segunda-feira, 19 de maio de 2025

"STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro"

"STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro", diz Gilmar Mendes Ministro do Supremo critica projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro e vê ofensiva bolsonarista contra a democracia 19 de maio de 2025, 04:05 h Redação Brasil 247 2 47 – Em entrevista concedida aos jornalistas Ricardo Noblat e Guga Noblat (assista aqui), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma firme defesa da atuação da Corte nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, e alertou para os riscos que projetos de anistia e propostas legislativas podem representar para a democracia brasileira. Ao comentar os ataques sofridos pelo Supremo e a queda de sua popularidade, Gilmar afirmou que a atuação do tribunal foi essencial para salvar vidas diante da omissão do governo Bolsonaro. “O tribunal impediu o governo de continuar com aquela marcha sem sentido que tínhamos — a marcha da insensatez, aquela ideia da imunidade de rebanho”, disse. Segundo ele, sem a intervenção da Corte, o governo teria prosseguido com uma política pública "sem sentido", o que poderia ter custado ainda mais vidas durante a crise sanitária. Redes sociais e desgaste institucional O ministro também refletiu sobre a deterioração da imagem do STF nos últimos anos, apontando o papel das redes sociais nesse processo. “Talvez tenhamos a nosso favor uma maioria silenciosa e contra nós uma minoria muito barulhenta”, avaliou. Para ele, a ascensão da desinformação e dos ataques orquestrados online tem influenciado negativamente a percepção pública sobre o Judiciário. Gilmar ainda destacou que a função do Supremo é, muitas vezes, “contramajoritária”, ou seja, deve resistir às pressões populares quando estas se contrapõem à Constituição. “O tribunal precisa nadar contra a corrente para defender os princípios constitucionais, mesmo que isso custe popularidade”, explicou. "STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro", diz Gilmar Mendes Ministro do Supremo critica projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro e vê ofensiva bolsonarista contra a democracia 19 de maio de 2025, 04:05 h 137 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing button 22facebook-white sharing button 93email-white sharing button 6copy-white sharing button Gilmar Mendes Gilmar Mendes (Foto: STF via Flickr) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247 247 – Em entrevista concedida aos jornalistas Ricardo Noblat e Guga Noblat (assista aqui), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma firme defesa da atuação da Corte nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, e alertou para os riscos que projetos de anistia e propostas legislativas podem representar para a democracia brasileira. Ao comentar os ataques sofridos pelo Supremo e a queda de sua popularidade, Gilmar afirmou que a atuação do tribunal foi essencial para salvar vidas diante da omissão do governo Bolsonaro. “O tribunal impediu o governo de continuar com aquela marcha sem sentido que tínhamos — a marcha da insensatez, aquela ideia da imunidade de rebanho”, disse. Segundo ele, sem a intervenção da Corte, o governo teria prosseguido com uma política pública "sem sentido", o que poderia ter custado ainda mais vidas durante a crise sanitária. Redes sociais e desgaste institucional O ministro também refletiu sobre a deterioração da imagem do STF nos últimos anos, apontando o papel das redes sociais nesse processo. “Talvez tenhamos a nosso favor uma maioria silenciosa e contra nós uma minoria muito barulhenta”, avaliou. Para ele, a ascensão da desinformação e dos ataques orquestrados online tem influenciado negativamente a percepção pública sobre o Judiciário. Gilmar ainda destacou que a função do Supremo é, muitas vezes, “contramajoritária”, ou seja, deve resistir às pressões populares quando estas se contrapõem à Constituição. “O tribunal precisa nadar contra a corrente para defender os princípios constitucionais, mesmo que isso custe popularidade”, explicou. Críticas à anistia e à ofensiva legislativa Questionado sobre o projeto em tramitação no Congresso que busca anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, o ministro foi direto: “Estão usando casos como o da Débora do Batom mais para beneficiar a cúpula que eventualmente se envolveu em tropelias de golpe de Estado”. Ele alertou para o risco de se normalizar crimes contra a democracia sob o pretexto de pacificação. Gilmar também lembrou que iniciativas semelhantes existiram em regimes autoritários, como a Constituição de 1937, conhecida como “polaca”. “Esse dispositivo constava da polaca, que não era nada democrática. Getúlio usou esse dispositivo contra decisões do Supremo”, afirmou, em referência a projetos que visam submeter decisões do STF ao crivo do Congresso. Tentativas de ruptura e leniência com golpismo Durante a entrevista, o ministro recordou episódios em que temeu graves tumultos institucionais nos quatro anos do governo Bolsonaro. “Tivemos momentos de muita tensão, como o desfile de tanques na Esplanada e manifestações que ameaçavam o tribunal”, contou. Ele classificou como “leniente” a conduta de setores militares diante dos acampamentos golpistas em frente a quartéis. “O que nós fizemos para permitir que isso acontecesse? E o que devemos fazer para evitar que se repita?”, questionou Gilmar ao lembrar sua visita ao prédio do Supremo após os ataques de janeiro de 2023. Para ele, ainda falta clareza na definição do papel das Forças Armadas e de policiais militares em funções públicas civis, e o Congresso tem sido omisso ao não avançar com propostas que delimitem esses pontos. Diferença entre as anistias de 1979 e 2023 Ao ser confrontado com o argumento de que uma nova anistia seria coerente com a de 1979, Mendes foi categórico ao refutar a comparação: “A de 79 fazia parte de um processo de reconciliação após um período de exceção. Agora estamos vivendo um outro momento — estávamos em plena democracia, num ambiente de absoluta normalidade, quando veio o ataque. Isto não faz qualquer sentido”. Por fim, o ministro reiterou a necessidade de se preservar o Estado Democrático de Direito e chamou atenção para o papel do Judiciário na contenção de impulsos autoritários. “É possível que se vá tanto em termos de impunidade que se coloque em risco todo um processo civilizatório”, alertou. Críticas à anistia e à ofensiva legislativa Questionado sobre o projeto em tramitação no Congresso que busca anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, o ministro foi direto: “Estão usando casos como o da Débora do Batom mais para beneficiar a cúpula que eventualmente se envolveu em tropelias de golpe de Estado”. Ele alertou para o risco de se normalizar crimes contra a democracia sob o pretexto de pacificação. Gilmar também lembrou que iniciativas semelhantes existiram em regimes autoritários, como a Constituição de 1937, conhecida como “polaca”. “Esse dispositivo constava da polaca, que não era nada democrática. Getúlio usou esse dispositivo contra decisões do Supremo”, afirmou, em referência a projetos que visam submeter decisões do STF ao crivo do Congresso. Tentativas de ruptura e leniência com golpismo Durante a entrevista, o ministro recordou episódios em que temeu graves tumultos institucionais nos quatro anos do governo Bolsonaro. “Tivemos momentos de muita tensão, como o desfile de tanques na Esplanada e manifestações que ameaçavam o tribunal”, contou. Ele classificou como “leniente” a conduta de setores militares diante dos acampamentos golpistas em frente a quartéis. “O que nós fizemos para permitir que isso acontecesse? E o que devemos fazer para evitar que se repita?”, questionou Gilmar ao lembrar sua visita ao prédio do Supremo após os ataques de janeiro de 2023. Para ele, ainda falta clareza na definição do papel das Forças Armadas e de policiais militares em funções públicas civis, e o Congresso tem sido omisso ao não avançar com propostas que delimitem esses pontos. Diferença entre as anistias de 1979 e 2023 Ao ser confrontado com o argumento de que uma nova anistia seria coerente com a de 1979, Mendes foi categórico ao refutar a comparação: “A de 79 fazia parte de um processo de reconciliação após um período de exceção. Agora estamos vivendo um outro momento — estávamos em plena democracia, num ambiente de absoluta normalidade, quando veio o ataque. Isto não faz qualquer sentido”. Por fim, o ministro reiterou a necessidade de se preservar o Estado Democrático de Direito e chamou atenção para o papel do Judiciário na contenção de impulsos autoritários. “É possível que se vá tanto em termos de impunidade que se coloque em risco todo um processo civilizatório”, alertou.

domingo, 18 de maio de 2025

PAPA CONVIDADO A COMPARECER A COP30

Novo papa condena economia que ‘explora recursos da Terra e marginaliza pobres’; Alckmin o convida à COP30 Leão 14 celebrou missa para 150 mil pessoas e 140 delegações na Basílica de São Pedro 18.maio.2025 às 10h26 Curitiba (PR) Redação Novo papa condena economia que ‘explora recursos da Terra e marginaliza pobres’; Alckmin o convida à COP30 O vice-presidente Geraldo Alckmin entrega ao papa Leão 14 convite para à COP30, que acontecerá em novembro, em Belém - Reprodução/Vatican News O novo papa, Leão 14, celebrou neste domingo a missa inaugural de seu papado condenando o modelo econômico que “explora os recursos da Terra” e “marginaliza os pobres”. Na ocasião, o papa recebeu das mãos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) um convite para que compareça à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém. Alckmin foi o representante do Estado brasileiro na missa celebrada por Leão 14, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Outras 140 delegações de países e organizações internacionais estiveram no evento, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. Cerca de 150 mil pessoas assistiram à cerimônia, que começou às 10h do horário local (5h no horário de Brasília). Leão cumpriu alguns rituais do início do papado, como o recebimento do Pálio, símbolo da posição do papa como pastor dos católicos, e do Anel do Pescador, com a imagem do apóstolo Pedro, usado para autenticar documentos do Vaticano. Depois, falou aos presentes pedindo paz e fraternidade. “Ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente e um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”, disse Leão 14. “Queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: olhem para Cristo, aproximem-se dele”, acrescentou ele. O estadunidense naturalizado peruano disse que foi escolhido para substituir o papa Francisco, morto no último dia 21, “sem mérito, com temor e tremor”. Disse que não pretende ser “um líder solitário ou um chefe acima dos outros”. Editado por: Nicolau Soares

PRESO POLITICO POR 12 ANOS A PRESIDENTE DO URUGUAI

De preso político por 12 anos a presidente do Uruguai: veja a trajetória excepcional de Pepe Mujica Com flores, cárcere e mateadas, Mujica moldou a história uruguaia com ética, coragem e amor 18.maio.2025 às 10h10 Havana (Cuba) Gabriel Vera Lopes De preso político por 12 anos a presidente do Uruguai: veja a trajetória excepcional de Pepe Mujica (FILES) Former National Liberation Movement (MLN) guerrilla organization members (L) Jose Mujica, and Mauricio Rossencof(R) next to Adolfo Wassen Jr. are seen on the day of their liberation as political prisoners in Montevideo on March 14, 1985. Mujica is due to take office as Uruguayan President next March 1, marking the begining of a second term for the ruling left-wing Frente Amplio coalition. Mujica, an ex-guerrilla fighter and hero of the Latin American left, died on May 13, 2025 at the age of 89. The humble leader -- who once spent a dozen years behind bars for revolutionary activity -- lost his battle against cancer after announcing in January the disease had spread and he would stop treatment. (Photo by AGENCIA CAMARA TRES / AFP) / Uruguay OUT / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / AGENCIA CAMARA TRES " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Filho de Demetrio Mujica Terra e Lucy Cordano Giorello, “Pepe” Mujica cresceu nos arredores de Montevidéu, em Paso de la Arena, em uma família de pequenos trabalhadores rurais. Sua mãe era horticultora e seu pai, pequeno agricultor que faleceu em 1940, quando Mujica tinha apenas seis anos de idade. Desde cedo, Mujica trabalhou vendendo flores para ajudar a mãe, hábito que, assim como o amor pela terra, o acompanhariam por toda a vida, até seus últimos dias. A necessidade de trabalhar o impediu de concluir os estudos e, muito jovem, começou a se envolver nos problemas do país e nas causas dos trabalhadores. Aos 14 anos, passou a acompanhar as mobilizações por melhores salários. Como herança familiar, no início da juventude, foi membro do Partido Nacional (PN), onde chegou a ocupar o cargo de secretário-geral da Juventude. No entanto, apesar da perspectiva de uma carreira promissora, deixou o partido para se engajar em movimentos de esquerda. Na metade da década de 1960, influenciado pela Revolução Cubana e por um contexto de lutas sociais em todo o continente, Pepe Mujica foi um dos fundadores do Movimiento de Liberación Nacional-Tupamaros (MLN-T), uma organização político-militar que se tornaria uma das mais relevantes da América Latina. O grupo executou o policial estadunidense conhecido nos círculos militares como “o mestre da tortura”, Dan Mitrione, que participou pessoalmente da preparação e do treinamento de grupos de extermínio dedicados ao sequestro e à eliminação de militantes políticos, sindicais e sociais durante a ditadura brasileira. Naquele período, ele viajou ao Uruguai como chefe do Escritório de Segurança Pública dos Estados Unidos, com o objetivo de assessorar o governo na criação dos tristemente célebres “esquadrões da morte”. Mujica foi baleado e preso em quatro ocasiões. Até que, em 1972 — junto com um grupo de militantes — foi capturado e submetido à tortura por quase 13 anos. No entanto, nem o terror mais abominável foi capaz de fazê-lo desistir. Pepe jamais abandonou seu compromisso político, nem sua pregação por uma vida que valha a pena ser vivida — desprovida da ambição de acumular riquezas. Considerado “o presidente mais humilde do mundo”, Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015. Durante seu mandato, recusou-se a viver na residência oficial e continuou morando, ao lado de sua companheira Lucía Topolansky, em sua modesta chácara de 20 hectares, localizada em Rincón del Cerro, uma zona rural próxima à capital uruguaia. Além disso, doava 90% do seu salário para projetos sociais e outros 5% para o Movimento de Participação Popular (MPP). Constantemente questionado sobre seu estilo de vida simples, Mujica costumava dizer: “Não sou pobre, apenas ando leve”. “Se eu pudesse viver de novo, dedicaria minha vida ao meu povo”, afirmou Mujica em um comovente discurso dirigido à juventude, em 2023. A mais extraordinária fuga Ninguém os tinha visto. Ninguém os tinha ouvido. Naquela manhã, quando os guardas iniciaram a inspeção rotineira nas celas, eles simplesmente haviam desaparecido. Imediatamente, o som desesperado das sirenes se misturou aos gritos perplexos dos guardas. Durante todo aquele tempo, eles estiveram ali, bem debaixo dos narizes dos carcereiros, planejando e executando — com precisão de relógio — uma das fugas mais extraordinárias e numerosas que a história do continente já conheceu. Naquela segunda-feira, 6 de setembro de 1971, sem que ninguém percebesse, 106 prisioneiros políticos do Movimiento de Liberación Nacional-Tupamaros (MLN-T) — juntamente com cinco detentos comuns que colaboraram com eles — conseguiram escapar da prisão de Punta Carretas, uma das mais seguras do Uruguai. Cada detalhe havia sido meticulosamente planejado. Durante semanas, os Tupamaros construíram uma rede de passagens que ligava diferentes celas do segundo e terceiro andares — onde estavam os presos políticos — a uma cela no térreo. A partir dali, cavaram um túnel que levava até uma casa localizada na calçada do outro lado da rua da prisão. As ferramentas utilizadas eram fabricadas dentro da própria prisão. A terra e os entulhos removidos eram escondidos debaixo das camas ou disfarçados com pôsteres de clubes de futebol e modelos pendurados nas paredes. Em alguns casos, chegavam até a subornar guardas para evitar que revistassem as celas. Nas primeiras horas da manhã, enquanto os guardas descansavam, os 111 fugitivos escaparam, um a um, em direção a uma casa onde uma célula tupamara os aguardava. De lá, um comando da organização ficou encarregado de distribuir os militantes por diferentes pontos da cidade, onde eram recebidos em casas clandestinas. O plano de fuga foi concebido de dentro da própria prisão. Entre seus idealizadores estava o principal líder da organização, Raúl Sendic, acompanhado de outras figuras importantes como José “Pepe” Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, Jorge Zabalza e Jorge Amílcar Manera Lluberas — engenheiro civil responsável por calcular a rota do túnel com base em antigos esboços da prisão obtidos com um preso comum. A ação ocorreu simultaneamente a uma série de operações realizadas pelos Tupamaros em La Teja — um bairro histórico da classe trabalhadora, com forte tradição sindical e militante. Lá, o grupo montava barricadas e executava ações relâmpago com o objetivo de distrair a atenção das forças policiais. Naquela madrugada de 6 de setembro de 1971, “Pepe” Mujica viu, pela primeira vez, Lucía Topolansky — que viria a ser sua companheira para toda a vida. Ela integrava a equipe de militantes que operava do lado de fora, garantindo a viabilidade da fuga. Apenas dois meses antes, Lucía havia sido uma das organizadoras da Operação Estrela, na qual 38 mulheres presas políticas escaparam da prisão feminina de Cabildo. A notícia estampou as primeiras páginas dos jornais ao redor do mundo. A fuga espetacular tornou-se uma das ações de propaganda mais emblemáticas da luta armada urbana, em um contexto regional atravessado por movimentos revolucionários em diversos países do Cone Sul. A longa noite A primeira vez que sentiu o calor do sol no rosto, Mujica não conseguiu conter o choro. Durante anos, a ditadura civil-militar uruguaia o submeteu a todo tipo de tortura física e psicológica, chegando a mantê-lo preso em um buraco, em condições desumanas, sem sequer ver a luz do dia. Segundo seu próprio testemunho, durante esses anos, a luta mais difícil e desgastante foi contra a insanidade. As torturas constantes e o isolamento total lhe causaram graves distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Naquela época, para manter algum contato — por mais tênue que fosse — com a realidade, ele caminhava de um lado para o outro nas minúsculas celas para onde era levado, contando os próprios passos. “Para nós, o sol foi aparecendo aos poucos”, diz ele em uma comovente entrevista ao semanário Brecha, concedida há 25 anos. “O homem não é ele mesmo; o homem é fruto das vicissitudes, das adversidades. Alguns de nós tiveram a sorte de a vida nos apertar, mas não nos derrubar. Ela nos deu licença para continuar vivendo e, até certo ponto, colher o mel que conseguimos extrair em meio à amargura”, acrescenta na mesma conversa, apesar das humilhações indescritíveis às quais foi submetido. Assim como a maioria dos líderes dos Tupamaros — juntamente com outras organizações de esquerda, como o Partido Comunista Uruguaio — Mujica foi novamente preso nos primeiros meses de 1972. Foi a quarta vez que ele foi detido, e essa seria a mais longa: ele permaneceria encarcerado por quase treze anos. Em meados de abril daquele ano, o governo de Juan María Bordaberry — pertencente ao setor ruralista do tradicional Partido Colorado — conseguiu que o Parlamento uruguaio declarasse o “Estado de Guerra Interna”, autorizando assim as Forças Armadas a atuarem como forças policiais em todo o país. A militarização da segurança interna veio acompanhada da suspensão das garantias constitucionais e do uso sistemático da tortura como método para obtenção de informações. Entre abril e setembro de 1972, vários dos principais líderes do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T) foram assassinados, enquanto outros nove — Raúl Sendic, José “Pepe” Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, Mauricio Rosencof, Adolfo Wasem, Jorge Manera, Julio Marenales, Jorge Zabalza e Henry Engler — foram sequestrados em operações militares violentas. Assim como centenas de outros presos políticos, nenhum deles foi submetido a julgamento. O então presidente Juan María Bordaberry, alegando que uma suposta “conspiração contra a pátria” estaria “infiltrada nas próprias instituições”, decidiu, em 27 de junho de 1973, em acordo com os militares, dissolver os poderes legislativos e suspender o regime constitucional, dando início ao golpe de Estado que governaria o país até 1985. Após o golpe, os nove presos políticos foram escolhidos pela ditadura como “reféns”. Em uma operação brutal, eles foram retirados de suas celas com as cabeças cobertas, encapuzados e algemados, sendo transferidos para diferentes quartéis militares ao redor do país. Assim começava uma longa e aterrorizante peregrinação por diversos centros de detenção. Divididos em grupos de três, foram mantidos em condições desumanas: trancados em masmorras minúsculas, submetidos a torturas físicas e psicológicas, sob vigilância constante e praticamente sem qualquer contato humano. Durante quase doze anos, viveram sob um regime de terror que buscava destruir sua saúde física e mental. Os anos mais terríveis duraram até 1980. Naquele ano, a ditadura convocou um plebiscito com o objetivo de aprovar uma nova Constituição que consolidaria ainda mais o poder das Forças Armadas. Apesar do controle da mídia e da repressão aos opositores, o “NÃO” à nova Constituição venceu, com 57,2% dos votos. Naquela noite, os prisioneiros foram brutalmente torturados pelos militares. No entanto, também teve início um longo processo de enfraquecimento da ditadura, que culminaria nas eleições gerais e na reabertura constitucional em 1985. Por meio de uma anistia, Mujica recuperou sua liberdade, juntamente com centenas de outros presos políticos. Na época de sua libertação, ele tinha quase 50 anos. A partir de então, Pepe voltaria a se reunir com Lucía Topolansky, com quem compartilharia o restante de sua vida até o momento de sua morte. As mateadas Suas atividades políticas recomeçaram quase imediatamente após a libertação da prisão. Mujica conta que sua primeira tarefa militante foi encontrar um lugar onde pudesse se reunir com seus companheiros para planejar os próximos passos. Apenas duas semanas depois de Julio María Sanguinetti assumir a presidência, os Tupamaros que haviam sido “reféns” da ditadura realizaram uma coletiva de imprensa histórica. Transmitido pelos canais de televisão, o grupo anunciou que voltava às ruas “em espírito de paz” para “atuar intensamente dentro da legalidade vigente”. Naquela ocasião, anunciaram que continuariam sua luta com base em três pilares: a reforma agrária, a nacionalização dos bancos e o não reconhecimento da dívida externa contraída pela ditadura. Uma nova e intensa etapa começava na vida de Pepe Mujica. Naqueles anos, ele se tornou um dos principais oradores nas “mateadas”, como eram chamadas as reuniões em espaços públicos, onde o MLN-T compartilhava o mate, conversava com os vizinhos e respondia a perguntas sobre seu passado militante, o período na prisão e sua visão sobre a situação política do país. Em uma entrevista à televisão espanhola em 1987, Mujica declarou: “Sem sermos reformistas, temos que apoiar soluções tipicamente reformistas, porque a coisa mais valiosa que este povo tem é a liberdade política”. Naqueles anos, as divergências políticas entre os membros do MLN-T também começaram a se tornar mais evidentes. Esse processo se intensificou com a morte de seu líder histórico, Raúl Sendic, em 1989. Nesse mesmo ano, Mujica foi uma das principais forças por trás da criação do Movimento de Participação Popular (MPP). Ele conseguiu integrá-lo à Frente Ampla — uma coalizão de partidos de esquerda e centro — apesar da resistência do Partido Comunista. Com a entrada do MPP, a Frente Ampla passou a experimentar um expressivo crescimento eleitoral, que, anos depois, levaria a coalizão a governar o país. Esse também foi um período em que Mujica passou a adotar posições mais moderadas, vistas por alguns setores como um afastamento das propostas originais do movimento. O triunfo eleitoral da Frente Ampla A vitória da Frente Ampla (FA) nas eleições gerais de 2004 foi marco histórico para o país. Pela primeira vez, uma coalizão de esquerda chegou ao governo nacional, encerrando décadas de alternância entre os partidos tradicionais, Colorado e Nacional. Naquele ano, Tabaré Vázquez, membro do Partido Socialista, venceu as eleições já no primeiro turno. A coalizão de esquerda havia se consolidado durante sua gestão à frente da Prefeitura de Montevidéu. Após vários anos no Legislativo, Mujica foi nomeado Ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca. No entanto, as tensões não demoraram a surgir. Apenas um ano após assumir o cargo, um grupo de trabalhadores rurais de Bella Unión ocupou 36 hectares de terra que estavam abandonados havia onze anos. A ocupação reacendeu velhos fantasmas. Bella Unión não era um lugar qualquer: foi lá que, na década de 1960, surgiu o movimento da cana-de-açúcar liderado por Raúl Sendic, em torno do qual seria fundado o MLN-T. O governo acusou o movimento de ser “ultraesquerdista” e de “colocar pedras no caminho do governo”. Sua presidência A pessoa encarregada de colocar a faixa presidencial em Mujica, em 2010, foi Lucía Topolansky. O mérito foi totalmente dela, pois havia sido a legisladora mais votada do país. Ambos haviam sido torturados durante a ditadura, e foi juntos que não só conseguiram superar as adversidades, mas também alcançar uma centralidade política sem precedentes, fazendo com que boa parte do mundo passasse a conhecer esse pequeno país de apenas 3,5 milhões de habitantes. “O amor tem idades. Quando você é jovem, ele é uma fogueira. Quando você é velho, é um hábito doce. Se estou vivo, é porque ela está”, disse Mujica em uma entrevista, dois anos antes de sua morte. Apesar das desconfianças de setores mais moderados da coalizão, Mujica conseguiu vencer as eleições internas do partido em 2009, com amplo apoio. Isso fez com que o MPP se tornasse o setor mais votado da coalizão. Nas eleições gerais, Mujica derrotou o candidato do Partido Nacional, Luis Alberto Lacalle Herrera. Desde que assumiu o cargo, se tornou um dos líderes mais carismáticos do mundo, reconhecido internacionalmente por seu estilo de vida austero e por seu discurso ético, especialmente contra o consumismo. Sua presidência foi marcada principalmente pela expansão dos direitos. O aborto foi descriminalizado (2012) e a lei do casamento igualitário foi aprovada (2013), consolidando o perfil secular e a cultura progressista do país. Durante seu mandato, o país vivenciou o maior período de aumento do salário mínimo para os trabalhadores, o que contribuiu para a redução da pobreza, além do crescimento do PIB. Mujica encerrou seu mandato como um dos presidentes com a imagem mais positiva do mundo, alcançando uma aprovação de 70%. Além disso, ele foi fundamental para o retorno da Frente Ampla ao governo nas eleições de 2024. Mujica foi uma das principais forças motrizes por trás da campanha “A Frente Ampla ouve você”, na qual líderes e ativistas viajaram por todo o país com o objetivo de reconstruir laços e elaborar um programa coletivo para o próximo governo. Em uma coletiva de imprensa em abril de 2024, o líder histórico da Frente Ampla anunciou que estava com câncer. Naquele mesmo dia, dirigindo-se aos jovens, Mujica declarou: “Aos jovens deste país, quero dizer que a vida é bela, mas ela se desgasta e vai embora (…) O cerne da vida é recomeçar toda vez que se cair.” Em janeiro passado, ele anunciou que o câncer havia se espalhado por todo o seu corpo. Em meio à tristeza da despedida, afirmou que morreria em sua amada chácara e que desejava ser enterrado sob uma árvore, onde descansa sua querida Manuela, a cachorrinha que acompanhou o amor de Pepe e Lucía. “A maior conquista é que, quando eu partir, haverá um grande número de pessoas que continuarão militando e sonhando com um mundo melhor”, costumava dizer em suas últimas entrevistas. O mundo se despede de um grande. Editado por: Rodrigo Durão Coelho

terça-feira, 15 de abril de 2025

Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável

Economistas pela Democracia repudiam Armínio Fraga: “elitista e cruel” Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos e foi amplamente rechaçado 15 de abril de 2025, 16:06 h 13 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing button 2facebook-white sharing button 6email-white sharing buttoncopy-white sharing button Armínio Fraga Armínio Fraga (Foto: Horst Baümle/Divulgação) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Leonardo Sobreira avatar Conteúdo postado por: Leonardo Sobreira 247 - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudiou, em nota divulgada nesta terça-feira (15), declarações recentes do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e um dos homens mais ricos do país, que defendeu o congelamento dos reajustes reais do salário mínimo por um período de seis anos. Durante a Brazil Conference, realizada no último sábado (12), nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos, Fraga lançou a proposta sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva". Play Video A ABED repudiou "de forma contundente" a fala e qualificou a proposta de elitista: "Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes". "A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço", acrescenta a nota, destacando ainda a importância do aumento real do salário mínimo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros. Leia a íntegra da nota - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudia de forma contundente a fala do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, durante a Brazil Conference, realizada em 12 de abril de 2025 nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos. Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos, sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva". Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes. Fraga e seus pares evitam tocar no verdadeiro problema fiscal brasileiro: o sistema de juros altos, a política monetária que favorece banqueiros, e os privilégios tributários de grandes fortunas e corporações. Em vez de enfrentar esses interesses, preferem mirar o salário mínimo – o principal instrumento de distribuição de renda e combate à desigualdade no Brasil. A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço. Basta lembrar que após o golpe parlamentar de 2016, com o apoio de setores do mercado financeiro, foi implantado o programa "Uma Ponte para o Futuro", do governo Temer, que interrompeu os aumentos reais do salário mínimo e aprofundou o desmonte do Estado. No governo Bolsonaro, o congelamento continuou, com perdas reais para quem vive do trabalho. O aumento real do salário mínimo foi decisivo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros, ajudando a reduzir desigualdades sociais e regionais, além de dinamizar a economia nacional. Atacar essa política é atacar diretamente a população mais pobre e trabalhadora do Brasil. É importante lembrar que durante o período em que os aumentos reais do salário mínimo foram interrompidos, entre o golpe parlamentar de 2016 e o final do governo Bolsonaro, a situação fiscal não melhorou — ao contrário, ela se agravou. O congelamento dos salários não trouxe o equilíbrio prometido e ainda aprofundou a desigualdade, desvalorizou o trabalho e estrangulou a renda de milhões de brasileiros. Rejeitamos com firmeza qualquer proposta que retire direitos e agrave a desigualdade. E reafirmamos: quem deve pagar pela crise são aqueles que mais lucram com ela. As elites financeiras precisam, finalmente, assumir sua parte no ajuste fiscal — e não seguir fugindo de suas responsabilidades históricas. Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED)

terça-feira, 8 de abril de 2025

O Brasil é dos brasileiros

O Brasil é dos brasileiros Em 2026, o povo brasileiro deverá dizer um sonoro: MAGA é o caramba. Porque o Brasil é dos brasileiros e brasileiras 08 de abril de 2025, 05:51 h 7 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing buttonfacebook-white sharing button 2email-white sharing buttoncopy-white sharing button O Brasil é dos Brasileiros é a ideia força da campanha publicitária do governo Lula O Brasil é dos Brasileiros é a ideia força da campanha publicitária do governo Lula (Foto: Redes sociais, divulgação ) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Por onde andarão os brasileiros com bonés vermelhos na cabeça com a inscrição MAGA – Make America Great Again? Estariam treinando seu inglês para pedir pipocas ou sorvetes na Disneylândia? Ou ensaiando o hino norte-americano para cantar enquanto batem continência para a bandeira do país do Tio Sam? A verdade é que, quando a conta do tarifaço de Trump chegar aos lares brasileiros, a história lhes cobrará. Vem do país exemplo de capitalismo para eles, da pena do seu líder quase espiritual, do seu farol da liberdade, da sua infantaria anticomunista, as medidas mais protecionistas, mais antiliberais e contra o livre-comércio que nem mesmo a China comandada pelo Partido Comunista seria capaz de praticar. A queda nas bolsas de valores registrada nesta segunda-feira foi um verdadeiro aperitivo perto do desarranjo na economia mundial que esse arroubo de imperador de Trump pode causar — caso ele não recue, como aliás é do seu costume. A incerteza colocada por essas medidas nas planilhas e telas dos investidores não especulativos vai reduzir a atividade econômica planetária. Isso vai gerar desemprego. Inclusive nos Estados Unidos. Crise de abastecimento, com consequentes aumentos de preços e pressão inflacionária, vem a reboque. Interessante seria ver alguns personagens da política brasileira fazendo vídeos para suas redes, mostrando o quanto subiram nos Estados Unidos os preços do café, dos automóveis — ou melhor, dos ovos — a partir do tarifaço de seu guru, Donald Trump. Mas a verdade é que a política protecionista de Trump vai afetar — e muito — o Brasil. E não se trata apenas das sobretarifas. A nossa economia é bastante vulnerável aos acontecimentos no cenário mundial, e uma bagunça lá fora nos atingirá com força. Contudo, ee o cálculo que esses apoiadores de Trump em território brasileiro estão fazendo é que eleitoralmente uma crise pode lhes ser favorável, penso que eles têm tudo para dar com os donkeys in the water. Trump está dando ao governo Lula o inimigo externo a ser enfrentado, assim como está mostrando a desgraça que a insensatez, os delírios e a irresponsabilidade dessa gente pode causar. Em 2026, o povo brasileiro deverá dizer um sonoro: MAGA é o caramba. Porque o Brasil é dos brasileiros e brasileiras.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP

Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP Vereador Noel Castelo foi eleito neste domingo (6) para comandar município a 243 quilômetros da capital paulista 07.abr.2025 às 12h34 São Paulo (SP) Redação Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP Noel Castelo, o primeiro prefeito quilombola do estado de SP - Reprodução/Facebook/Prefeito Noel Castelo A cidade de Eldorado, no Vale do Ribeira, onde Jair Bolsonaro (PL) passou parte da infância e adolescência, elegeu o primeiro prefeito quilombola do estado de São Paulo. O vereador Noel Castelo (Solidariedade) foi eleito neste domingo (6) para comandar o município que fica a 243 quilômetros da capital paulista. Ele foi eleito com 41,87% dos votos válidos, à frente de Dr. Galindo (PSD), apoiado por setores mais conservadores, que obteve 37,85% dos votos válidos, e Dra. Débora (PT), com 20,27% . A eleição foi convocada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o então prefeito Elói Fouquet (PSDB) ter o seu mandato cassado após uma condenação por improbidade administrativa. Em seu histórico, Neol Castelo já criticou as falas preconceituosas do ex-presidente sobre descendentes de escravizados que moram na região. Em 2017, Bolsonaro disse que os quilombolas “não fazem absolutamente nada”. “Eu fui em Eldorado paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Nem para procriador ele serve mais”, afirmou em palestra no clube Hebraica do Rio de Janeiro. Um ano depois, enquanto líder da comunidade quilombola Abobral, Castelo questionou a fala de Bolsonaro. “Não existe nada disso que ele falou. Se ele viu alguém à toa, pode ser que ele tenha ido em algum fim de semana. E aí as pessoas descansam mesmo, é um direito”, afirmou Castelo em entrevista à Folha de S. Paulo. Durante a sua campanha, Noel Castelo recebeu o apoio nas redes sociais de apoiadores como Vilmar Kalunga, o primeiro prefeito quilombola do Brasil, em Cavalcante (GO). O agora também prefeito compartilhou vídeos de apoio de políticos da coligação formada por Solidariedade e União Brasil. Um desses materiais foi gravado pelo deputado federal Alexandre Leite da Silva (UB-SP), filho do ex-vereador de São Paulo, Milton Leite. Editado por: Martina Medina

São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial

Dilemas da Humanidade: São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial esta semana Mais de 70 intelectuais, líderes políticos e de movimentos sociais estarão reunidos entre os dia 7 e 10 de abril Play 00:54 Download 02:05 07.abr.2025 às 06h16 São Paulo (SP) Redação Dilemas da Humanidade: São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial esta semana Rafael Stedile São Paulo (SP) sedia nesta semana, entre os dias 7 e 10 de abril, um dos maiores encontros do campo progressista mundial: a conferência Dilemas da Humanidade: Perspectivas para Transformação Social para discutir saídas para a atual crise do capitalismo. Mais de 70 intelectuais, líderes políticos e de movimentos sociais de todo o mundo estarão reunidos no evento que acontecerá na PUC-SP e no Sesc Pompeia e será aberta ao público. A conferência foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e a Assembleia Internacional dos Povos (AIP). Em sua quarta edição, o objetivo do encontro é discutir e propor soluções econômicas e sociais concretas para as diversas crises causadas pelo capitalismo e pelo neoliberalismo em todo o mundo, além de atuar no combate à fome, às desigualdades sociais e à crise ambiental. O evento retorna ao Brasil este ano depois de uma edição realizada em Joanesburgo, na África do Sul, em outubro de 2023, que reafirmou a exigência de um projeto popular e alternativo, construído pelos povos em luta para a superação do capitalismo e do imperialismo. As duas primeiras edições, organizadas pelo MST, aconteceram no Rio de Janeiro, em 2004, e na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, interior paulista, em 2015. A conferência em Guararema originou a Assembleia Internacional dos Povos e outros instrumentos de articulação política internacionalista. A cerimônia de abertura do evento, que contará com o ministro de Economia do Brasil, Fernando Haddad, será aberta ao público e acontecerá na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no Campus Perdizes, a partir das 18h. Além de Haddad, diversas outras lideranças e intelectuais, como Vijay Prashad (Índia), diretor do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, também estarão presentes. De 8 a 10 de abril, o palco dos debates será o Sesc Pompéia. Entre os participantes, estão confirmados alguns dos principais nomes do debate econômico e figuras políticas, como a economista Josefina Morales do México, o russo Yaroslav Lissovolik (assessor da Rússia no FMI e fundador do BRICS+ Analytics), Marcio Pochmann (Diretor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), João Pedro Stedile (membro fundador do MST), Paulo Nogueira Batista Jr. (ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento), Pedro Rossi (vice-Presidente do Fundo Global para uma Nova Economia), o sociólogo argentino Cláudio Katz, a ministra da Gestão e Inovação Esther Dweck, entre outros. Informações gerais Abertura do evento Data: 7 de abril Local: auditório 239 da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na R. Ministro Godói, 969, às 19h. Conferência Dilemas da Humanidade Data: De 8 a 10 de abril de 2025, das 10h30 às 19h. Local: Teatro do Sesc Pompeia Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo/SP Editado por: Leandro Melito

Mais de 6 mil indígenas participam do Acampamento Terra Livre em Brasília

Mais de 6 mil indígenas participam do Acampamento Terra Livre em Brasília a partir desta segunda (7) 21ª edição do ATL celebra os 20 anos da Apib e acontece até a próxima sexta (11) 07.abr.2025 às 15h43 Brasília (DF) Leonardo Fernandes O Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil O Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Mais de 6 mil indígenas de cerca de 150 povos de todas as regiões do Brasil estão reunidos em Brasília (DF) para a maior mobilização indígena do país, o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), que começou nesta segunda-feira (7) e vai até a próxima sexta-feira (11). A estrutura do evento está montada próxima à Torre de TV, atração turística da capital federal, no centro da capital federal. Pela manhã, a Secretaria Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora da atividade, realizou uma coletiva de imprensa, enquanto na arena principal era realizada a acolhida e os rituais de abertura do ATL 2025. O tema deste ano é “Apib somos todos nós – Em defesa da Constituição e da vida”, uma homenagem ao aniversário de 20 anos da organização indígena. “O Acampamento Terra Livre vem justamente para marcar, mais uma vez aqui, em Brasília, o nosso posicionamento frente a todas as violações e a todos os ataques que nós temos sofrido dentro dos territórios. Esse Acampamento Terra Livre também vem reforçar o nosso posicionamento a respeito da nossa Constituição e o nosso direito de viver”, disse o representante da Apib, Dinaman Tuxá. Outra liderança da Apib, Kretã Kaingang, disse que o objetivo da mobilização na capital federal é chamar a atenção da sociedade brasileira e mundial sobre os retrocessos que vêm sendo impostos aos direitos dos povos tradicionais. Nesse sentido, ele cita especificamente o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). “Ele [o STF] ataca o direito dos povos originários do Brasil que são os povos indígenas, e ataca o direito humano. Porque, quando você ataca o direito dos povos indígenas, você ataca os nossos territórios e ataca o direito à vida”, disse Kaingang. Emocionado, o representante do Conselho Terena na Apib, Roberto Terena, pediu um basta às mortes de crianças e ao envenenamento das comunidades indígenas. “Chega de criança ser morta, chega de as nossas mães estarem aí ingerindo veneno, mercúrio, pelos rios, chega de peixes sendo envenenados”, declarou. “Nós estamos e aqui nós vamos continuar. Não adianta o agronegócio querer atropelar, querer avançar dentro dos nossos territórios. Nós temos a Constituição que é a nossa lei maior do nosso Estado brasileiro. É preciso que o Estado brasileiro, que os governantes, façam a sua parte. Chega de matança”, disse o indígena Terena. Reunião com ministros do STF No centro dos debates do ATL 2025 está a situação em suspenso da Lei 14.701, a Lei do Marco Temporal, que é objeto de diversas ações no STF, e sobre a qual, o ministro relator, Gilmar Mendes, determinou a instauração de uma Câmara de Conciliação, encerrada na última quarta-feira (2). Na coletiva de hoje, Dinaman Tuxá informou que uma delegação de representantes da Apib se reunirá com ministros do STF nesta terça-feira (8), para a qual estariam confirmados os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. “Nós vamos reiterar o que a Apib já colocou em todos os momentos: a necessidade de suspensão da Câmara de Conciliação, a votação e o julgamento dos embargos [de declaração] e da ADI sobre a inconstitucionalidade da Lei 14.701. A Câmara de Conciliação não trouxe e não trará nenhum benefício aos povos indígenas. Todos os cenários são de retrocessos de direitos”, disse Tuxá, afirmando ainda que a Apib vai trabalhar junto aos ministros para que o acordo final da Câmara de Conciliação seja rejeitado em plenário, caso Gilmar Mendes insista em levá-lo adiante. “Se precisar sentar e conversar, nós vamos sentar e conversar, mas em nenhum momento nós vamos negociar direitos pela metade aos povos indígenas”, ressaltou. Em agosto de 2024, a Apib se retirou da Câmara de Conciliação, denunciando ser uma tentativa de “conciliação forçada” sobre um tema que não há possibilidade de conciliar. Isso porque o próprio STF já decidiu que a tese do marco temporal, segundo a qual indígenas só podem ter demarcadas as terras ocupadas por eles em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Como resultado dessa Câmara de Conciliação, foi proposto um Projeto de Lei Complementar para substituir a atual legislação. A proposta exclui a tese do marco temporal, mas inova em uma série de matérias que são consideradas nocivas pelas organizações indígenas, como mineração em Terras Indígenas (TIs) e obstáculos no processo de demarcação. No último dia de sessões, a Apib divulgou nota em que volta a criticar a tentativa de “conciliação forçada” e lembra que, por ser parte de uma das ações que tramitam no STF contra a Lei 14.701, o processo conciliatório “não é legítimo”. ‘Demarcação já!’ Outra pauta central dos povos indígenas e que será levada a todos os espaços do ATL 2025 é a necessidade de se avançar nos processos de demarcação de terra. “Mais uma vez estamos em Brasília para cobrar também do Executivo que cumpra com sua missão institucional que é demarcar todos os territórios indígenas”, disse Dinaman Tuxá. Dinamam Tuxá fala com a imprensa. Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Os indígenas reclamam da morosidade dos processos demarcatórios e, inclusive, da intervenção do sistema judicial para barrar o avanço das demarcações. “A morosidade no processo de demarcação mostra que o Estado brasileiro não está desempenhando de forma satisfatória para os povos indígenas, e as consequências disso é o aumento dos conflitos socioambientais”, completou Tuxá, citando exemplos recentes no Mato Grosso do Sul, Sul da Bahia e Oeste do Paraná. As lideranças da Apib informaram ainda que, como parte da programação do ATL, nesta terça (8), os indígenas farão uma marcha pela manhã em direção ao Congresso Nacional, onde 500 lideranças devem participar de uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, a pedido da deputada federal indígena, Célia Xakriabá. Por solicitação da mesma parlamentar, haverá ainda uma audiência pública para debater a questão dos recursos renováveis, com a presença de 40 indígenas, e um seminário sobre os direitos dos povos originários, do qual participarão outras 300 lideranças indígenas. Rumo à COP 30 “Esse ano é um ano de COP 30, um ano que o Brasil vai sediar a maior conferência do clima do mundo. E não podemos aceitar que onde o país quer debater e sediar a pauta ambiental, nossos territórios estão sendo constantemente violados”, disse Tuxá. Segundo ele, na quinta-feira (10), os indígenas farão uma outra marcha, com foco nas mudanças climáticas e na participação dos povos originários na COP 30, a Conferência da Organização das Nações Unidas para o Clima, que acontece em novembro, em Belém (PA). “Nós gostaríamos de ter assumido a presidência [da COP 30], mas não foi viável. E nós estamos debatendo a melhor forma de participação dentro desses espaços”, afirmou Tuxá. Se espera ainda a visita de ministros do governo federal ao ATL. De acordo com as lideranças da Apib, há expectativa de anúncios por parte do Executivo, principalmente no que se refere a novas áreas demarcadas. A programação completa do ATL 2025 pode ser consultada no site da Apib. Editado por: Martina Medina

LULA E XI JINPING TERÃO ENCONTRO EM PEQUIM

Lula e Xi Jinping terão encontro em Pequim em meio à escalada protecionista de Trump Antes disso, Lula irá a Moscou para as celebrações do Dia da Vitória 07 de abril de 2025, 17:14 h 32 Partilhas whatsapp-white sharing buttontwitter-white sharing button 23facebook-white sharing button 8email-white sharing button 1copy-white sharing button Lula e Xi Jinping Lula e Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Leonardo Sobreira avatar Conteúdo postado por: Leonardo Sobreira 247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma reunião com o homólogo da China, Xi Jinping, em maio, informou a Folha de São Paulo nesta segunda-feira (7). A guerra de tarifas iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tende a estimular uma maior aproximação comercial entre as economias emergentes. Um sinal desse movimento é a presença de uma comitiva empresarial na viagem de Lula à China, com o objetivo de fortalecer ainda mais as relações comerciais entre os dois países. Play Video Em Pequim, Lula participará do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e, no mesmo dia, de um evento promovido pela ApexBrasil. Antes disso, em 9 de maio, o presidente participará em Moscou, na Rússia, das celebrações do Dia da Vitória — que neste ano marcam os 80 anos da rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

domingo, 6 de abril de 2025

DITADURA NUNCA MAIS!

‘Ditadura nunca mais’: Caminhada do Silêncio em SP homenageia vítimas da ditadura e da violência de Estado Ato lembrou mortos e desaparecidos do regime militar e pediu prisão de golpistas do 8/1 06.abr.2025 às 20h32 São Paulo (SP) Leandro Melito ‘Ditadura nunca mais’: Caminhada do Silêncio em SP homenageia vítimas da ditadura e da violência de Estado Manifestantes marcharam até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP) - Elineudo Meira / @fotografia.75 A 5ª edição da Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado foi realizada neste domingo (6) em memória aos mortos e desaparecidos da ditadura militar. O ato também lembra as vítimas da violência policial dos dias de hoje, que tem como principal alvo a juventude negra e periférica. Com flores, velas e fotos, os manifestantes se reuniram na antiga sede do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na capital paulista e seguiram até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera. A caminhada deste ano teve como lema “Ainda estamos aqui”, em referência ao filme Ainda Estou Aqui, que retrata a luta da mãe de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido político durante a ditadura militar, pela busca por justiça e verdade. A psicóloga Vera Paiva, uma das filhas do casal Paiva, reforçou que a manifestação silenciosa é uma forma de protesto pelo “absurdo que tem sido a violência de Estado”, que não se encerrou com a redemocratização do país. “Que a gente possa a cada ano, de novo, fazer isso, porque o nosso objetivo é, pacificamente, com velas nas mãos, com rosas nas mãos, homenageando os nossos mortos, dizer: ditadura nunca mais! Pela vida e pela paz”, ressaltou Paiva. Vera Paiva também destacou a contribuição do filme Ainda Estou Aqui para dar visibilidade à luta por memória e justiça. Para ela, a obra ajudou a mostrar a realidade daquele período, quando as informações eram controladas e as famílias silenciadas “Acho que cada pessoa entra e assiste ao filme no papel de alguém e vive a história como ela foi para gente, sentindo na pele o que era viver uma ditadura”, diz. Manifestante com flores e fotos durante a 5ª Caminhada do Silêncio de São Paulo | Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75 A presidenta da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, enfatizou a necessidade de recordar os mortos e desaparecidos da ditadura, destacando que a violência de Estado ainda se faz presente no Brasil. “Esses atos que levaram a essas mortes, esses desaparecimentos, continuam se repetindo. Hoje em dia, as pessoas defendem quem mata, quem executa sem julgamento”, afirmou. Ela sublinhou a importância da democracia e da legalidade, lembrando que “a força de um ou de outro não pode prevalecer sobre a lei”. Gonzaga também mencionou a retomada da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a continuidade das campanhas para responsabilizar os agentes da ditadura. “Nossa intenção é dar sequência, nesses dois anos, à busca de corpos, à retificação de acentos de óbitos e incentivar as campanhas por responsabilização por agentes da ditadura. Não há reparação suficiente – mesmo reparação de conteúdo material –, que acolham o coração das vítimas, do que a justiça. Nós precisamos também ter responsabilização em relação a esse período”, afirma. Responsabilização aos golpistas do 8 de janeiro A Caminhada do Silêncio deste ano ocorreu no mesmo dia em que outro ato, na avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendia a anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Presentes na manifestação em memória às vítimas da violência de Estado, em oposição às reivindicações bolsonaristas, reafirmaram a defesa pela responsabilização dos envolvidos nos atentados contra o Estado Democrático de Direito. Faixa com pedido de prisão para Bolsonaro e militares envolvidos na tentativa de golpe de Estado | Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75 Marco Antonio Ferreira, professor da rede municipal e também participante do ato, destacou a relevância da manifestação no atual contexto político do Brasil. “Este ato é extremamente necessário e importante, especialmente agora, quando vemos a perspectiva de prisão para aqueles que atentam contra a democracia e o povo brasileiro”, disse. Ele ainda afirmou que é fundamental que o Brasil dê um basta à violência de Estado, que continua presente nos dias de hoje. Editado por: Geisa Marques

LULA DEFENDE O BRASIL, BOLSONARO AS TARIFAS DO TRUMP

Editoriais Lula em balanço de dois anos de governo Lula em balanço de dois anos de governo Enquanto Lula defende o país, o vendilhão da pátria Jair Bolsonaro se rende ao tarifaço de Trump Lula destaca-se por agregar os brasileiros em torno da defesa dos interesses do país e do nacionalismo 05 de abril de 2025, 20:06 h 329 Partilhas whatsapp-white sharing button 68twitter-white sharing button 27facebook-white sharing button 217email-white sharing button 4copy-white sharing button A caótica e improvisada elevação das tarifas de importação imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre mais de uma centena de países constitui um gesto desesperado. Tenta reverter uma decadência, mas deve precipitá-la. Representa uma ação defensiva típica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele reconhece o problema, a perda de competitividade dos Estados Unidos, mas reage de maneira atabalhoada, desnecessariamente espetaculosa e, afinal, contraproducente. Pretende provocar uma imensa reorganização das cadeias de comércio e da produção industrial. Por mais que venha a se revelar um tiro no pé, não se pode negar que o tarifaço procure, mesmo que por linhas tortas, atender aos interesses dos Estados Unidos. Play Video No Brasil, a medida da Casa Branca foi amplamente rechaçada. Serviu, porém, para explicitar uma aberração: o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou-se favorável às taxas sobre o comércio exterior brasileiro. Disse que as tarifas que protegem os produtores agrícolas ou as exportações de petróleo são coisas de comunistas, atacando setores que são seus aliados. Enquanto todas as associações de setores empresariais nacionais prejudicados silenciaram ou criticaram a imposição de taxas de 10% para a entrada dos produtos brasileiros nos EUA, Bolsonaro bateu palmas, fez continência para elas. Note-se que o herdeiro político do bolsonarismo, o governador paulista Tarcísio de Freitas, foi incapaz de se posicionar na defesa dos produtos brasileiros. Essa é a essência do fascismo: o entreguismo. Sob o slogan falso da defesa da pátria, ele, na verdade, quer extinguir a nação. O bolsonarismo veste as cores do país para, na verdade, traí-lo a serviço do interesse de uma outra nação, dos interesses do imperialismo. Bolsonaro prefere os Estados Unidos ao Brasil. Para servir a esta predileção, está disposto a tudo, até mesmo a sacrificar desavergonhadamente interesses brasileiros. Diante de atitude tão disparatada e até politicamente suicida, podem-se especular algumas hipóteses. Estaria Bolsonaro preparando, com ela, o ambiente junto a Trump para uma eventual fuga aos Estados Unidos? Essa opção não seria excludente com outra: seria Bolsonaro, na verdade, um agente estadunidense pronto para avançar no Brasil os interesses do império, sempre que houvesse que optar entre o agressor e a pátria brasileira? Algo, no entanto, parece certo: Jair e seus filhos obedecem mais hoje aos Estados Unidos, estão submetidos ao centralismo da internacional de extrema-direita que se apoderou da Casa Branca. Prova disso é que Eduardo Bolsonaro até abriu mão de seu mandato como deputado para tentar a vida junto aos hierarcas do trumpismo. Ao mesmo tempo, o presidente Lula destaca-se por agregar os brasileiros em torno da defesa dos interesses do país e do nacionalismo. Colhe, inclusive, acordos que seriam impensáveis, como a unanimidade na aprovação, pelo Senado, da lei que autoriza reciprocidade brasileira contra o tarifaço estadunidense. É de se notar que o acordo obteve adesão de senadores bolsonaristas que votaram sem nem consultar seu líder, certamente por considerarem que seria impensável apoiar os desejos do Tio Sam em detrimento do Brasil. Sintoma maior do estado de caos da liderança bolsonarista não há. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

PATRIOTAS DE VERDADE NÃO TORCEM CONTRA O BRASIL

Patriotas de verdade não torcem contra o Brasil Por Miguel Lucena É no mínimo contraditório que alguns brasileiros, ao se autodenominarem patriotas, celebrem ou torçam para que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha sanções contra o Brasil. Tal postura não só revela um falso patriotismo como também uma grave ignorância sobre a relação comercial entre os dois países. Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e estratégica. Os EUA são um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, com um fluxo bilateral que inclui exportações de produtos como aço, alumínio, soja, carne e etanol, além de importações de tecnologia, maquinário e bens industriais. Essas trocas movimentam bilhões de dólares e geram empregos em ambos os países. Qualquer ruptura comercial representaria um prejuízo significativo para as duas nações, algo que líderes pragmáticos evitam. Torcer para que interesses políticos ou ideológicos resultem em sanções é, na prática, desejar o fracasso do próprio país. É ignorar que o Brasil depende de mercados externos para crescer e que os EUA, historicamente, também têm no Brasil um parceiro importante. Portanto, um verdadeiro patriota não busca enfraquecer a nação, mas trabalhar para fortalecer suas parcerias e defender seus interesses econômicos. Quem torce contra o Brasil e a favor de prejuízos é, no fundo, um patriota fake. Miguel Lucena é advogado e jornalista.

Senador dos EUA pressiona STF a liberar passaporte de Bolsonaro; extrema-direita pede sanções

Senador dos EUA pressiona STF a liberar passaporte de Bolsonaro; extrema-direita pede sanções: Bolsonaro foi impedido pela Justiça de viajar aos Estados Unidos para a posse do presidente eleito

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Moraes destaca risco de fuga de Bolsonaro ao negar autorização para viagem aos EUA

Moraes destaca risco de fuga de Bolsonaro ao negar autorização para viagem aos EUA: "O cenário continua a indicar a possibilidade de tentativa de evasão para se furtar à aplicação

Nikolas cometeu crime contra a economia popular

Nikolas cometeu crime contra a economia popular: Depois de vibrar com suas próprias mentiras que prejudicaram a população, Nikolas começou a ver

Moraes: Diga ao povo que Bolsonaro fica

Moraes: Diga ao povo que Bolsonaro fica: Seria um achincalhe com a população brasileira o psicopata Bolsonaro, ter o passaporte de volta pa

Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo e libertação de reféns

Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo e libertação de reféns:   Após intensas negociações mediadas pelo Catar, Israel e o Hamas fecharam um acordo de c