terça-feira, 16 de outubro de 2018

DEMOCRACIA OU VIOLÊNCIA


Editorial: Democracia ou violência, a escolha do Brasil






Foto: Guilherme Santos/Sul21

Editorial Sul21
O Brasil vive um dos momentos mais graves de sua história. Não estamos vivendo um processo eleitoral como qualquer outro. No próximo dia 28 de outubro, brasileiras e brasileiros tomarão uma decisão que definirá se o país seguirá se construindo como uma sociedade democrática ou se trilhará um caminho de ameaças à democracia e a liberdades básicas, como liberdade de imprensa, de expressão, de reunião e de manifestação. Neste cenário, não há espaço para omissão ou neutralidade. A alternativa entre democracia e barbárie nunca esteve colocada de forma tão concreta e dramática como agora. E esses caminhos estão representados pelas candidaturas de Fernando Haddad e Jair Bolsonaro à presidência da República. Não se trata de uma escolha entre PT e anti-PT. Não é essa polarização que estamos vivendo. O que está em jogo é muito maior e mais grave do que isso.
Sul21, desde seu nascimento, assumiu de forma transparente uma linha editorial comprometida com os valores da democracia, a luta por direitos, contra as desigualdades sociais e toda forma de intolerância. Não seria agora que ficaria em silêncio diante da escolha que será feita dia 28. O Sul21 acredita que a candidatura de Fernando Haddad representa o caminho que permitirá à sociedade brasileira seguir o rumo da democracia, fazendo as correções de rota que precisam ser feitas, respeitando as liberdades, a diversidade e o estado democrático de direito. Entendemos que a candidatura de Jair Bolsonaro, por inúmeras declarações feitas pelo próprio candidato e seus apoiadores, representa o caminho oposto a este: o caminho da violência, do autoritarismo, da intolerância e da falta de respeito com a imensa diversidade social e cultural que caracteriza o Brasil.
Entendemos que é dever de todos os meios de comunicação se posicionarem claramente em favor da democracia nesta hora e fazerem uma profunda reflexão sobre a sua responsabilidade na constituição da cultura de ódio e violência que se alastra hoje pelo país. Há algumas questões que precisam ser debatidas de forma direta: quem alimentou e difundiu sistematicamente ideias como as de que a política não presta, que todo o político é ladrão, que bandido bom é bandido morto, que os funcionários públicos são vagabundos, que a homossexualidade é uma espécie de “doença”, que não há racismo no Brasil e que o machismo é algo inscrito no terreno do “folclore” cultural do país? Esse conjunto de crenças e valores não foram criados pela imprensa, é certo, mas ela não tem uma parcela importante de responsabilidade na construção da atmosfera que hoje vemos no país?
Uma das novidades (negativas) do atual processo eleitoral é a difusão massiva de informações falsas, travestidas de notícias, por plataformas digitais de compartilhamento de mensagens, especialmente pelo Whatsapp. Mas o problema não se limita às chamadas fake news. Estamos lidando também com um processo contínuo de produção e retroalimentação de crenças falsas que contribui para o envenenamento dos espíritos e da sociedade como um todo. Neste processo, alguns dos espectros sociais mais sombrios que marcam a história do Brasil saíram das trevas e se materializaram na sociedade: o racismo, o machismo, o ódio contra pobres e as chamadas “minorias”, a violência e a intolerância. Esses espectros precisam ser exorcizados de nossa sociedade e o nome do exorcista é Democracia.
Sul21 vem a público, portanto, manifestar claramente sua posição nesta encruzilhada histórica que o país vive, convidando cada um e cada uma de seus leitores e seguidores a compartilhar essa reflexão com seus parentes, amigos, colegas de estudo e de trabalho. Afinal, a escolha que será feita no próximo dia 28 definirá o futuro do Brasil e das nossas vidas. Estaremos escolhendo que tipo de sociedade queremos ser. Uma sociedade construída com base nos valores da democracia, do respeito ao próximo, do diálogo, da diversidade e da luta contra as desigualdades, ou uma sociedade que aposta nas armas, na violência, na intolerância e no preconceito como modelo de convivência.

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