de lado ambições pessoais ou partidárias ( carapuça que deve servir a Eduardo Cunha e Aécio Neves ) e mirar no interesse maior do Brasil, da sociedade, na sobrevivência de milhares de empresas e milhões de empregos. Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria, condenou na sexta, 14, em entrevista à Folha de São Paulo, eventual impeachment da presidente Rousseff e resumiu: foi eleita, tem de respeitar. Em Brasília, quatro importantes federações, publicaram nota no mesmo tom, contra o golpe e pelo diálogo, em página nobre do Correio Braziliense, documento republicado na maioria dos estados brasileiros Em nota o Bradesco também mandou seu recado ( à oposição e grande imprensa ? ): "precisamos sair desse ciclo do quanto pior, melhor". Em defesa de Temer rompeu o silêncio o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito, que em entrevista ao Correio Braziliense qualificou-o de “constitucionalista dos bons, homem sensato, com condições de ser o ponto de aglutinação das forças políticas, nesse momento de consenso necessário”. Onde será que Temer quer chegar e os que o apoiam querem colocá-lo no futuro, dando-lhe, hoje, o título de “ponto de aglutinação das forças políticas“? Derrubar Dilma e dar posse a Temer ? Dividido, o PMDB tem muitos caciques com objetivos díspares. Segundo análise da jornalista Tereza Cruvinel, o senador José Serra, vislumbrando a insustentabilidade da permanência de Dilma no poder, e a assunção do vice, ensaia uma aproximação com ele, no intuito de assumir um ministério com a missão de recolocar a economia nos trilhos, cacifando-se para a disputa em 2018. Ao mesmo tempo que deu sinais de que é contra o impeachment de Dilma nas ultimas semanas, o grupo Globo rifou as pretensões de Eduardo Cunha. Se o golpe contra Dilma viesse via impugnação da chapa Dilma/Temer ( pela não aprovação das contas do governo – processo ainda em andamento ) o presidente da Câmara seria o próximo da linha sucessória à presidência da República. Em editorial do Globo, a família Marinho defendeu que o Congresso dê a Dilma condições de 'governabilidade' e outro editorial publicado pela revista Época, chamado "Piquenique à beira do vulcão", afirma que "sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os deputados continuam a brincar de piquenique à beira do vulcão, e que "o país espera que as lideranças do Senado Federal sejam mais responsáveis e atuem para desarmar as bombas que a Câmara deixou no caminho". Ou seja, tudo indica que Temer, Renan, tem o apoio da Globo e que o PSDB está perdendo terreno nesta disputa. O principal articulista do Globo, Elimar Santos, resumiu numa frase a situação de Aécio : “o PSDB continua falando grosso mas perderam a exuberância”. A empáfia de FHC de afirmar que não aceita dialogar na busca de uma solução de consenso para não parecer conchavo - apesar de não ter sido convidado oficialmente - demonstra que ele perdeu totalmente o bonde da história. O que todos demonstram nos últimos dias no país, é exatamente que entendem a necessidade do diálogo. Isso sim é agir em defesa da radicalização da democracia. Por Chico Vigilante * Chico Vigilante é deputado distrital pelo PT-DF O artigo foi publicado originalmente no Portal Brasil 247

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