quinta-feira, 31 de julho de 2025

Bolsonaro tem mais valor para o fascismo americano do que para a direita brasileira

Bolsonaro tem mais valor para o fascismo americano do que para a direita brasileira “Qual será o próximo movimento do bolsonarismo perdedor, abalado por uma sequência de fracassos?” – pergunta o colunista Moisés Mendes 31 de julho de 2025, 18:20 h 273 Partilhas whatsapp-white sharing button 6twitter-white sharing button 1facebook-white sharing button 266email-white sharing buttoncopy-white sharing button 🇬🇧 English Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Jair Bolsonaro à mesa Jair Bolsonaro à mesa (Foto: Carlos Moura / Ag. Senado) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Bolsonaro conseguiu um feito histórico ainda sem resultados práticos, na sequência dos desastres da extrema direita. Em casa e com tornozeleira, o líder do golpe tem mais poder nos Estados Unidos do que no Brasil. Bolsonaro interessa hoje mais a Trump, por sua utilidade na estratégia de agressão ao Brasil, do que a Valdemar Costa Neto e Gilberto Kassab. Aqui, Bolsonaro está inerte e quase sem forças. Lá, é terrivelmente prestativo. Play Video O núcleo do bolsonarismo está numa fase ruim. Carla Zambelli foi presa na Itália. Tarcísio de Freitas entrou em hibernação. O filho Eduardo produz vídeos desconexos sem saber como dar o próximo passo, depois do blefe do tarifaço. Os coronéis golpistas foram humilhados e perderam até o direito de usar a farda do Exército quando de interrogatórios no STF. E a base em desalento tenta provar nas redes sociais que ainda se move e respira. A extrema direita acumula derrotas destruidoras. Perdeu a eleição, perdeu ao tentar o golpe e perdeu na tentativa de enfrentar Alexandre de Moraes e inviabilizar o julgamento dos golpistas. Vem perdendo apoio da velha direita e perde o embate no Congresso para fazer andar o projeto da anistia. E sabe que, se fizer um movimento brusco hoje, em qualquer direção, irá perder de novo. Mas, como diria o deputado Hélio Lopes carregando nas costas a sua barraca, depois de tentar liderar os novos acampamentos em Brasília, o bolsonarismo terá de reagir. Coisas escabrosas devem estar em planejamento, depois do fracasso do esforço para produzir fatos políticos com repercussão popular capaz de provocar apoios e caos que abalem Lula, o Supremo, a economia e a democracia. Tentaram tudo desde o 8 de janeiro, incluindo três aglomerações nos trios elétricos de Malafaia. E tentam agora com a chantagem de Trump e mais as sanções a Alexandre de Moraes. Nada funciona porque não há o resultado que importa: o apoio dos brasileiros aos gestos extremistas. Falta sustentação popular aos movimentos do fascismo. Esse é o drama de Bolsonaro, dos filhos e dos que ainda estão ao lado deles. O bolsonarismo não conseguiu provar que, derrotado na eleição, poderia se reerguer com o golpe e tudo o que veio depois. Fracassou por falta de apoio. O que resta para figuras com liderança e/ou com mandatos é a fidelização da base eleitoral extremada. É o que fazem líderes estaduais e municipais e deputados que mantêm suas turmas agrupadas e mobilizadas. Mas nada disso se traduz no que mais a extrema direita precisa, como precisou e conseguiu eleitoralmente em 2018: o alargamento de seu alcance, para que o engajamento às suas ações não fique confinado aos que cantam hino para pneus e fazem contato com marcianos golpistas pelo celular. A Terra dos Bolsonaros está cada vez mais plana e menor. Pesquisas mostram que o aumento do apoio a Lula é proporcional à perda de vigor das facções que, para continuar produzindo ameaças e gritaria, parecem hoje muito mais trumpistas do que bolsonaristas. Imagina-se que não esteja com o deputado Hélio Lopes a missão de produzir para a direita no Brasil os ecos do que Trump faz nos Estados Unidos com a ajuda de Eduardo Bolsonaro. A extrema direita necessita de bem mais, precisa provar, depois de uma goleada atrás da outra, que Bolsonaro continua tão útil para toda a direita brasileira como é para o fascismo americano. É uma tarefa imensa. Os fracassos esmoreceram e aquietaram muita gente. Imobilizaram a moderação extremista de Tarcísio de Freitas. Desorientaram o lavajatismo que ainda gira em torno de Sergio Moro. Ofereceram a chance da ‘neutralidade’ a Hugo Motta e Davi Alcolumbre. O bolsonarismo está nas mãos de Trump e já não sabe se pode se fortalecer em 2026 com a ajuda de Valdemar e Kassab, que olham de lado para a família de perdedores. Bolsonaro é hoje um pré-presidiário com tornozeleira, vendo Corinthians e Palmeiras em casa, enquanto Alexandre de Moraes acompanha o jogo no estádio e, como corintiano, ainda sai vencedor. Até Trump sabe o que isso significa.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Comandos militares temem não ser mais possível separar o joio do trigo

Comandos militares temem não ser mais possível separar o joio do trigo A frase repetida à exaustão, tanto pelo comandante Tomas Paiva quanto pelo ministro José Múcio, “é preciso separar o joio do trigo”, caiu no vazio 28 de julho de 2025, 17:31 h 272 Partilhas whatsapp-white sharing button 43twitter-white sharing button 56facebook-white sharing button 69email-white sharing button 1copy-white sharing button 🇬🇧 English
Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Militares e os atos golpistas Militares e os atos golpistas (Foto: Agência Brasil (Joedson Alves / Elza Fiúza)) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Não foi mera decisão do ministro Alexandre de Moraes, o motivo para que os oficiais do Exército, que depuseram nesta segunda-feira, (28/07), na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) e compõem o núcleo 3 dos réus acusados de cinco crimes, dentre eles, golpe de Estado, se apresentassem sem a farda. Nove entre os dez depoentes desta segunda-feira são oficiais do Exército, bem como no processo que corre no STF eles são maioria. Em conversas informais com o Comando, foi revelado ao ministro o quanto foi constrangedor ver o tenente-coronel Mauro Cid depondo fardado. E o quanto mais seria ver praticamente todos os depoentes do núcleo 3 - com exceção de Wladimir Matos Soares (policial federal) -, envergando o uniforme da Força. Play Video A frase repetida à exaustão, tanto pelo comandante do Exército, Tomas Paiva, quanto pelo ministro da Defesa, José Múcio, “é preciso separar o joio do trigo”, caiu no vazio. O Exército Brasileiro viu o nome da instituição despencar nas pesquisas de confiança da população, desde o episódio de 8 de janeiro, e emergir das apurações que levaram ao banco dos réus a fileira de oficiais, incluindo generais e ex-comandantes. O que a sociedade atestou, em termos de despreparo, de dificuldade em se expressar e do (des)nível intelectual dos inquiridos, colou uma nódoa indelével no frontispício do quartel general. Impossível não questionar que tipo de gente é essa que chega ao generalato às custas do erário público, sabendo como ninguém trair os princípios militares, se dispor a contrariar a Constituição e até montar planos de assassinato com todo o tipo de arma e até mesmo envenenamento? Por essas e outras, não dá mais para “desmisturar” o joio do trigo. A menos que se altere a formação para a carreira. Ficou patente que não foi apenas um “deslize moral”. Foi, isto sim, falta de orientação adequada. Ensinamentos equivocados, como os aprendidos pelo general Mario Fernandes, expostos em sua monografia à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Ali ficou claro que já é hora de abandonar as orientações radicais de anticomunismo, sob pena de virarmos todos nós, cidadãos brasileiros, alvo de seus fuzis e punhais “verde-amarelo”. Sua dissertação discorre todo o tempo sobre como combater o “inimigo interno”. Ou seja, a sociedade brasileira. E foi aceita. E ele foi aprovado com elogios. Ao confessar que sim, foi o autor do “Plano Punhal Verde-Amarelo”, o general exibiu, mais uma vez, até onde pode ir um oficial do Exército mal instruído. O general Fernandes foi formado dentro das fileiras da instituição, e isto não se pode separar ou negar. É o joio junto com o trigo. Mesmo os ditos “legalistas” estão perturbados com o julgamento e o que o país assistiu. A esta altura, importa pouco ou nada, para eles, o destino de Bolsonaro, dizem. A questão é o número de militares envolvidos. Já dão como perdidos (expulsos) o tenente-coronel Mauro Cid, o general Braga Netto e o general Mário Fernandes. A questão para os comandantes, agora, é tentar salvar outros nomes, como o general Estevam Cals Theophilo. A empreitada pode ser “missão impossível”. Basta lembrar que Theophilo é o general que ao ver Freire Gomes deixar a conspiração e se negar a comandar o golpe, se ofereceu para estar à frente das tropas, como consta da denúncia da PGR. Bastava que Jair assinasse e ele cumpriria a ordem “fora da ordem”. A certeza dos comandantes é a de que se surgirem mais novidades e nomes que foram do Alto Comando seria muito ruim para o controle deles. Não se conformam com a confissão do Mario Fernandes, classificada por eles de “suicida”. O que esperaram? Que além de potencial assassino se acovardasse? Alguns mais “espertos” do Alto Comando, comentam que o general Fernandes confiou na “anistia”, com a ajuda de Trump, o que lhe deu ousadia e "coragem" para virar chefe do bolsonarismo sem os Bolsonaro. Após o estrago e a incerteza sobre os desdobramentos do atual quadro, a defesa de Mario Fernandes correu a desmenti-lo, mas ele candidamente já havia detalhado o parto do seu plano. Como quem aposta que o acaso vai lhe proteger enquanto ele andar distraído, contou que o plano não passou de "pensamentos digitalizados". Foi como o derramar de um copo d’água sobre o teclado. Como se os seus pensamentos tivessem entornado sobre o computador os seus instintos mais primitivos. Já passou da hora de os oficiais comandantes repensarem os ensinamentos transmitidos para os que ingressam na carreira militar. Enquanto começarem com: “Era uma vez um país ameaçado pelo comunismo, e que foi salvo pelos militares”, pegam um caminho sem volta. A partir dessa premissa são obrigados a continuar mentindo sobre o que já foi apurado à exaustão por historiadores, jornalistas, acadêmicos de modo geral. Precisam começar por: houve um golpe em 1964, que derrubou um presidente eleito democraticamente e jogou o Brasil numa ditadura sanguinária, tendo à frente a cadeia de comando que começava na presidência - preenchida por ditadores -, e desaguava nos porões, lugar dos de menor patente. Ali, pelas mãos de militares, corpos foram massacrados, reputações destruídas e o futuro não existia. Agora que o temos em perspectiva, que permitam, pelo menos, que o 8 de janeiro seja passado a limpo e os seus idealizadores, punidos. O Brasil saiu do mapa da fome. Que saia também do mapa da mentira. Para que não se esqueçam, os réus ouvidos hoje são: Bernardo Romão Correa Neto (coronel), Estevam Theophilo (general da reserva), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere (tenente-coronel) e o único que não é militar: Wladimir Matos Soares (policial federal). Denise Assis avatar Denise Assis Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

Poderão os países tributar os super-ricos?

Poderão os países tributar os super-ricos? Pressões sociais desafiam um grande tabu do neoliberalismo. Os impostos sobre a riqueza voltam a ser considerados, depois de demonizados por décadas. Em Paris, uma escola até há pouco ignorada assumiu a liderança acadêmica desta combate OutrasPalavras Desigualdades Por Simon Kuper Publicado 28/07/2025 às 18:20 - Atualizado 28/07/2025 às 18:35 Boletim Outras Palavras Receba por email, diariamente, todas as publicações do site Email Assinar Por Simon Kuper, no Financial Times | Tradução: Antonio Martins A Escola de Economia de Paris (PSE) fica nos terrenos sombrios do que foi a École Normale Supérieure feminina, escondida na extremidade menos glamourosa da cidade. Fundada apenas em 2006, só oferece cursos de pós-graduação e não pode competir com os US$ 53 bilhões de doações recebidos por Harvard. Ainda assim, é extraordinariamente influente. Sua presidente, Esther Duflo, é vencedora do Prêmio Nobel de Economia. Voltou ecentemente a sua cidade natal, após anos em Harvard. O cofundador da PSE, Thomas Piketty, fez mais que qualquer outro economista para colocar a desigualdade na pauta da profissão. Há duas décadas, ele também orientou a dissertação de mestrado do atual astro da escola, Gabriel Zucman. Tema: saber se impostos altos incentivam os ricos a emigrar. Hoje, Zucman — de aparência juvenil aos 38 anos e vencedor da Medalha John Bates Clark (que costuma anteceder um Nobel) — lidera um movimento para taxar os super-ricos globalmente. O Observatório Fiscal da União Europeia, dirigido por Zucman, organizou em abril, na PSE, uma conferência para a pequena comunidade — porém, global — que se mobiliza em torno desse imposto. Além de economistas, havia representantes do FMI, do governo brasileiro, do partido trabalhista da da Bélgica e uma funcionária da OCDE que participou a título pessoal, como “nerd tributária”.Alunos da PSE mais focados em maximizar lucros entraram de fininho para aproveitar o bufê de almoço parisiense gratuito… A mensagem do evento: os super-ricos pagam menos impostos que pessoas comuns. Zucman e seus seguidores querem mudar isso. Apesar de os palestrantes serem quase todos homens, este campo teórico foi inaugurado por uma mulher. Em 1941, Helen Tarasov, funcionária do Departamento de Comércio dos EUA, coescreveu uma monografia intitulada Quem Paga os Impostos?Demorou quase 80 anos para estimar quanto os super-ricos de fato pagam.”Os bilionários são muito visíveis, exceto nas estatísticas públicas”, disse Lucas Chancel, da Sciences Po, à plateia. Seus rendimentos declarados são modestos, pois sua riqueza vem não do trabalho, mas de participação acionária.Os super-ricos quase nunca pagam muitos impostos sobre essas ações. A maioria é “líquida” o suficiente para deixar os lucros nas empresas, em vez de retirá-los como dividendos tributáveis. (A Amazon, por exemplo, nunca pagou dividendos em dinheiro; a Alphabet só o fez pela primeira vez em 2023). A riqueza cresce sem tributação, muitas vezes oculta em holdings. Como mapeá-la? A partir de 2018, Piketty, Zucman e Emmanuel Saez lideraram um esforço global para medir toda a renda nacional. Isso exigiu cruzar muitas bases de dados distintas: registros de acionistas, declarações fiscais, registros das atividades internacionais de empresas e até as listas de bilionários compiladas pela revista Forbes e outras publicações. Piketty e sua equipe criaram a Base de Dados da Desigualdade Mundial [World Inequality Database (WID)], com contribuições de mais de 200 economistas. Os dados revelaram que os super-ricos são mais ricos e numerosos do que se imaginava. Verificou-se desigualdade é gigantesca na África do Sul, onde o 1% mais rico detém 55% da riqueza nacional. Mas a conferência de abriu foi aberta por apresentações sobre Brasil, Holanda e EUA. As revelações foram supreendentemente simulares. Mostraram padrões parecidos: os super-ricos de quase todos os países pagam menos impostos que os cidadãos comuns. A apresentação de Zucman sobre os EUA foi típica. Entre 2018 e 2020, a alíquota média efetiva de imposto de renda foi de 30,7%, mas os 100 cidadãos mais ricos pagaram pouco mais de 20%. Os favores que eles obtiveram Trump em 2018 pioraram o cenário – porém, o problema é muito mais antigo. Em 2012, Warren Buffett já reclamava que sua secretária trabalhava “tanto quanto ele, e pagava o dobro de impostos”. Não à toa, a riqueza dos 400 norte-americanos mais ricos saltou de 2% para 20% do PIB, a partir de 1982. Os ricos sonegam impostos até depois da morte. “O imposto sobre herança quase desapareceu nos EUA”, disse Zucman. A taxa efetiva paga por herdeiros diretos é 7%, contra 40% da alíquota legal. No Reino Unido, a lógica é similar, segundo Arun Advani. Já o Brasil tem sua desigualdade extrema agravada pelo sistema tributário.Quase metade da arrecadação no país vem de impostos sobre consumo, diz Theo Palomo.Isso penaliza os pobres, que gastam quase toda sua renda. E o Brasil não tributa dividendos — majoritariamente destinados aos ricos. Enquanto os brasileiros comuns pagam uma alíquota efetiva de impostos entre 45-50%, o 1% mais rico paga cerca de 20 pontos percentuais a menos. Zucman afirma que nenhum país tributa efetivamente os super-ricos. Um participante resumiu: “A partir de todas estas apresentações, parece que a solução é taxar bilionários…”. Sua fala foi cortada por risos. Sim, essa é a mensagem. E em breve pode virar política pública. O projeto de Zucman é que todo bilionário pague impostos anuais equivalentes a pelo menos 2% de sua riqueza. Esse, explicou ele, é o patamar em que eles pagariam, ao fim das contas, a mesma alíquota sobre a renda que os demais. Se algum super rico já paga 2% via impostos de renda e outros em seu país, “está tudo certo, não precisa pagar mais”. Se pagar menos, qualquer país onde ele faz negócios poderá cobrar impostos adicionais, até atingir 2%. Por exemplo: Brasil ou França poderiam taxar o fundador da Amazon, Jeff Bezos, cuja empresa é norte-americana mas opera nesses países. “É uma proposta ousada, mas modesta ao mesmo tempo”, disse Zucman. Ele explicou que seu “ponto de partida” foi aprender com o “fracasso” dos impostos sobre riqueza europeus anteriores. Enquanto esses tributos atingiam os milionários, a proposta dele isentaria até quem tem €4,8 milhões (R$ 31,15 milhões, o patamar para entrar no 0,1% mais rico global). Está longe de ser uma revolução bolchevique. Aliás, a alíquota de 2% nem reduziria a desigualdade, já que a riqueza dos bilionários cresce 7% ao ano. Piketty, que apoia o plano do ex-orientando, retruca que é apenas “um primeiro passo útil”. A União Europeia há muito apoia as pesquisas de Zucman. Mas seu grande passo à frente do economista foi dado em 2023, quando o Brasil, anfitrião do G20, convidou-o para apresentar o plano a ministros da Fazenda. O Brasil pressionou até Javier Milei, o presidente ultraliberal da Argentina, a assinar uma declaração: “Com total respeito à soberania tributária, buscaremos cooperar para assegurar que os ultra-ricos sejam efetivamente tributados”.Isso gerou um impulso global modesto. O Brasil levou a proposta ao comitê tributário da ONU e à OCDE. Internamente, o governo brasileiro quer tributar os 141 mil nacionais com renda média acima de R$ 1 milhão (US$ 172 mil). Também planeja taxar dividendos. Na França, a Assembleia Nacional aprovou em fevereiro um imposto de 2% para fortunas acima de €100 milhões. O Senado francês talvez rejeite a “taxa Zucman”, mas o governo quer adotar uma versão mais branda (0,5%). O Reino Unido acabou com o regime “non-dom” (que isentava renda e lucros de estrangeiros), e Zucman está oferecendo sua proposta a integrantes de outros governos europeus. Ele está otimista. Pesquisas mostram amplo apoio popular ao imposto mínimo de 2%. Zucman diz que poucos partidos ousam se opor, pois isso significaria defender “o direito de bilionários pagarem zero”. E mesmo que comece com alíquota baixa, o imposto mínimo pode ser aumentado depois. O imposto global, acrescenta Zucman, funcionará mesmo se EUA, sob Trump, o rejeitarem. Segundo a proposta, os ricos podem ser taxados em qualquer lugar onde operem.Quem fugir para paraísos fiscais pode pagar um “imposto de saída”.Se residentes de longa data na França forem para, por exemplo, para a Suíça, Zucman propõe que continuem sendo taxados por Paris durante anos. Os céticos permanecerão descrentes… Um cenário possível é que países aumentem outros impostos sobre os ricos, sem adotar tributação específica sobre a riqueza. Afinal, como observa Advani, os Estados já têm muita dificuldade em aplicar os impostos atuais. O início pode ser taxar mais intensamente os ganhos de capital e heranças. Isso estaria alinhado com o movimento de Zucman. Piketty, que ouviu todas as exposições atento, subiu ao palco no final para abençoar o movimento. Ele espera uma “onda de reformas”, como em 1910-1940, quando muitos países desenvolvidos adotaram impostos de renda “muito progressivos”. Zombou: “Sempre haverá quem diga: ‘Os ricos são poderosos demais, nada mudará'”.Isso foi verdade por décadas, mas os fatos novos revelam que a PSE é uma adversária formidável. Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, seja nosso apoiador e fortaleça o jornalismo crítico: apoia.se/outraspalavras

Trump, o tarifaço e a política brasileira em aberto

Trump, o tarifaço e a política brasileira em aberto O que realmente enfureceu o presidente dos EUA foi a defesa, pelo Brasil, do multilateralismo e da desdolarização. Atitude da Casa Branca permitiu a Lula recuperar força política, abalou o bolsonarismo e fez do Centrão a principal oposição. Como enfrentá-lo em 2026? OutrasPalavras Descolonizações Por Jean Marc von der Weid Publicado 21/07/2025 às 17:10 Foto: Ricardo Stuckert/Presidência Boletim Outras Palavras Receba por email, diariamente, todas as publicações do site Email Assinar As narrativas são variadas e cada uma mais tresloucada que a outra. Segundo Eduardo “Bananinha” Bolsonaro, o pseudo exilado que tem visto de turista nos EUA, Trump quer intervir no Brasil para “libertar” o seu pai-pai das cruéis perseguições do comunista Xandão. Imagino que se ele já fosse presidente em 2022, os marines teriam desembarcado no Rio de Janeiro para descobrir que a capital é em outro lugar. Ou os paraquedistas teriam saltado em Brasília para acabar com aquela eleição fraudada pela perigosa organização comunista TSE, beneficiando mais um comunista, o Lula. Com esta intervenção salvadora o energúmeno permaneceria no governo, de preferência sem Congresso ou Judiciário atrapalhando. Bananinha se vangloria de ser o responsável pela ameaça de Trump, dada a sua “amizade profunda” com o governante americano. E acrescenta no seu discurso delirante que é bom o STF, o governo Lula, o Congresso e o povo brasileiro descubram rápido a solução para livrar Bolsonaro de seus muitos e comprometedores processos, ficando livre para candidatar-se a presidente no ano que vem. Caso isto não aconteça, Trump poderá adotar formas mais brutais de intervir, inclusive o uso de bombas atômicas. “Estou avisando, o relógio está clicando e o tempo é curto para evitar o desastre”. É mole ou querem mais? As mensagens do Zero 2 já seriam razão suficiente para interná-lo em um hospital psiquiátrico por sofrer de delírios e viver em um universo paralelo só dele. Mas, doidices e megalomanias à parte, há uma lógica perversa nas palavras e no comportamento do filho dileto de Bolsonaro. Em resumo, o cônsul do fascismo brasileiro nos EUA assume orgulhosamente a responsabilidade de levar o presidente do país (ainda) mais poderoso do mundo a ameaçar o Brasil, nas pessoas que representam as instituições da República: o presidente, a Corte Suprema e até o Congresso. Bolsonaro endossa os arreganhos de Trump que EXIGE que cessem as “perseguições” ao seu parceiro. O lema do bolsonarismo (“pátria acima de todos, Deus acima de tudo”) vale somente até a famiglia decidir buscar a pressão da potência do norte para dobrar as instituições brasileiras em seu benefício. Pegou muito mal, como veremos mais adiante. A segunda narrativa a ser estudada é a do próprio Trump, e se a de Bananinha é transparente no seu absurdo, a do presidente americano é dura de entender. O que está escrito na carta de Trump a Lula é, resumidamente, o seguinte: “meu amigo Bolsonaro é objeto de uma ‘caça às bruxas’”. Chamar Bolsonaro de bruxa não deixa de ser um ato falho de Trump, mas a ameaça é absurda do ponto de vista das leis brasileiras e até das americanas. A carta é dirigida a Lula e este não tem qualquer poder para modificar as decisões do STF. Bananinha, atuando como intérprete de Trump, estendeu a ameaça para o Brasil em geral, convocando seja quem for (Congresso, via anistia, STF, suspendendo o processo) a fazer o necessário para livrar o papai. “vocês se aproveitam da generosidade americana e têm ganhos ilegítimos na balança comercial que queremos suspender”. A assessoria da presidência deveria ser demitida por deixar Trump pagar um mico de todo tamanho, já que fazem mais de 15 anos que o Brasil tem déficit na balança comercial com os EUA, somando 415 bilhões de dólares. “vocês estão censurando as big techs e prejudicam empresas americanas”. É verdade que o debate em curso sobre a responsabilização das empresas pela divulgação de conteúdos questionáveis (de fake news a estímulo a crimes ou à violência) representa um controle sobre estas empresas, mas, se for por isso, Trump vai ter que impor sanções ainda mais pesadas à União Europeia que vai na mesma direção. Analistas tanto aqui como nos EUA apontam para outras possíveis causas para o ataque ao Brasil e que não foram ditas na carta. A questão chave para Trump estaria no papel do Brasil nos Brics e na substituição do dólar como moeda comum no mercado internacional. Trump teria ficado furioso com o discurso de Lula na reunião dos Brics e com o de Dilma, que preside o banco do grupo, ambos defendendo o multilateralismo e o fim do dólar como moeda única das transações comerciais internacionais. Para Trump o multilateralismo (seja a tradicional Organização das Nações Unidas ou o neo nato Brics e até a União Europeia) é um estorvo para o poderio internacional americano. Na sua cartilha as relações entre as nações são como disputas entre garotos no recreio do colégio; vence o mais forte ou o mais bruto. “Faço porque posso”, é a consigna afirmada por ele mesmo. Já a questão do papel do dólar, não é o caso de pressionar politicamente para que ele seja usado nas transações comerciais. Trata-se de uma questão de praticidade. Enquanto a economia americana tiver lastro para assegurar a força da sua moeda o seu papel dominante permanecerá, independentemente da vontade do Lula, ou dos dirigentes do Brics. Não há nada que Trump possa fazer em relação ao uso de outras moedas no comércio internacional em acordos entre parceiros. A China já usa sua moeda em trocas com dezenas de países, mas em volumes que não alteram os fluxos e valores globais do dólar. Além disso não podemos esquecer que a China é o maior credor do mundo em moeda americana ou em títulos do tesouro americano, algo entre 3 e 4 trilhões. O Brasil não tem peso na economia internacional para ser um player significativo na substituição da moeda americana, enfraquecida pelo próprio Trump. Por que então atacar o presidente Lula neste quesito? E porque agora? Desde logo, descarto que o objetivo central de Trump tenha sido aquele declarado nas quatro primeiras linhas da carta, ou seja, a defesa do seu “amigo” ou comparsa, Bolsonaro. Trump não deve nem se lembrar da figura patética, trêmula de emoção, que o abordou nos corredores da ONU em Nova Iorque em 2019, balbuciando em mau inglês “I love you”, e batendo continência. Quem levou a Trump o tema da “perseguição” a Bolsonaro? Bannon já não está no círculo íntimo de Trump e ele sempre foi quem deu conversa para os mais variados fascistas em ascensão mundo afora, inclusive Bolsonaro. Seja quem for o intermediário neste momento, não resta dúvida que a razão do ataque não foi Bolsonaro, por mais que ele e Trump tenham em comum as tentativas de golpe de Estado fracassadas e a “perseguição” da justiça em ambos os países. Digamos que Bolsonaro foi a pedra colocada casualmente no estilingue do americano. Ou o saco de esterco jogado no ventilador do Brasil. Um instrumento (quase escrevi estrumento). O segundo movimento dos americanos neste embate não veio de Trump, mas ele deve ter aprovado. O terceiro escalão do governo assumiu corrigir alguns dos erros cometidos na carta, começando por centrar a comunicação em temas comerciais ou correlatos. É algo como o establishment da Casa Branca procurando fazer uma contenção de danos. Ao trazer a discussão para as relações comerciais, especificando queixas em uma dúzia de importações ou exportações americanas, a administração deixou de lado as exigências políticas relativas aos processos contra Bolsonaro. Esta mudança de tom foi vista no Itamaraty como sendo a explicitação do verdadeiro objeto da tempestade em copo d’água. Se for isso, teremos mais um exemplo de ameaças e explosões, bufos e arreganhos, levando a recuos e acordos mais adiante que estamos assistindo desde janeiro. Foi o que chamei, logo nas primeiras semanas do governo Trump, de síndrome de Leão da Metro (dois rugidos e o resto é fita). Na lista das exportações brasileiras citadas pelos técnicos da área comercial do governo americano estão produtos como: álcool, aço, café, laranja, couro, carnes, madeira, celulose, aeronaves, outros. Segundo especialistas, as tarifas cobradas pelo governo brasileiro para todos os produtos importados dos EUA são de apenas 2,75%, em média, muito menores do que aquelas cobradas pelo governo americano sobre as nossas exportações. Em uma primeira avaliação, o único contencioso a discutir é a tarifa sobre as importações de etanol de milho americano pelo Brasil, que são altas como reciprocidade em relação às cobradas sobre o açúcar brasileiro importado pelos americanos. Um acordo reduzindo umas e outras está na ordem do dia das conversas entre os negociadores dos dois países há tempos. O resto das cobranças americanas são um pot-pourri de itens disparatados, do PIX ao comércio popular de rua em São Paulo, desmatamento ilegal (puro cinismo) e outras bobagens. Se todo este auê acabar se resumindo a um acordo sobre exportação de açúcar e importação de etanol a montanha terá parido um rato. Usar o caso Bolsonaro para “colocar o bode na sala”, ou seja, como uma (fraquíssima) moeda de troca, não se justifica. Se o (ou um dos) objetivo do tarifaço for realmente ajudar Bolsonaro, Trump deu um tiro, não no pé, mas muito provavelmente na cabeça do energúmeno, pois o impacto do tarifaço está rachando, isolando e enterrando (esperamos) a famiglia. Com a crescente decadência da consciência e da atividade política no Brasil, a cada ano mais presas em bolhas fechadas e retroalimentadas pelos seus próprios conteúdos, confesso que não esperava a reação generalizada da chamada opinião pública condenando o tarifaço e seus apoiadores. O sentimento patriótico ou de indignação na defesa da honra nacional pareciam fora de moda. A opinião do povo em geral é difícil de entender e captar em muitos casos, sobretudo em temas complexos e com segmentos pouco informados. E a informação tem hoje dois vetores básicos para alimentar a opinião ou opiniões: os tradicionais veículos de mídia convencional (rádio, televisão, jornais, revistas) e as redes sociais, sendo que esta última tem um impacto até cem vezes maior em termo de acessos. Entretanto, a mídia convencional tem um peso maior do que o acesso direto pela população, já que ela produz informação que é utilizada pelas redes sociais e costuma ter credibilidade. No mundo das redes proliferam as fake news e várias formas de distorção da verdade, mas o público está, pouco a pouco, aprendendo a desconfiar. Além destes formadores de opinião, temos um mundo que se cruza com esse, nas relações sociais que intercambiam informação e ideias em igrejas, vizinhança, locais de trabalho, sobretudo as primeiras. Neste caso do tarifaço, as reações iniciais da militância bolsonarista, sempre aguerrida nas redes sociais, foram de euforia e aplauso, contaminando até gente mais escolada como os governadores Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho. Entretanto, em muito pouco tempo um tsunami de condenações varreu as redes sociais em um fenômeno de espontaneidade que ocorre rarissimamente neste espaço. Seguiram-se editoriais de todos os jornais de grande circulação do país, bem como as redes de televisão, todos descendo o cacete no tarifaço, em Trump, em Bolsonaro e no bolsonarismo. Finalmente, com os líderes do bolsonarismo se retratando a ponto de Bananinha insultar e condenar Tarcísio, o próprio Bolsonaro tentou tirar o dele da reta, mas de forma tão canhestra que se afundou mais ainda. Para fechar o caixão as pesquisas desta semana indicam uma condenação a Trump e ao tarifaço por 72% dos pesquisados. O bolsonarismo bovino reduziu-se a 19% dos pesquisados e deve estar derretendo pois a maré de reações contrárias estava só começando no momento desta pesquisa. As condenações não apenas foram veementes como elas descartaram enfaticamente a narrativa bolsonarista apontando o dedo culpado para Lula. Jornais conservadores, como Estadão, Folha de São Paulo e Globo não pouparam a famiglia e Lula aproveitou para surfar na onda nacionalista com maestria, evitando discursos ideológicos contra o imperialismo americano. A abordagem do governo para lidar com a “crise da carta” foi impecável, mobilizando o empresariado em pânico e o Itamaraty para abrir negociações comerciais, enquanto malhava as sucessivas besteiras do bolsonarismo sem dar tempo para reação. Entre parenteses, não deixa de ser cômico o fato de que alguns dos setores econômicos mais identificados com o bolsonarismo, como o agronegócio que foi o grande financiador da tentativa de golpe em 2022/2023, estão entre os mais atingidos pelo tarifaço. As pesquisas mostraram uma pequena mas significativa melhoria da avaliação da opinião pública em relação ao governo Lula, trazendo a diferença entre as avaliações negativa e positiva de 17% para 10%, começando a fechar a “boca do jacaré”. Falta muito para chegar a bombar e dar confiança em uma vitória no pleito do ano que vem, mas a direita está ajudando muito. O conflito rasgado entre o governo e o Congresso sobre o IOF serviu para o governo lançar uma campanha apontando os parlamentares como defensores dos ricos e o governo como defensor dos pobres. Ainda acho que o governo erra o tiro, pois a grande contradição neste caso não é “pobres contra os ricos”, mas “todos contra os super-ricos”, o 1% que controla 50% da riqueza nacional. Entretanto, a campanha foi bem montada e pegou, e o Congresso sentiu o golpe. Ainda de olho nas pesquisas de opinião Lula vetou a lei que ampliava o número de deputados, rejeitada por 85% dos pesquisados. Na sequência, a Câmara resolveu se vingar e votou o uso dos recursos do petróleo para doar 30 bilhões para financiar as dívidas do agronegócio. Este era um recurso que o governo tinha carimbado para fins sociais como educação, saúde, saneamento, habitação. Se o governo souber usar bem a crítica desta decisão, notoriamente antipopular, os nobres deputados vão ficar muito expostos. Todos os analistas concordam que algo mudou no clima político e o governo Lula, já dado por cachorro morto por vários, saiu das cordas e assumiu a ofensiva. Isto não quer dizer que estamos em uma maré irreversível de recuperação de prestígio para Lula e para o seu governo. A ineficiência ainda grassa em vários setores, inclusive no INSS, os tropeços políticos tipo aplaudir os ditadores da América Latina ainda podem se repetir, a idade do Lula pode pregar peças (que todos os orixás nos livrem disso), a corrupção de políticos do governo (embora muitos do Centrão) pode vir a ser denunciada e, por fim mas não por último, a falta de um programa claro e inteligível para a maioria do eleitorado podem matar esta recuperação no nascedouro. Continuo achando que o governo tem que assumir uma postura mais combativa e parece que Lula está indo nesta direção. Limpar o governo da tralha direitista do Centrão vai certamente criar problemas com o Congresso, mas provavelmente não mais do que os que já existem hoje. É preciso agilizar e enxugar a administração para esta reta final mas, sobretudo, vai ser fundamental alinhar uma série de propostas de ação governamental que sejam muito significativas para o povão e para o futuro do país. Certamente a maior parte não vai poder ser realizada em função da oposição do Congresso, mas este vai ser o objeto mais claro da luta política daqui até as eleições. A oposição principal não vai ser com um membro da famiglia Bolsonaro ou um dos seus afilhados. Vai ser contra a maioria do Congresso, mostrando que enquanto o povo votar no Centrão não vai ser possível governar. Se isto ficar claro para uma boa parcela do eleitorado, mesmo uma derrota eleitoral para a Presidência pode não ser o fim do mundo. Precisamos ver o fim desta era em que elegemos políticos de esquerda para aplicar programas de direita, enquanto a identidade do PT, PCdoB, PSB e PDT (a aliança de centro esquerda que sempre compôs as chapas eleitorais de Lula e de Dilma) vai se perdendo no emaranhado do eleitoralismo vulgar. Sem publicidade ou patrocínio, dependemos de você. Faça parte do nosso grupo de apoiadores e ajude a manter nossa voz livre e plural: apoia.se/outraspalavras

sábado, 26 de julho de 2025

Edinho Silva sobre respostas a Trump: ‘Momento do povo brasileiro debater que país nós queremos’ Presidente do PT defende soberania nacional e critica pressão dos EUA por aproximação do Brasil com o Brics

Edinho Silva sobre respostas a Trump: ‘Momento do povo brasileiro debater que país nós queremos’ Presidente do PT defende soberania nacional e critica pressão dos EUA por aproximação do Brasil com o Brics 26.jul.2025 às 14h14 São Paulo (SP) Rodrigo Chagas O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, defendeu nesta sexta-feira (25) que o Brasil reaja com firmeza e autonomia diante da ofensiva do governo de Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre importação produtos brasileiros. Perguntado se o momento histórico e a mobilização popular em defesa da soberania nacional abrem caminho para que o governo dispute com o Congresso uma pauta mais à esquerda – próxima da que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 –, Edinho considerou que a discussão deve partir do povo. “Eu penso que é o momento do governo brasileiro – não só do governo, mas sob a liderança do presidente Lula – do povo brasileiro debater que país nós queremos”, afirmou o dirigente. A declaração foi dada ao Brasil de Fato durante o Ato em Defesa da Soberania Nacional, realizado no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, centro da capital paulista. Edinho, que acaba de assumir a presidência do PT com o apoio do presidente Lula, avaliou que o ataque de Trump também busca minar o protagonismo do Brasil no Brics e outras alianças multilaterais. Para ele, há interesses em jogo quando se trata da atuação brasileira em tecnologias estratégicas e setores como terras raras e o Pix. “Nós não somos um puxadinho dos Estados Unidos”, afirmou. Com trajetória ligada à comunicação e à articulação política, Edinho é visto como figura de conciliação interna no PT e nome-chave na coordenação da possível campanha de reeleição de Lula em 2026. Ao assumir o comando da sigla, afirmou que seu papel será organizar o partido para os desafios do próximo período – e, segundo ele, a defesa da soberania nacional está no centro dessa tarefa. Confira a entrevista na íntegra Brasil de Fato: A ofensiva de Donald Trump contra o Brasil trouxe o tema da soberania para o centro do debate. Que significados essa palavra adquire nesse momento histórico? Edinho Silva: Olha, eu penso que nós estamos vivendo um momento histórico, né? De um ato organizado pelas entidades da sociedade civil, organizado pelas lideranças da sociedade civil brasileira, numa demonstração de defesa da nossa soberania. E eu penso que o nosso governo, o governo do presidente Lula, está acertando. Qual deve ser a postura do Brasil diante das críticas dos EUA? Se o debate é a questão tarifária da relação comercial entre os dois países – onde os Estados Unidos têm um superávit de 400 bilhões de dólares nos últimos 15 anos – então vamos sentar à mesa e vamos negociar, vamos conversar, achar o ponto de equilíbrio. Se é que a questão é essa, né? O diálogo tem que prevalecer. O esforço do governo do presidente Lula é pelo diálogo. Mas se a questão é o direito do Brasil participar dos BRICS, o direito do Brasil construir relações multilaterais, construir relações econômicas que nos dê mais alternativas para as nossas exportações, importações, trocas de tecnologia, acho que esse debate tem que ser feito de forma soberana. O Brasil tem o direito de construir outras relações. Se o debate é o Pix, um modo de pagamento que é um patrimônio do povo brasileiro, gratuito, e que pode estar ferindo interesses das empresas de crédito dos Estados Unidos, eu penso que o Brasil tem que fazer esse debate de forma soberana também. Ninguém tem o direito de dizer de que forma o povo brasileiro realiza seus pagamentos. Se o debate são as terras raras, onde o Brasil tem 25% das reservas mundiais, o Brasil tem que fazer esse diálogo de forma soberana. O que está por trás dessa disputa, na sua avaliação? Eu penso que o Brasil não é um puxadinho dos Estados Unidos. Nós não somos um quintal dos Estados Unidos. Nós somos um país, nós somos um povo, nós somos uma nação – e queremos ser tratados enquanto tal, né? E esse ato diz isso: a defesa da soberania do povo brasileiro, a defesa das nossas instituições. Trata-se de uma oportunidade para que o governo consiga impor a discussão de um programa mais à esquerda, mais próximo do que elegeu o presidente Lula em 2022, e não do que o Congresso Nacional decida como pauta prioritária? Eu penso que é o momento do governo brasileiro – não só do governo, mas sob a liderança do presidente Lula – do povo brasileiro debater que país nós queremos. Não só a questão da renda que o presidente Lula tem colocado, ou seja, acabar com os privilégios e acabar com a renúncia fiscal de 860 bilhões, que muitas vezes não se justifica. Eu digo que nós temos renúncia fiscal ad aeternum no Brasil. A renúncia fiscal muitas vezes se justifica para que uma cadeia produtiva se organize, se firme comercialmente, se firme economicamente. Mas não existe nenhum lugar do mundo que tem renúncia fiscal ad aeternum. Quando a renúncia fiscal é permanente, quem paga a conta é o povo brasileiro. Porque a educação tem que funcionar, a saúde tem que funcionar, a segurança pública tem que funcionar. E se nós não estamos arrecadando, se as empresas não estão contribuindo, quem está contribuindo é o povo. Se tem empresa não pagando tributo, ou pagando indevidamente, quem paga é quem compra o pãozinho, o arroz, o feijão, o medicamento. Nós não queremos um país de privilégios – queremos um país de igualdade de oportunidades. Então esse debate está colocado. E agora, o debate da soberania nacional. Nós não seremos submissos a nenhum país do mundo. Queremos dialogar de forma igualitária com todos os países, mas submissão, não. Porque nós não somos um povo submisso. Nós não somos um país submisso. Editado por: Camila Salmazio

domingo, 13 de julho de 2025

"Barroso diz em carta que tarifa de Trump se baseia em 'compreensão imprecisa dos fatos'

Barroso diz em carta que tarifa de Trump se baseia em 'compreensão imprecisa dos fatos'; leia íntegra Presidente do STF ainda disse que diferentes visões de mundo 'não dão direito a ninguém de torcer a verdade'. Barroso ainda afirmou que julgamento contra ex-presidente ainda não foi concluído e que ele pode ou não ser incriminado. Por Delis Ortiz, TV Globo e g1 — Brasília 13/07/2025 21h42 Atualizado há 14 minutos MinistroLuís Roberto Barroso, do STF — Foto: STF/Reprodução MinistroLuís Roberto Barroso, do STF — Foto: STF/Reprodução O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, publicou neste domingo (13) uma carta pública em defesa da democracia e chamou os argumentos do governo americano para o tarifaço de "compreensão imprecisa" dos fatos ocorridos nos últimos anos. (Veja íntegra da carta abaixo) "Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos", afirmou Barroso. O ministro ainda disse que que diferentes visões de mundo "não dão direito a ninguém de torcer a verdade". "As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram", afirmou Barroso. Esta é a primeira manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito do anúncio feito por Donald Trump e que culpa justamente a corte de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na carta, Barroso citou o histórico de tentativas de ruptura institucional ocorridas nos últimos 90 anos no país – incluindo o golpe de 1964 – e, sem seguida, episódios ocorridos a partir de 2019, como: a tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília; a tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF); as acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial; e a tentativa de golpe que, segundo a Procuradoria-Geral da República, incluía o plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Ao lado das outras instituições, como o Congresso Nacional e o Poder Executivo, o Supremo Tribunal Federal tem desempenhado com sucesso os três grandes papeis que lhe cabem: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado democrático de direito e proteger os direitos fundamentais". Julgamento do golpe Barroso ainda afirmou que o STF vai fazer o julgamento da denúncia da tentativa de golpe de Estado "com independência e com base nas evidências". E complementou: "Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito", afirmou. Barroso ainda contrapôs os argumentos da carta de Trump sobre ataques a liberdade de expressão dizendo que quem não viveu períodos de ditadura não sabe o que é "falta de liberdade, tortura, desaparecimentos forçados e perseguição a juízes", como aconteceu no Brasil ao longo de sua história. "No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório". Veja íntegra da carta Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos. Cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia – não ao Judiciário – conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos. Passada a reação inicial, considero de meu dever, como chefe do Poder Judiciário, proceder à reconstituição serena dos fatos relevantes da história recente do Brasil e, sobretudo, da atuação do Supremo Tribunal Federal. As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade. Para que cada um forme a sua própria opinião sobre o que é certo, justo e legítimo, segue uma descrição factual e objetiva da realidade. Começando em 1985, temos 40 anos de estabilidade institucional, com sucessivas eleições livres e limpas e plenitude das liberdades individuais. Só o que constitui crime tem sido reprimido. Não se deve desconsiderar a importância dessa conquista, num país que viveu, ao longo da história, sucessivas quebras da legalidade constitucional, em épocas diversas. Essas rupturas ou tentativas de ruptura institucional incluem, apenas nos últimos 90 anos: a Intentona Comunista de 1935, o golpe do Estado Novo de 1937, a destituição de Getúlio Vargas em 1945, o contragolpe preventivo do Marechal Lott em 1955, a destituição de João Goulart em 1964, o Ato Institucional nº 5 em 1968, o impedimento à posse de Pedro Aleixo e a outorga de uma nova Constituição em 1969, os anos de chumbo até 1973 e o fechamento do Congresso, por Geisel, em 1977. Levamos muito tempo para superar os ciclos do atraso. A preservação do Estado democrático de direito tornou-se um dos bens mais preciosos da nossa geração. Mas não foram poucas as ameaças. Nos últimos anos, a partir de 2019, vivemos episódios que incluíram: tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília; tentativa de invasão da sede da Polícia Federal; tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF); acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial; mudança de relatório das Forças Armadas que havia concluído pela ausência de qualquer tipo de fraude nas urnas eletrônicas; ameaças à vida e à integridade física de Ministros do STF, inclusive com pedido de impeachment; acampamentos de milhares de pessoas em portas de quarteis pedindo a deposição do presidente eleito. E, de acordo com denúncia do Procurador-Geral da República, uma tentativa de golpe que incluía plano para assassinar o Presidente da República, o Vice e um Ministro do Supremo. Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina. As ações penais em curso, por crimes diversos contra o Estado democrático de direito, observam estritamente o devido processo legal, com absoluta transparência em todas as fases do julgamento. Sessões públicas, transmitidas pela televisão, acompanhadas por advogados, pela imprensa e pela sociedade. O julgamento ainda está em curso. A denúncia da Procuradoria da República foi aceita, como de praxe em processos penais em qualquer instância, com base em indícios sérios de crime. Advogados experientes e qualificados ofereceram o contraditório. Há nos autos confissões, áudios, vídeos, textos e outros elementos que visam documentar os fatos. O STF vai julgar com independência e com base nas evidências. Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito. Para quem não viveu uma ditadura ou não a tem na memória, vale relembrar: ali, sim, havia falta de liberdade, tortura, desaparecimentos forçados, fechamento do Congresso e perseguição a juízes. No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório. Como todos os Poderes, numa sociedade aberta e democrática, o Judiciário está sujeito a divergências e críticas. Que se manifestam todo o tempo, sem qualquer grau de repressão. Ao lado das outras instituições, como o Congresso Nacional e o Poder Executivo, o Supremo Tribunal Federal tem desempenhado com sucesso os três grandes papeis que lhe cabem: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado democrático de direito e proteger os direitos fundamentais. Por fim, cabe registrar que todos os meios de comunicação, físicos e virtuais, circulam livremente, sem qualquer forma de censura. O STF tem protegido firmemente o direito à livre expressão: entre outras decisões, declarou inconstitucionais a antiga Lei de Imprensa, editada no regime militar (ADPF 130), as normas eleitorais que restringiam o humor e as críticas a agentes políticos durante as eleições (ADI 4.1451), bem como as que proibiam a divulgação de biografias não autorizadas (ADI 4815). Mais recentemente, assegurou proteção especial a jornalistas contra tentativas de assédio pela via judicial (ADI 6792). Chamado a decidir casos concretos envolvendo as plataformas digitais, o STF produziu solução moderada, menos rigorosa que a regulação europeia, preservando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de empresa e os valores constitucionais. Escapando dos extremos, demos um dos tratamentos mais avançados do mundo ao tema: conteúdos veiculando crimes em geral devem ser removidos por notificação privada; certos conteúdos envolvendo crimes graves, como pornografia infantil e terrorismo devem ser evitados pelos próprios algoritmos; e tudo o mais dependerá de ordem judicial, inclusive no caso de crimes contra honra. É nos momentos difíceis que devemos nos apegar aos valores e princípios que nos unem: soberania, democracia, liberdade e justiça. Como as demais instituições do país, o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo.

Boa noite 247 - STF vê golpe articulado por Tarcísio e aliados para faci...

União nacional contra o tarifaço de Trump em defesa do Brasil, da democracia e da reeleição de Lula

União nacional contra o tarifaço de Trump em defesa do Brasil, da democracia e da reeleição de Lula Não há espaço para neutralidade diante de um ataque dessa gravidade 12 de julho de 2025, 15:54 h 177 Partilhas whatsapp-white sharing button 30twitter-white sharing button 32facebook-white sharing button 52email-white sharing button 2copy-white sharing button A decisão unilateral de Donald Trump de impor tarifas de 50% contra todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos representa um inédito e frontal ataque aos interesses nacionais e à soberania do país. Em gesto inequívoco de arrogância imperialista, Trump interfere em assuntos internos do Brasil para livrar seu protegido, Jair Bolsonaro, de afinal responder por seus crimes. Bolsonaro fez todo tipo de coação para viciar as eleições de 2022. Ad loading Derrotado nas urnas, conspirou para impedir com um golpe militar a posse do vitorioso, o que incluiu plano de assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. A morte de Gilmar Mendes chegou também a ser cogitada. O tarifaço é uma ação assumidamente política, dirigida a enfraquecer o governo legítimo e legal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante desse ato hostil, não cabem tergiversações. O país precisa reagir não com divisão, mas com unidade. Deve superar disputas aceitáveis em conjunturas menos críticas. É hora de união contra o inimigo externo e seus agentes internos, os traidores da pátria, a seu serviço. É hora de um verdadeiro pacto nacional em defesa da pátria, da liberdade e da democracia. O Brasil precisa compreender que está sendo atacado não apenas em sua economia, mas, acima de tudo, em seus princípios mais fundamentais: a soberania popular, a independência nacional e o direito de decidir livremente seu destino. O presidente Lula, com equilíbrio e firmeza, já demonstrou que está à altura da responsabilidade histórica que lhe cabe. Sua longa trajetória internacional e o prestígio que reconquistou para o Brasil no cenário global o capacitam a articular uma resposta estratégica e soberana, tanto nos fóruns multilaterais quanto no comércio bilateral. Mais do que nunca, é essencial que os diferentes setores políticos e sociais compreendam que a defesa do governo Lula neste momento é, antes de tudo, a defesa do interesse nacional. Não há espaço para neutralidade diante de um ataque dessa gravidade. É tempo de união em torno de um projeto de país que recuse a submissão aos arreganhos de um tiranete estrangeiro em flerte aberto com a intervenção colonial. Desde a expulsão das últimas tropas portuguesas que resistiram à independência, o Brasil não enfrentava ato mais claro de guerra contra sua soberania. Em honra do sangue derramado pelos heróis da independência brasileira, é necessário contra-atacar. Essa reação deve enviar a mensagem mais clara e efetiva, na linguagem que todos entendam. Deve ferir o inimigo, frustrar suas ameaças e extirpar o tumor da traição que, disfarçada, ainda conspira contra a nação no interior da sociedade brasileira. A resposta está nas mãos do povo, de suas instituições e de suas lideranças. Reeleger Lula, neste cenário, não é apenas garantir a continuidade de um governo democrático, é afastar de vez qualquer ameaça existencial à autonomia do país. Está em jogo o direito do Brasil de decidir por si mesmo, sem pressões externas, sem chantagens, sem ameaças. Frente ao tarifaço de Trump e à infame traição bolsonarista ao país, o Brasil deve se unir. Deve enfeixar uma ampla aliança em defesa de sua soberania, de sua economia, de seu povo, de sua democracia. À luz da disputa que apenas se inicia, o país deve ter como referência a figura que, neste momento, por sua posição e história, além de preferências particulares, é capaz de encarnar os interesses e os ideais da nação ameaçada: o presidente Lula. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247

sexta-feira, 11 de julho de 2025

"É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo"

Em artigo publicado em grandes jornais de 10 países, Lula critica tarifaços e exalta multilateralismo "É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo" 11/07/2025 | 10h05 Compartilhe Em artigo publicado em grandes jornais de 10 países, Lula critica tarifaços e exalta multilateralismo O presidente Lula publicou artigo em grandes jornais de 10 países sobre a necessidade de construir uma nova ordem mundial, diante do desgaste do modelo que vigorava desde o fim da Segunda Guerra Mundial. No texto, ele dá exemplos de desgaste do antigo modelo, critica a aplicação da lei do mais forte entre as nações e aponta o multilateralismo como única saída. O artigo do presidente brasileiro foi publicado no Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido), Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarin (Argentina) e La Jornada (México). O ICL Notícias publica a seguir o texto do presidente Lula: lula, brics (Ricardo Stuckert/PR) Não há alternativa ao multilateralismo O ano de 2025 deveria ser um momento de celebração dedicado às oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional construída a partir de 1945 desmoronou. As rachaduras já estavam visíveis. Desde a invasão do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores mais basilares da humanidade. A incapacidade de superar diferenças fomenta nova escalada da violência no Oriente Médio, cujo capítulo mais recente inclui o ataque ao Irã. A lei do mais forte também ameaça o sistema multilateral de comércio. Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada e ninguém se recorda da Rodada de Desenvolvimento de Doha. O colapso financeiro de 2008 evidenciou o fracasso da globalização neoliberal, mas o mundo permaneceu preso ao receituário da austeridade. A opção de socorrer super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios aprofundou desigualdades. Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões acumulados pelo 1% mais rico do planeta é equivalente a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza no mundo. O estrangulamento da capacidade de ação do Estado redundou no descrédito das instituições. A insatisfação tornou-se terreno fértil para as narrativas extremistas que ameaçam a democracia e fomentam o ódio como projeto político. Muitos países cortaram programas de cooperação em vez de redobrar esforços para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Os recursos são insuficientes, seu custo é elevado, o acesso é burocrático e as condições impostas não respeitam as realidades locais. Não se trata de fazer caridade, mas de corrigir disparidades que têm raízes em séculos de exploração, ingerência e violência contra povos da América Latina e do Caribe, da África e da Ásia. Em um mundo com um PIB combinado de mais de 100 trilhões de dólares, é inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas continuem passando fome e vivam sem eletricidade e água. Os países ricos são os maiores responsáveis históricos pelas emissões de carbono, mas serão os mais pobres quem mais sofrerão com a mudança do clima. O ano de 2024 foi o mais quente da história, mostrando que a realidade está se movendo mais rápido do que o Acordo de Paris. As obrigações vinculantes do Protocolo de Quioto foram substituídas por compromissos voluntários e as promessas de financiamento assumidas na COP15 de Copenhague, que prenunciavam cem bilhões de dólares anuais, nunca se concretizaram. O recente aumento de gastos militares anunciado pela OTAN torna essa possibilidade ainda mais remota. Os ataques às instituições internacionais ignoram os benefícios concretos trazidos pelo sistema multilateral à vida das pessoas. Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições. Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras. Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum. Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria. O mundo de hoje é muito diferente do de 1945. Novas forças emergiram e novos desafios se impuseram. Se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete a atualidade. Ações unilaterais e excludentes são agravadas pelo vácuo de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas refundá-lo sob bases mais justas e inclusivas. É este entendimento que o Brasil – cuja vocação sempre será a de contribuir pela colaboração entre as nações – mostrou na presidência no G20, no ano passado, e segue mostrando nas presidências do BRICS e da COP30, neste ano: o de que é possível encontrar convergências mesmo em cenários adversos. É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro. Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta. Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República do Brasil

terça-feira, 10 de junho de 2025

BOLSONARO SE INCRIMINA, FALTA APENAS A SENTEÇA E ASSINAR A NOTA DE CULPA

Bolsonaro se incrimina 'A tentativa de golpe foi confirmada por quem mais teria interesse em negá-la', escreve o colunista Oliveiros Marques 10 de junho de 2025, 18:14 h 166 Partilhas whatsapp-white sharing button 3twitter-white sharing buttonfacebook-white sharing button 163email-white sharing buttoncopy-white sharing button 🇬🇧 English Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Jair Bolsonaro Jair Bolsonaro (Foto: Fellipe Sampaio/STF) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Bolsonaro deveria ter optado pelo silêncio. A análise de discurso de todo o seu depoimento o coloca, a passos largos, rumo a um dos corredores da Papuda. A síntese perfeitamente clara - tanto do que disse quanto do que deixou de dizer - é que, sim, o Brasil viveu momentos à beira de uma ruptura com o Estado Democrático de Direito. Um golpe. Como se estivesse prestando depoimento a três surdos e cegos, e como se a audiência em rede nacional fosse composta apenas por imbecis, Bolsonaro admitiu com absoluta naturalidade ter realizado reunião com comandantes das Forças Armadas, na qual foi discutida a minuta do golpe. Com direito à projeção em uma televisão, segundo suas próprias palavras. A tentativa de golpe, portanto, foi confirmada por quem mais teria interesse em negá-la. Ad loading Mas ele foi além. Confessou também que o estado de sítio - ou a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), e portanto o avanço do golpe - só não prosperou porque não encontrou apoio suficiente entre setores militares, que foram ouvidos por ele, e de parte da sociedade civil. Apesar de tentar transformar o banco dos réus do Supremo Tribunal Federal em uma extensão do seu “cercadinho”, posando de bom moço e tentando suavizar seus modos grotescos, o ex-presidente se embaraçou. Ao não negar nenhum conteúdo da acusação, acabou reforçando a tese da Procuradoria-Geral da República que sustenta sua culpa. Ele reconheceu, inclusive, que houve conversas golpistas após o resultado das eleições - resultado que se recusava a “entubar”. Disse que eram reuniões informais. Ora, o presidente da República é presidente 24 horas por dia. Não existe “informalidade” em encontros com autoridades, ainda mais realizados em espaços oficiais. E muito menos quando essas reuniões são convocadas e conduzidas exclusivamente com representantes das Forças Armadas. E, diferente do que declarou em Ceilândia, durante a campanha de 2022 - quando, em relação a uma menina de 14 anos, afirmou que “pintou um clima”, numa clara e repugnante alusão sexual -, em seu depoimento ao STF disse que “não havia clima” para o golpe. O subtexto dessa fala é revelador: ou seja, se “houvesse clima”, a minuta teria virado decreto e sido assinada. Mais uma vez, ele próprio confirma a tentativa de golpe. Usando da retórica para se proteger, afirmou que militares não cumprem ordens ilegais. Vá dizer isso para D. Pedro II, para Getúlio Vargas e para João Goulart. A verdade é que, desta vez, o tecido social brasileiro se mostrou mais firme do que em outros tempos - e esse, provavelmente, foi o fator decisivo ponderado na tal reunião com os comandantes militares, que fez com que o golpe parasse na tentativa. * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

"SABEM QUE ESTÃO CONDENADOS'

"Sabem que estão condenados", diz Kakay sobre Bolsonaro e cúmplices da quadrilha golpista Advogado analisa defesas de Ramagem e Mauro Cid em envolvimento em tentativa de golpe e explica panorama juridico do julgamento no STF Créditos: Sergio Dutti/UOL/Folhapress Alice Andersen Por Alice Andersen Escrito en POLÍTICA el 10/6/2025 · 12:00 hs Comparta este artículo Receber Notificações Push Em entrevista ao Jornal da Fórum nesta segunda-feira (9), o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, falou sobre o primeiro dia dos interrogatórios de defesa no julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo Mauro Cid e Alexandre Ramagem, acusados de tentativa de golpe de Estado. O advogado expressou surpresa com a linha adotada pelos defensores, destacando a falta de uma discordância da ocorrência do crime. Conhecido por sua longa trajetória na defesa de réus em cortes superiores, Kakay destacou a particularidade dessa fase processual. Questionado sobre sua percepção do desenrolar do julgamento, afirmou ter acompanhado de perto a fase dos interrogatórios e explicou a diferença crucial entre o depoimento de uma testemunha e o de um réu no processo penal brasileiro. "O interrogatório é a única fase no processo penal brasileiro em que o réu tem fala. Ele faz a própria defesa, né? Todo o tempo do processo, quem produz a defesa são os advogados, a defesa técnica", disse. O criminalista ressaltou que, enquanto a testemunha é obrigada a responder sobre fatos de seu conhecimento, o réu no Brasil tem o direito de não produzir provas contra si e pode, inclusive, mentir. "É muito difícil você ver o interrogatório de um réu que seja absolutamente importante para poder absorver a pessoa. Por quê? Porque o réu vai pra lá falar que é inocente mesmo, essa é a regra." Sobre o depoimento de Mauro Cid, que é delator no processo, Kakay avaliou que foi “técnico, muito bom e bastante razoável para a manutenção” da delação. Ele minimizou episódios como o nervosismo do réu ao ser questionado sobre o uso de redes sociais, dizendo que, para o conjunto probatório, isso é “zero relevante”. O criminalista observou um clima de tensão entre os advogados de defesa: “Todo mundo sabe de que os clientes estão condenados agora. Espero que eles tenham feito bons honorários iniciais e não honorários de êxito” A apatia observada entre os defensores está ligada à força das provas e à dificuldade de sustentar teses de inocência diante de fatos já consolidados, segundo Kakay. “O que mais me impressionou até agora é que eu não vi nenhum daqueles advogados ali, alguns com bastante experiência, alguns chegarem lá e partirem pra cima do Ministério Público pra dizer que isso é um absurdo, é uma falácia, uma interpretação absolutamente marginal." "Oito advogados assumiram a tribuna, nenhum negou o crime. Nenhum advogado sentou lá e falou, isso é um absurdo, não houve crime, isso é uma falácia, meu cliente é inocente, porque o crime não ocorreu. Nada. O que eles fizeram foi, com respeito todo que tem pela advocacia, na ampla defesa, foi tentar mostrar que, de alguma forma, a pessoa que ele tava defendendo não participou do ato em si" Para ele, muitos profissionais têm dificuldade em assumir a defesa de acusados em casos tão sensíveis, especialmente quando há um viés democrático envolvido. “É difícil você advogar num momento deste do Brasil, em que quase tivemos um golpe, e você advogar sendo um democrata e pegar e subir na tribuna do Supremo Tribunal, que foi depredado, que o relator falou não era pra soltar as demais autoridades, mas você ficaria preso, que tinha um golpe pra matar, pelo menos o presidente da República e o ministro supremo, que tinha uma tentativa de fechar o Supremo Tribunal, como é que você vai assentar?” Kakay trouxe à tona um caso de experiência própria. "Não estou criticando, só comentando. Desde o primeiro momento, nós optamos no escritório por não pegar nenhum, ninguém que está envolvido de 8 de janeiro, ninguém. Fomos procurados por empresários, no momento X específico, exatamente porque eu sei que eu não poderia fazer essa entrega visceral pra causa." Ainda refletindo sobre a postura dos advogados na tribuna do STF, ele relembrou casos em que alguns defensores tentaram adotar uma linha mais agressiva, mas perderam o tom técnico: “Teve momentos nesse processo em que certo advogado chegou a dizer que os ministros do Supremo eram os mais odiados do Brasil. Nenhuma técnica, entendeu?” Condenação é certa A previsão é que as penas para os líderes da organização criminosa possam chegar a até 32 anos de prisão, considerando o volume e a gravidade das provas, de acordo com Kakay. “O processo penal que tá sendo feito nesse núcleo social, ele é abundante de provas que foram encontrados em computadores, em telefones, provas testemunhais, ou seja, o processo está cumprindo o rito democrático normal do processo penal democrático.” "É importante acompanhar esses interrogatórios agora, até porque o cidadão está no desespero, sabe que até meio de agosto ele vai estar condenado a 30 anos, provavelmente cadeia, 28, 30, 32. Porque, veja bem, se o cara que estava lá fazendo a bucha de canhão, tentando ajudar o golpe, foi condenado a 14, porque são cinco crimes, pena menor em cada um, somado em concurso dá 12, 14, 16, você imagine agora onde estão os líderes da organização criminosa", observa. O julgamento em curso de todos os golpistas é um momento singular no país, tanto pela importãncia histórica para um país marcado por golpes ao longo de sua história quanto pela defesa diante da justiça mais alta do país. “Você vai assumir a tribuna do Supremo e o golpe é fechar o Supremo. Entendeu? Talvez venha daí a sua perplexidade”, completou o advogado

segunda-feira, 9 de junho de 2025

BOLSONARO NO BANCO DOS RÉUS É "MOMENTO HISTÓRICO"

Bolsonaro no banco dos réus é "momento histórico", diz Gleisi "Que nunca mais voltem a ameaçar o país e a democracia”, adverte a ministra 09 de junho de 2025, 08:31 hAtualizado em 09 de junho de 2025, 09:10 h 55 Partilhas whatsapp-white sharing button 8twitter-white sharing button 7facebook-white sharing button 40email-white sharing buttoncopy-white sharing button 🇬🇧 English Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Gleisi Hoffmann Gleisi Hoffmann (Foto: Gil Ferreira/SRI) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Otávio Rosso avatar Conteúdo postado por: Otávio Rosso 247 - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), destacou a relevância histórica do julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que dá um passo importante nesta segunda-feira (9) com os depoimentos dos integrantes do “núcleo 1” da trama golpista, incluindo o ex-presidente. As audiências seguirão até sexta-feira (13) e representam o desfecho da etapa de instrução final do processo sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. “Nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro estará sentado no banco dos réus, que é o lugar dele no estado democrático de direito. No STF, será interrogado na ação penal que responde com seus cúmplices pela tentativa de golpe contra a posse do presidente Lula, eleito em 2022”, disse Gleisi. Play Video A ministra apontou para a hipocrisia de Bolsonaro, que teve todas as garantias do devido processo legal, ao contrário do que teria em uma eventual ditadura. “Bolsonaro teve e terá, ao longo da ação, todas as garantias do devido processo legal, diferentemente do que acontece nas ditaduras que ele defende e tentou impor novamente ao Brasil. O julgamento de seus crimes é a melhor resposta às mentiras que ele, seus familiares e cúmplices espalham pelo mundo, difamando o Brasil, em busca de uma intervenção estrangeira na Justiça e na política em nosso país”, criticou. Gleisi concluiu afirmando que o julgamento é um “momento histórico”. “Estarão junto com ele, no banco dos réus, a violência política, o discurso de ódio, a rede de mentiras e todos os recursos que a extrema-direita empregou para usurpar o poder. É um momento histórico que vamos presenciar, para que nunca mais voltem a ameaçar o país e a democracia”, completou.

domingo, 8 de junho de 2025

LULA É LÍDER MUNDIAL CONSAGRADO EM AMBIENTE DOMÉSTICO DESAFIADOR

Lula é um líder mundial consagrado em ambiente doméstico desafiador O mesmo Lula que é reverenciado em Paris enfrenta uma realidade distinta em seu próprio país – e isso se deve ao cerco midiático contra sua reeleição 08 de junho de 2025, 02:51 h 207 Partilhas whatsapp-white sharing button 39twitter-white sharing button 18facebook-white sharing button 124email-white sharing button 7copy-white sharing button A recente visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França foi mais do que uma demonstração de diplomacia: foi a consagração de uma liderança mundial. Nenhum outro brasileiro, em nenhum tempo, desfrutou de tamanho prestígio internacional. Recebido com honras pelo presidente Emmanuel Macron, Lula não apenas consolidou laços políticos e econômicos com um dos principais países da União Europeia, mas também foi alvo de reverências raras no cenário global. Lula foi homenageado pela prestigiada Academia Francesa, uma instituição guardiã da cultura e do pensamento franceses. Também recebeu distinções da Universidade de Paris e da prefeita da capital, Anne Hidalgo, que o qualificou como um símbolo global da justiça social e da luta contra a desigualdade. Tais homenagens não são apenas protocolares — elas refletem o reconhecimento de um estadista cuja trajetória inspira além das fronteiras nacionais. Play Video Paradoxalmente, o mesmo Lula que é reverenciado em Paris enfrenta uma realidade distinta em seu próprio país. As duas pesquisas mais recentes — tanto da Genial/Quaest quanto da AtlasIntel — apontam para uma piora na avaliação de seu governo. A aprovação caiu nos dois levantamentos, acompanhada por um avanço de hipotéticos adversários nas intenções de voto para a eleição presidencial de 2026. O presidente, que no início do mandato parecia consolidar uma ampla frente de apoio, agora vê-se diante de um ambiente político potencialmente mais hostil. O paradoxo torna-se ainda mais evidente diante dos bons indicadores econômicos. O Brasil registra crescimento acima das expectativas, com avanço do PIB, distribuição de renda mais justa, valorização do real, queda da inflação, num contexto de responsabilidade fiscal e forte geração de empregos. Ainda assim, tais dados positivos parecem não se converter, ao menos por ora, em capital político tranquilizador. Essa desconexão aponta para algo mais profundo: a formação de um cerco oposicionista que não se limita à crítica política, mas que busca minar, desde já, a viabilidade de uma eventual reeleição. O bolsonarismo, mesmo sem liderança formal e enfrentando impasses judiciais, permanece como um polo mobilizador nas redes e nas ruas. E há ainda a ação do consórcio de setores da elite econômica e da mídia hegemônica que nunca aceitaram o retorno de Lula ao Planalto. É necessário dizer com clareza: Lula merece todas as homenagens que recebeu em Paris. Nenhum outro brasileiro é tão reconhecido e celebrado internacionalmente quanto ele — e talvez jamais venha a ser. Mas o desafio que se impõe a ele agora é outro: fazer com que o Brasil enxergue o que o mundo já reconhece. As condições para isso estão dadas. Se Lula quiser transformar prestígio internacional em força política interna, será preciso mais do que indicadores positivos — será necessária comunicação direta, enfrentamento firme das forças antidemocráticas e reconstrução de pontes com os setores que hoje se mostram indiferentes ou críticos. Bons índices são importantíssimos. Não são, porém, suficientes para a vitória numa campanha que se anuncia feroz, marcada pelas práticas criminosas dos adversários. O fator decisivo para a vitória será conseguir pôr em ação instrumentos políticos capazes de unir os democratas contra o fascismo numa frente a mais ampla possível. Igualmente, será necessário energizar os setores sociais na defesa das conquistas obtidas. Na cadeira de presidente, Lula dispõe de meios para engajar a sociedade em favor das transformações que traduzem este seu terceiro mandato. É pelo aprofundamento das mudanças que se justifica uma nova postulação presidencial. O tempo joga a favor ou contra, a depender da conduta a ser adotada. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247

sábado, 31 de maio de 2025

DE AUSCHWITZ A GAZA

De Auschwitz a Gaza Gaza foi transformada no maior campo de concentração a céu aberto jamais conhecido pela humanidade 31 de maio de 2025, 13:15 h
Israel já assassinou mais de 16.500 crianças em Gaza durante o genocídio Israel já assassinou mais de 16.500 crianças em Gaza durante o genocídio (Foto: Reuters) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Gaza foi transformada no maior campo de concentração a céu aberto jamais conhecido pela humanidade. Um inimaginável “corredor da morte” onde o povo palestino, mais da metade crianças, aguarda a condenação sem sursis ditada pelo inimigo luciferino assustadoramente belicoso e perverso. E, na mesma medida, covarde. O governo sionista de Israel promove, há meses, sob as vistas cegas da comunidade internacional, cínica, uma declarada limpeza étnica. Nesse verdadeiro “campo de concentração e extermínio” os desgraçados não caminham com seus próprios pés para as câmaras de gás a que eram condenadas as vítimas do nazismo: são destroçados pelas bombas do moderníssimo exército do Estado de Israel, fundado em 1947 sob os auspícios da ONU exatamente para garantir um lar ao povo sobrevivente do holocausto. Como os judeus de ontem, os palestinos de hoje não têm condições de defesa; mas sobre eles (como se a fome, o vilipêndio e o roubo de suas terras não fossem suficientes) um poderoso exército – aviões supersônicos, drones, mísseis, tanques de guerra e toda sorte de artilharia – vomita bombas. Trata-se de um genocídio operado às claras e à sombra da iniquidade moral de uma comunidade internacional que a tudo assiste impassível. Ao contrário dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, as vítimas de hoje não podem sonhar com a libertação do Exército Vermelho, que em janeiro de 1945 avançou sobre a Polônia a caminho de Berlim. Ninguém marcha em seu socorro. Estão abandonadas “à própria sorte”, que se tem revelado madrasta. Os que escaparem do cerco de Gaza já estão condenados à ausência de futuro: sem pátria e sem terra, não terão para onde ir. São pobres, e não dispõem de uma cadeia de proteção espalhada pelo mundo; são os novos condenados da terra. Sem “salvação prometida”, foram condenados ao desterro, caminharão sem destino, desfeitos os sonhos, perdidas as esperanças mais modestas. Em 1947, a Palestina, então ocupada por 600 mil judeus e 1,3 milhão de árabes (dos quais cerca de 700 mil palestinos foram expulsos), seria partilhada para que ali se instalassem dois Estados, um judeu (o futuro Estado de Israel) e outro árabe. O primeiro se estabeleceu, e sabe-se o que é ele hoje. O outro, passados 78 anos, aguarda o reconhecimento internacional que lhe é negado. Lideram a recusa os EUA e sua coorte: Reino Unido, Alemanha e a maioria da União Europeia. Israel ocupa e bloqueia os territórios palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e de Gaza, onde deita e rola desde a invasão de 1967, no curso da “Guerra dos Seis Dias”. Os palestinos de Gaza são um povo cativo em um país ocupado para ser destruído, hermeticamente bloqueado, privado de combustível, eletricidade, água, alimentos e remédios, com sua infraestrutura civil destruída, as escolas postas abaixo, e os hospitais à mercê dos bombardeios. As estimativas falam em algo como 35 e 45 mil vítimas civis. Mais de 15 mil crianças já morreram, e a ONU adverte que outras, mais de 15 mil bebês, ainda podem morrer se o governo de Israel continuar bloqueando a entrada de alimentos e remédios. A propósito, o insuspeitíssimo Estadão (29/5/25), claramente vinculado aos interesses da direita internacional, reproduz matéria de agência de notícias estrangeira sob o seguinte título: “Palestinos famintos invadem centro de distribuição de comida”. Abaixo estampa foto de multidão de jovens e velhos, todos famélicos, disputando uma cuia de farinha ou um naco de pão. Enquanto a comunidade internacional se omite, e o sionismo aplaude os crimes de guerra, Ehud Olmert, ex-primeiro ministro de Israel (2006-2009), define a política sionista como “perversa, maliciosa e irresponsável”. É preciso ouvi-lo: “Netanyahu, tipicamente, tenta obscurecer o tipo de ordens que vem dando, a fim de se esquivar de responsabilidade legal e criminal no devido tempo. Mas alguns de seus lacaios dizem isso abertamente: ‘Sim, vamos matar Gaza de fome’”. Acusa: “Israel está cometendo crimes de guerra”. Ehud Olmert certamente identifica como lacaios do genocida personagens como o ex-ministro e ex-deputado e líder direitista Moshe Feiglin, fundador do Zehut. Vejamos o que declarou em entrevista ao Canal 14, da televisão israelense: “Toda criança, todo bebê em gaza é um inimigo. O inimigo não é o Hamas, nem a ala militar do Hamas. Toda criança em Gaza é um inimigo. Temos que conquistar Gaza e colonizá-la e não deixar uma só criança lá. E não há outra vitória”. O conteúdo do áudio foi registrado pelo The Guardian e correu o mundo, sem, contudo, despertar o menor interesse da grande imprensa brasileira. Ao contrário dos nazistas, que tentavam esconder o holocausto, o genocídio levado a cabo contra os palestinos é escancarado, exposto ao mundo, tonitruado e exaltado pelos dirigentes de Israel e dos EUA, a potência imperial que lhes fornece apoio político, econômico, militar e logístico. Ao contrário do povo alemão, que alegava desconhecer os consabidos crimes do nazismo, a população de Israel aplaude o genocídio. Segundo pesquisa encomendada pela Penn State University, e analisada por Tamir Sorek, “82% dos judeus-israelenses apoiam a limpeza étnica de Gaza, enquanto 56% apoiam a expulsão de palestinos com cidadania israelense, comumente designados pelo léxico colonial como árabes-israelenses, e 47% concordam com a matança de palestinos em áreas conquistadas por Israel”. A visão fundamentalista, messiânica e supremacista, todavia, não muda, quando, diz a pesquisa, é ouvido o público secular: “69% dos secularistas apoiam a expulsão forçada dos moradores de Gaza, e 31% deles veem o extermínio dos moradores de Jericó como um precedente que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) deveriam adotar.” Os últimos acontecimentos, porém, e o temor de que a barbárie sionista torne impossível o retorno dos reféns ainda nas mãos do Hamas, podem mudar o quadro interno. Registram-se as primeiras reações populares contra os reiterados crimes de guerra do Estado sionista. Manifestações de protestos surgem em várias capitais europeias. A tudo o que se sabe e não se pode mais ignorar, a imprensa mainstream batiza de “a guerra de Gaza”, como se estivéssemos em face do confronto entre dois exércitos. Assim participa da “guerra”, manipulando a informação, uma de suas frentes mais importantes. Ecoa a narrativa ideológica que interessa a sionismo, e ainda distorce ao reiterar que as ações militares têm os guerrilheiros do Hamas como alvo, quando qualquer análise fria põe a nu que o objeto dos massacres é uma hedionda limpeza étnica. É preciso denunciar e repetir à exaustão. Agências internacionais, em meados deste maio, estimavam algo entre 35 e 40 mil como o número de vítimas civis fatais em Gaza. Ainda é impossível calcular o número de feridos e mutilados e invalidados. Mas já se pode dizer que todos perderam seus bens e a cidade foi reduzida a nada. Onde já se comemorou a vida, onde um dia foi possível acreditar no futuro, apostar no sonho de um novo lar, o sionismo construiu um grande túmulo; nele se misturam vidas mortas e ruínas. Os palestinos amargam a angústia de não saberem até quando estarão vivos. Nosso silêncio, nossa inação, como povo, como sociedade, como agentes políticos, o silêncio de nossas organizações, a apatia da academia, o sono dos sindicatos, a miséria de nossos partidos, nossa pobreza revolucionária, nosso recuo diante do establishment serão registrados pela História como cumplicidade moral. Do nosso governo é justo esperar algo mais que a justa retórica. A miséria nazista, que atingiu de forma bruta e até então impensável os judeus, os comunistas, os progressistas e o pensamento de esquerda de um modo geral, os homossexuais, os ciganos, os doentes mentais, os dissidentes – a miséria dos crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra –, foi condenada tanto pela indignação ética do mundo que então se recompunha, quanto pelo direito internacional, erguido pelo poder vencedor dos aliados. O direito carece da força para se impor. Quase todos os criminosos de guerra do Eixo (afora os que se suicidaram, como Hitler) foram julgados e condenados pelo Tribunal de Nurenberg. Ocorre que os criminosos de hoje são os que controlam a força que controla o direito. Os crimes de guerra dos EUA no Vietnã foram julgados pelo Tribunal Russell. Na altura, era o máximo possível diante da potência guerreira. Não implicou consequências objetivas, não evitou novas invasões, nem novas ocupações, nem novos crimes de guerra, mas, pelo menos, pode-se dizer que nossa consciência crítica, com aquele gesto de notável carga simbólica, rompeu com a inércia moral, e, não podendo intervir no processo histórico, deixamos nosso testemunho. A posteridade julgará os omissos. Desprotegida do que ainda chamamos de civilização, que dela se apartou, Gaza, vazia e morta, logo se transformará na formosa Riviera dos sonhos imobiliários de Trump. Suas praias, nas margens orientais do Mar Negro, hoje interditadas, em breve estarão liberadas. Bem guardadas, serão desfrutadas por brancos europeus, norte-americanos e israelenses endinheirados, livres de palestinos e dos pobres de um modo geral. Não será ainda o grande sonho, mas pode ser a nano sugestão de uma terra prometida. *** A miséria nossa de cada dia I – Se a sociedade se cala, o Senado Federal altera a voz. No último 20 de maio a chamada Câmara Alta aprovou, por injustificável unanimidade, isto é, com os votos dos partidos conhecidos como progressistas, projeto de lei que institui o dia 12 de abril como o “Dia da Amizade Brasil-Israel”, que nunca esteve tão rala como agora. E esmerou-se na escolha do pior momento, exatamente quando o Estado sionista intensifica o genocídio de que é vítima o povo palestino. Resta saber se o presidente da República terá força política para vetá-lo. Abraços ao sempre mestre Paulo Sérgio Pinheiro, que nos honrou com seu protesto. A miséria nossa de cada dia II - O Senado se esmera no esforço por auto desqualificar-se. Isso não é bom para a República, nem muito menos para a democracia, fundada na representação popular. No dia 27 de maio, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, compareceu à Comissão de Infraestrutura para discorrer sobre “a criação de unidade de conservação marinha na margem equatorial do Amapá”. Abordou o tema requerido, mas por ele não se interessaram os senadores. Isso não lhes dizia respeito: o convite se convertera em mero despiste para uma cilada. Ao invés de debater com a Ministra, os senadores, agindo como coletivo, partiram para o ataque gratuito, e a agrediram, no limite da ofensa física. Abusaram dos gritos, da tentativa de desconstituição política e pessoal, abusaram dos insultos, mesmo daqueles descabidos em roda de bar de beira de estrada. Abusaram da prepotência machista, da misoginia, do racismo e da exposição dos preconceitos os mais repugnantes. Exaltaram-se na defesa lobista dos negócios de empreiteiras, dos capitães de motosserra e dos interesses inconfessáveis, mas conhecidos, que se levantam contra a proteção do meio-ambiente, que, ao fim e ao cabo, é a defesa da vida. A comissão saiu-se mal, os senadores saíram-se mal (todos, os grosseirões e os que fugiram da defesa da ministra), mas ela saiu-se muito bem, fez-se forte ante os que queriam enfraquecê-la; saiu limpa e digna como entrou. Fico de pé para aplaudir Marina Silva. Enfim, há o que saudar – Em meio a tanto mal-estar, em meio ao choro de saudade de tanta gente que partiu aumentando nosso vazio, há uma alegria por festejar: os prêmios de Kleber Mendonça e Wagner Moura, dois intelectuais comprometidos com a construção de uma nova ordem social. * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

domingo, 25 de maio de 2025

DILMA ANISTIADA E MILITARES A CAMINHO DA CADEIA

Dilma anistiada e militares a caminho da cadeia Hoje anistiada e reconhecida globalmente, Dilma simboliza a resistência que atravessa décadas 24 de maio de 2025, 20:54 h 174 Partilhas whatsapp-white sharing button 52twitter-white sharing button 36facebook-white sharing button 69email-white sharing button 6copy-white sharing button A justiça histórica, ainda que tardia, parece estar se desenhando no horizonte político brasileiro. De um lado, a ex-presidenta Dilma Rousseff, anistiada e indenizada pelo Estado pelo sequestro e torturas brutais sofridas nas masmorras do DOI-CODI durante a ditadura militar, recebe um reconhecimento formal de sua luta pela democracia. Do outro, os militares e civis que planejaram assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, o ministro do STF Alexandre de Moraes, o ex-ministro José Dirceu em 2022, além de invadir os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e matar "muito mais gente", enfrentam a cadeia — ironia cruel para quem se inspirava nos métodos do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o "Dr. Tibiriçá", chefe e executor do mesmo aparelho repressivo que torturou Dilma e centenas de outros resistentes. Dilma se destaca não apenas por seu passado de resistência à ditadura, mas por seu desprendimento ilimitado, à custa da própria vida, pela democracia. Como presidenta, honrou os mandatos duas vezes recebidos do eleitorado. Governou com honestidade exemplar, sendo derrubada por um golpe parlamentar sem que houvesse qualquer crime de responsabilidade que justificasse seu impeachment. Sua queda foi um ataque à vontade popular, já que 54 milhões de brasileiros a elegeram — um mandato legítimo rasgado por interesses escusos. Play Video Hoje, Dilma é consagrada internacionalmente em reconhecimento por seu árduo e brilhante desempenho à frente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, onde teve seu mandato renovado por mais cinco anos devido à sua competência na gestão de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Uma trajetória que contrasta com a dos golpistas de 2016, hoje derrotados nas urnas, com alguns de seus títeres destinados à prisão. Golpistas de 2022-2023, autointitulados "Punhal Verde e Amarelo", agiram como discípulos fanáticos de Ustra. Planejaram envenenar Lula, explodir Moraes com granadas e usar um arsenal de guerra — incluindo metralhadoras e lança-rojões — para consumar um golpe que tendia a superar em crueldade os piores pesadelos da ditadura. Seus líderes, como o general Mário Fernandes (ex-assessor de Bolsonaro), eram os mesmos que, em 8 de janeiro, coordenaram a invasão dos palácios enquanto bajulavam a herança sanguinária de Ustra — tal como Bolsonaro fez em 2016, ao homenagear o torturador durante o impeachment de Dilma, chamando-o de "o terror da presidenta". A conexão é óbvia: a extrema-direita brasileira, derrotada nas urnas, recorre sempre aos mesmos métodos. Se nos anos 1970 usavam cassetetes e choques elétricos, hoje armam milicianos digitais e militares radicalizados. Mas a resposta democrática tem sido igualmente clara. A CPMI do 8 de Janeiro revelou como o golpe foi urdido nos gabinetes do governo Bolsonaro. O STF agora, de maneira inédita na história, não hesita em levar ao banco dos réus os terroristas de fato — ao contrário da impunidade que Ustra desfrutou em vida. Dilma, hoje anistiada e reconhecida globalmente, simboliza a resistência que atravessa décadas. Sua tortura nos porões da ditadura, seu impeachment fraudulento em 2016 e sua ascensão ao BRICS são capítulos da mesma guerra: a da democracia contra os que a veem como um incômodo. A diferença é que, desta vez, os algozes não escaparão. Se Ustra morreu sem cumprir pena, seus herdeiros políticos — os "kids pretos" e seus mandantes — terão de responder perante a lei. O passado não se repete como farsa, mas como tragédia desmascarada e como reparação da verdade, da memória e da justiça a uma heroína da Pátria. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247 Tags Dilma Dilma Rousseff anistia militares golpismo punhal verde e amarelo 8 de janeiro Relacionados 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Brasil 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Brasil Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica" Brasil Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica"
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