Meu irmão, minha irmã,
não é para lhe meter medo não, tampouco por ironia, mas as dores e
aflições de uma tortura são muito maiores e profundas que qualquer dor de dente
ou cabeça (mesmo a pior das enxaquecas) ou de uma prosaica dor de barriga – que,
sejamos honestos, já seria o bastante para derrubar na cama a maioria dos
“cabras machos” que arrotam a sua macheza de araque por aí.
Não
esqueço nunca do rosto daquela menina naquela foto. Só e acuada, ao enfrentar,
num tribunal (de exceção), um bando de militares (dissimulados, covardes) que
escondiam o rosto, como se esquivando do verdadeiro julgamento: o da
posteridade.
Os
verdugos passaram.
Restou/ficou
a menina.
Restou/ficou
a mulher.
Sei
não, mas a impressão que fica é que os golpistas (os de hoje, como os de ontem)
já se esgueiraram pela sarjeta, de volta aos esgotos de onde nunca deveriam ter
saído.
Bichos
escrotos, voltem para os esgotos!
Ontem,
vi, com renovada admiração e respeito, aquela mulher, de peito aberto, segura,
a discursar no Congresso Nacional e conclamar a todos – aos bons e nobres
parlamentares, mas aos achacadores também – que é preciso união para o bem do
Brasil.
Ela
está certíssima: notadamente nesse instante de crise por que passa o país,
faz-se necessário a união de todos para o bem do país.
E
isso é URGENTE.
Mulher
audaz, valente.
Uma
mulher que enfrenta uma das maiores e mais graves crises políticas e
econômicas que este país já passou.
Que,
novamente, enfrenta a sanha e a covardia dos golpistas.
Como
suporta?!
Como
aguenta?!
Uma
mulher que enfrenta, com inacreditável altivez e galhardia, a intolerância, a
desfaçatez, o desrespeito, a traição.
Estarrece-me.
Espanta-me
a resiliência; a fibra dessa mulher.
Da
mesma forma como, certamente, ESPANTOU os golpistas.
Causou-lhes
espanto.
Afugentou.
Aquietou.
LULA MIRANDA
Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média
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