Testemunhei hoje uma reunião até
então improvável. Promotores Públicos, bem intencionados, presentes na sede de
uma entidade sindical de agentes de polícia, para manifestarem suas
preocupações ante a possibilidade da investigação tornar-se privativa da
Polícia Federal e da Civil.
Improvável porque os promotores
sempre estiveram em patamar inatingível para as conversas e olhares dos
policiais. Nunca esconderam as desconfianças que dedicam a quem investiga.
Quando não conseguem condenar é porque a investigação não foi bem feita. Quando
condenam é porque foi seu trabalho. Curioso...
Neste momento da PEC 37 desvestem-se
de seus mantos imaculados e acreditam que podem, a partir de agora, considerar
os policiais como protagonistas da investigação policial. Sugerindo que os
agentes devem ser parceiros para ajudar a vetar a PEC 37 que, por infelicidade,
apelidaram de PEC da IMPUNIDADE.
Por qual motivo a PEC é da IMPUNIDDE?
Seria porque os policiais, dentre eles os agentes, não apuram os crimes?
Avaliaram que para atingir seus objetivos corporativos compensaria atingir todo
o segmento policial, como se todos trabalhassem pela impunidade?
Santa insensibilidade.
O pior de tudo isso é que os
delegados não ficam muito distantes da forma como sempre pensaram e atuaram os
promotores, com relação aos agentes de polícia. Tem demonstrado, pela forma como
pensam e manifestam seus comandos, que são os únicos que sabem o que fazer na
polícia civil. Ou que são a realeza no comando de súditos.
Depois do incansável trabalho
realizado por policiais vocacionados na investigação apropriam-se das
informações, burocratizando o inquérito policial através de despachos,
apresentam-se com o trabalho realizados por outros que não merecem, segundo
eles, o direito de explicar o que apurou em razão de sua especialização.
Neste momento de PEC 37 eles também
tem lembrado desse segmento que adoram chamar de "subalternos". Ao
qual dedicam preconceito e discriminação como se o conhecimento que dispõem
pudesse ser superior aqueles investigadores que laboram sem os mínimos
instrumentos adequados de trabalho.
Mas afinal, os agentes de polícia
ficarão de qual lado? Dos promotores, que agora os veem como protagonistas, ou
dos delegados que são "irmãozinhos dos subalternos"?
Se a PEC for da Impunidade, devem
apoiar os promotores, mas não podem esquecer que também estão sendo acusados de
não realizar seu trabalho de forma correta. Já que definir investigação
privativa à PF e à PC é compactuar com a impunidade.
Se a PEC não for da impunidade, se
entenderem que as polícias judiciárias devem continuar realizando suas
investigações, devem também ter clareza que os delegados sairão desse embate
empoderados como se juiz ou promotor fossem. Portanto, aqueles que investigam
de fato, que atendem a população, continuarão sendo "subalternos".
Entre a cruz e a espada, ambas com as
pontas enferrujadas!
JORGE LUIZ DE
QUADROS
Advogado
(61) 3427 4146 - 9179 9134
http://www.jlconsultores.com.br
Advogado
(61) 3427 4146 - 9179 9134
http://www.jlconsultores.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário