terça-feira, 10 de junho de 2025

BOLSONARO SE INCRIMINA, FALTA APENAS A SENTEÇA E ASSINAR A NOTA DE CULPA

Bolsonaro se incrimina 'A tentativa de golpe foi confirmada por quem mais teria interesse em negá-la', escreve o colunista Oliveiros Marques 10 de junho de 2025, 18:14 h 166 Partilhas whatsapp-white sharing button 3twitter-white sharing buttonfacebook-white sharing button 163email-white sharing buttoncopy-white sharing button 🇬🇧 English Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Jair Bolsonaro Jair Bolsonaro (Foto: Fellipe Sampaio/STF) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Bolsonaro deveria ter optado pelo silêncio. A análise de discurso de todo o seu depoimento o coloca, a passos largos, rumo a um dos corredores da Papuda. A síntese perfeitamente clara - tanto do que disse quanto do que deixou de dizer - é que, sim, o Brasil viveu momentos à beira de uma ruptura com o Estado Democrático de Direito. Um golpe. Como se estivesse prestando depoimento a três surdos e cegos, e como se a audiência em rede nacional fosse composta apenas por imbecis, Bolsonaro admitiu com absoluta naturalidade ter realizado reunião com comandantes das Forças Armadas, na qual foi discutida a minuta do golpe. Com direito à projeção em uma televisão, segundo suas próprias palavras. A tentativa de golpe, portanto, foi confirmada por quem mais teria interesse em negá-la. Ad loading Mas ele foi além. Confessou também que o estado de sítio - ou a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), e portanto o avanço do golpe - só não prosperou porque não encontrou apoio suficiente entre setores militares, que foram ouvidos por ele, e de parte da sociedade civil. Apesar de tentar transformar o banco dos réus do Supremo Tribunal Federal em uma extensão do seu “cercadinho”, posando de bom moço e tentando suavizar seus modos grotescos, o ex-presidente se embaraçou. Ao não negar nenhum conteúdo da acusação, acabou reforçando a tese da Procuradoria-Geral da República que sustenta sua culpa. Ele reconheceu, inclusive, que houve conversas golpistas após o resultado das eleições - resultado que se recusava a “entubar”. Disse que eram reuniões informais. Ora, o presidente da República é presidente 24 horas por dia. Não existe “informalidade” em encontros com autoridades, ainda mais realizados em espaços oficiais. E muito menos quando essas reuniões são convocadas e conduzidas exclusivamente com representantes das Forças Armadas. E, diferente do que declarou em Ceilândia, durante a campanha de 2022 - quando, em relação a uma menina de 14 anos, afirmou que “pintou um clima”, numa clara e repugnante alusão sexual -, em seu depoimento ao STF disse que “não havia clima” para o golpe. O subtexto dessa fala é revelador: ou seja, se “houvesse clima”, a minuta teria virado decreto e sido assinada. Mais uma vez, ele próprio confirma a tentativa de golpe. Usando da retórica para se proteger, afirmou que militares não cumprem ordens ilegais. Vá dizer isso para D. Pedro II, para Getúlio Vargas e para João Goulart. A verdade é que, desta vez, o tecido social brasileiro se mostrou mais firme do que em outros tempos - e esse, provavelmente, foi o fator decisivo ponderado na tal reunião com os comandantes militares, que fez com que o golpe parasse na tentativa. * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

"SABEM QUE ESTÃO CONDENADOS'

"Sabem que estão condenados", diz Kakay sobre Bolsonaro e cúmplices da quadrilha golpista Advogado analisa defesas de Ramagem e Mauro Cid em envolvimento em tentativa de golpe e explica panorama juridico do julgamento no STF Créditos: Sergio Dutti/UOL/Folhapress Alice Andersen Por Alice Andersen Escrito en POLÍTICA el 10/6/2025 · 12:00 hs Comparta este artículo Receber Notificações Push Em entrevista ao Jornal da Fórum nesta segunda-feira (9), o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, falou sobre o primeiro dia dos interrogatórios de defesa no julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo Mauro Cid e Alexandre Ramagem, acusados de tentativa de golpe de Estado. O advogado expressou surpresa com a linha adotada pelos defensores, destacando a falta de uma discordância da ocorrência do crime. Conhecido por sua longa trajetória na defesa de réus em cortes superiores, Kakay destacou a particularidade dessa fase processual. Questionado sobre sua percepção do desenrolar do julgamento, afirmou ter acompanhado de perto a fase dos interrogatórios e explicou a diferença crucial entre o depoimento de uma testemunha e o de um réu no processo penal brasileiro. "O interrogatório é a única fase no processo penal brasileiro em que o réu tem fala. Ele faz a própria defesa, né? Todo o tempo do processo, quem produz a defesa são os advogados, a defesa técnica", disse. O criminalista ressaltou que, enquanto a testemunha é obrigada a responder sobre fatos de seu conhecimento, o réu no Brasil tem o direito de não produzir provas contra si e pode, inclusive, mentir. "É muito difícil você ver o interrogatório de um réu que seja absolutamente importante para poder absorver a pessoa. Por quê? Porque o réu vai pra lá falar que é inocente mesmo, essa é a regra." Sobre o depoimento de Mauro Cid, que é delator no processo, Kakay avaliou que foi “técnico, muito bom e bastante razoável para a manutenção” da delação. Ele minimizou episódios como o nervosismo do réu ao ser questionado sobre o uso de redes sociais, dizendo que, para o conjunto probatório, isso é “zero relevante”. O criminalista observou um clima de tensão entre os advogados de defesa: “Todo mundo sabe de que os clientes estão condenados agora. Espero que eles tenham feito bons honorários iniciais e não honorários de êxito” A apatia observada entre os defensores está ligada à força das provas e à dificuldade de sustentar teses de inocência diante de fatos já consolidados, segundo Kakay. “O que mais me impressionou até agora é que eu não vi nenhum daqueles advogados ali, alguns com bastante experiência, alguns chegarem lá e partirem pra cima do Ministério Público pra dizer que isso é um absurdo, é uma falácia, uma interpretação absolutamente marginal." "Oito advogados assumiram a tribuna, nenhum negou o crime. Nenhum advogado sentou lá e falou, isso é um absurdo, não houve crime, isso é uma falácia, meu cliente é inocente, porque o crime não ocorreu. Nada. O que eles fizeram foi, com respeito todo que tem pela advocacia, na ampla defesa, foi tentar mostrar que, de alguma forma, a pessoa que ele tava defendendo não participou do ato em si" Para ele, muitos profissionais têm dificuldade em assumir a defesa de acusados em casos tão sensíveis, especialmente quando há um viés democrático envolvido. “É difícil você advogar num momento deste do Brasil, em que quase tivemos um golpe, e você advogar sendo um democrata e pegar e subir na tribuna do Supremo Tribunal, que foi depredado, que o relator falou não era pra soltar as demais autoridades, mas você ficaria preso, que tinha um golpe pra matar, pelo menos o presidente da República e o ministro supremo, que tinha uma tentativa de fechar o Supremo Tribunal, como é que você vai assentar?” Kakay trouxe à tona um caso de experiência própria. "Não estou criticando, só comentando. Desde o primeiro momento, nós optamos no escritório por não pegar nenhum, ninguém que está envolvido de 8 de janeiro, ninguém. Fomos procurados por empresários, no momento X específico, exatamente porque eu sei que eu não poderia fazer essa entrega visceral pra causa." Ainda refletindo sobre a postura dos advogados na tribuna do STF, ele relembrou casos em que alguns defensores tentaram adotar uma linha mais agressiva, mas perderam o tom técnico: “Teve momentos nesse processo em que certo advogado chegou a dizer que os ministros do Supremo eram os mais odiados do Brasil. Nenhuma técnica, entendeu?” Condenação é certa A previsão é que as penas para os líderes da organização criminosa possam chegar a até 32 anos de prisão, considerando o volume e a gravidade das provas, de acordo com Kakay. “O processo penal que tá sendo feito nesse núcleo social, ele é abundante de provas que foram encontrados em computadores, em telefones, provas testemunhais, ou seja, o processo está cumprindo o rito democrático normal do processo penal democrático.” "É importante acompanhar esses interrogatórios agora, até porque o cidadão está no desespero, sabe que até meio de agosto ele vai estar condenado a 30 anos, provavelmente cadeia, 28, 30, 32. Porque, veja bem, se o cara que estava lá fazendo a bucha de canhão, tentando ajudar o golpe, foi condenado a 14, porque são cinco crimes, pena menor em cada um, somado em concurso dá 12, 14, 16, você imagine agora onde estão os líderes da organização criminosa", observa. O julgamento em curso de todos os golpistas é um momento singular no país, tanto pela importãncia histórica para um país marcado por golpes ao longo de sua história quanto pela defesa diante da justiça mais alta do país. “Você vai assumir a tribuna do Supremo e o golpe é fechar o Supremo. Entendeu? Talvez venha daí a sua perplexidade”, completou o advogado

segunda-feira, 9 de junho de 2025

BOLSONARO NO BANCO DOS RÉUS É "MOMENTO HISTÓRICO"

Bolsonaro no banco dos réus é "momento histórico", diz Gleisi "Que nunca mais voltem a ameaçar o país e a democracia”, adverte a ministra 09 de junho de 2025, 08:31 hAtualizado em 09 de junho de 2025, 09:10 h 55 Partilhas whatsapp-white sharing button 8twitter-white sharing button 7facebook-white sharing button 40email-white sharing buttoncopy-white sharing button 🇬🇧 English Translate to English Ouvir artigoÍcone de conversão de texto em fala Gleisi Hoffmann Gleisi Hoffmann (Foto: Gil Ferreira/SRI) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Otávio Rosso avatar Conteúdo postado por: Otávio Rosso 247 - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), destacou a relevância histórica do julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que dá um passo importante nesta segunda-feira (9) com os depoimentos dos integrantes do “núcleo 1” da trama golpista, incluindo o ex-presidente. As audiências seguirão até sexta-feira (13) e representam o desfecho da etapa de instrução final do processo sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. “Nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro estará sentado no banco dos réus, que é o lugar dele no estado democrático de direito. No STF, será interrogado na ação penal que responde com seus cúmplices pela tentativa de golpe contra a posse do presidente Lula, eleito em 2022”, disse Gleisi. Play Video A ministra apontou para a hipocrisia de Bolsonaro, que teve todas as garantias do devido processo legal, ao contrário do que teria em uma eventual ditadura. “Bolsonaro teve e terá, ao longo da ação, todas as garantias do devido processo legal, diferentemente do que acontece nas ditaduras que ele defende e tentou impor novamente ao Brasil. O julgamento de seus crimes é a melhor resposta às mentiras que ele, seus familiares e cúmplices espalham pelo mundo, difamando o Brasil, em busca de uma intervenção estrangeira na Justiça e na política em nosso país”, criticou. Gleisi concluiu afirmando que o julgamento é um “momento histórico”. “Estarão junto com ele, no banco dos réus, a violência política, o discurso de ódio, a rede de mentiras e todos os recursos que a extrema-direita empregou para usurpar o poder. É um momento histórico que vamos presenciar, para que nunca mais voltem a ameaçar o país e a democracia”, completou.

domingo, 8 de junho de 2025

LULA É LÍDER MUNDIAL CONSAGRADO EM AMBIENTE DOMÉSTICO DESAFIADOR

Lula é um líder mundial consagrado em ambiente doméstico desafiador O mesmo Lula que é reverenciado em Paris enfrenta uma realidade distinta em seu próprio país – e isso se deve ao cerco midiático contra sua reeleição 08 de junho de 2025, 02:51 h 207 Partilhas whatsapp-white sharing button 39twitter-white sharing button 18facebook-white sharing button 124email-white sharing button 7copy-white sharing button A recente visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França foi mais do que uma demonstração de diplomacia: foi a consagração de uma liderança mundial. Nenhum outro brasileiro, em nenhum tempo, desfrutou de tamanho prestígio internacional. Recebido com honras pelo presidente Emmanuel Macron, Lula não apenas consolidou laços políticos e econômicos com um dos principais países da União Europeia, mas também foi alvo de reverências raras no cenário global. Lula foi homenageado pela prestigiada Academia Francesa, uma instituição guardiã da cultura e do pensamento franceses. Também recebeu distinções da Universidade de Paris e da prefeita da capital, Anne Hidalgo, que o qualificou como um símbolo global da justiça social e da luta contra a desigualdade. Tais homenagens não são apenas protocolares — elas refletem o reconhecimento de um estadista cuja trajetória inspira além das fronteiras nacionais. Play Video Paradoxalmente, o mesmo Lula que é reverenciado em Paris enfrenta uma realidade distinta em seu próprio país. As duas pesquisas mais recentes — tanto da Genial/Quaest quanto da AtlasIntel — apontam para uma piora na avaliação de seu governo. A aprovação caiu nos dois levantamentos, acompanhada por um avanço de hipotéticos adversários nas intenções de voto para a eleição presidencial de 2026. O presidente, que no início do mandato parecia consolidar uma ampla frente de apoio, agora vê-se diante de um ambiente político potencialmente mais hostil. O paradoxo torna-se ainda mais evidente diante dos bons indicadores econômicos. O Brasil registra crescimento acima das expectativas, com avanço do PIB, distribuição de renda mais justa, valorização do real, queda da inflação, num contexto de responsabilidade fiscal e forte geração de empregos. Ainda assim, tais dados positivos parecem não se converter, ao menos por ora, em capital político tranquilizador. Essa desconexão aponta para algo mais profundo: a formação de um cerco oposicionista que não se limita à crítica política, mas que busca minar, desde já, a viabilidade de uma eventual reeleição. O bolsonarismo, mesmo sem liderança formal e enfrentando impasses judiciais, permanece como um polo mobilizador nas redes e nas ruas. E há ainda a ação do consórcio de setores da elite econômica e da mídia hegemônica que nunca aceitaram o retorno de Lula ao Planalto. É necessário dizer com clareza: Lula merece todas as homenagens que recebeu em Paris. Nenhum outro brasileiro é tão reconhecido e celebrado internacionalmente quanto ele — e talvez jamais venha a ser. Mas o desafio que se impõe a ele agora é outro: fazer com que o Brasil enxergue o que o mundo já reconhece. As condições para isso estão dadas. Se Lula quiser transformar prestígio internacional em força política interna, será preciso mais do que indicadores positivos — será necessária comunicação direta, enfrentamento firme das forças antidemocráticas e reconstrução de pontes com os setores que hoje se mostram indiferentes ou críticos. Bons índices são importantíssimos. Não são, porém, suficientes para a vitória numa campanha que se anuncia feroz, marcada pelas práticas criminosas dos adversários. O fator decisivo para a vitória será conseguir pôr em ação instrumentos políticos capazes de unir os democratas contra o fascismo numa frente a mais ampla possível. Igualmente, será necessário energizar os setores sociais na defesa das conquistas obtidas. Na cadeira de presidente, Lula dispõe de meios para engajar a sociedade em favor das transformações que traduzem este seu terceiro mandato. É pelo aprofundamento das mudanças que se justifica uma nova postulação presidencial. O tempo joga a favor ou contra, a depender da conduta a ser adotada. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247

sábado, 31 de maio de 2025

DE AUSCHWITZ A GAZA

De Auschwitz a Gaza Gaza foi transformada no maior campo de concentração a céu aberto jamais conhecido pela humanidade 31 de maio de 2025, 13:15 h
Israel já assassinou mais de 16.500 crianças em Gaza durante o genocídio Israel já assassinou mais de 16.500 crianças em Gaza durante o genocídio (Foto: Reuters) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Gaza foi transformada no maior campo de concentração a céu aberto jamais conhecido pela humanidade. Um inimaginável “corredor da morte” onde o povo palestino, mais da metade crianças, aguarda a condenação sem sursis ditada pelo inimigo luciferino assustadoramente belicoso e perverso. E, na mesma medida, covarde. O governo sionista de Israel promove, há meses, sob as vistas cegas da comunidade internacional, cínica, uma declarada limpeza étnica. Nesse verdadeiro “campo de concentração e extermínio” os desgraçados não caminham com seus próprios pés para as câmaras de gás a que eram condenadas as vítimas do nazismo: são destroçados pelas bombas do moderníssimo exército do Estado de Israel, fundado em 1947 sob os auspícios da ONU exatamente para garantir um lar ao povo sobrevivente do holocausto. Como os judeus de ontem, os palestinos de hoje não têm condições de defesa; mas sobre eles (como se a fome, o vilipêndio e o roubo de suas terras não fossem suficientes) um poderoso exército – aviões supersônicos, drones, mísseis, tanques de guerra e toda sorte de artilharia – vomita bombas. Trata-se de um genocídio operado às claras e à sombra da iniquidade moral de uma comunidade internacional que a tudo assiste impassível. Ao contrário dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, as vítimas de hoje não podem sonhar com a libertação do Exército Vermelho, que em janeiro de 1945 avançou sobre a Polônia a caminho de Berlim. Ninguém marcha em seu socorro. Estão abandonadas “à própria sorte”, que se tem revelado madrasta. Os que escaparem do cerco de Gaza já estão condenados à ausência de futuro: sem pátria e sem terra, não terão para onde ir. São pobres, e não dispõem de uma cadeia de proteção espalhada pelo mundo; são os novos condenados da terra. Sem “salvação prometida”, foram condenados ao desterro, caminharão sem destino, desfeitos os sonhos, perdidas as esperanças mais modestas. Em 1947, a Palestina, então ocupada por 600 mil judeus e 1,3 milhão de árabes (dos quais cerca de 700 mil palestinos foram expulsos), seria partilhada para que ali se instalassem dois Estados, um judeu (o futuro Estado de Israel) e outro árabe. O primeiro se estabeleceu, e sabe-se o que é ele hoje. O outro, passados 78 anos, aguarda o reconhecimento internacional que lhe é negado. Lideram a recusa os EUA e sua coorte: Reino Unido, Alemanha e a maioria da União Europeia. Israel ocupa e bloqueia os territórios palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e de Gaza, onde deita e rola desde a invasão de 1967, no curso da “Guerra dos Seis Dias”. Os palestinos de Gaza são um povo cativo em um país ocupado para ser destruído, hermeticamente bloqueado, privado de combustível, eletricidade, água, alimentos e remédios, com sua infraestrutura civil destruída, as escolas postas abaixo, e os hospitais à mercê dos bombardeios. As estimativas falam em algo como 35 e 45 mil vítimas civis. Mais de 15 mil crianças já morreram, e a ONU adverte que outras, mais de 15 mil bebês, ainda podem morrer se o governo de Israel continuar bloqueando a entrada de alimentos e remédios. A propósito, o insuspeitíssimo Estadão (29/5/25), claramente vinculado aos interesses da direita internacional, reproduz matéria de agência de notícias estrangeira sob o seguinte título: “Palestinos famintos invadem centro de distribuição de comida”. Abaixo estampa foto de multidão de jovens e velhos, todos famélicos, disputando uma cuia de farinha ou um naco de pão. Enquanto a comunidade internacional se omite, e o sionismo aplaude os crimes de guerra, Ehud Olmert, ex-primeiro ministro de Israel (2006-2009), define a política sionista como “perversa, maliciosa e irresponsável”. É preciso ouvi-lo: “Netanyahu, tipicamente, tenta obscurecer o tipo de ordens que vem dando, a fim de se esquivar de responsabilidade legal e criminal no devido tempo. Mas alguns de seus lacaios dizem isso abertamente: ‘Sim, vamos matar Gaza de fome’”. Acusa: “Israel está cometendo crimes de guerra”. Ehud Olmert certamente identifica como lacaios do genocida personagens como o ex-ministro e ex-deputado e líder direitista Moshe Feiglin, fundador do Zehut. Vejamos o que declarou em entrevista ao Canal 14, da televisão israelense: “Toda criança, todo bebê em gaza é um inimigo. O inimigo não é o Hamas, nem a ala militar do Hamas. Toda criança em Gaza é um inimigo. Temos que conquistar Gaza e colonizá-la e não deixar uma só criança lá. E não há outra vitória”. O conteúdo do áudio foi registrado pelo The Guardian e correu o mundo, sem, contudo, despertar o menor interesse da grande imprensa brasileira. Ao contrário dos nazistas, que tentavam esconder o holocausto, o genocídio levado a cabo contra os palestinos é escancarado, exposto ao mundo, tonitruado e exaltado pelos dirigentes de Israel e dos EUA, a potência imperial que lhes fornece apoio político, econômico, militar e logístico. Ao contrário do povo alemão, que alegava desconhecer os consabidos crimes do nazismo, a população de Israel aplaude o genocídio. Segundo pesquisa encomendada pela Penn State University, e analisada por Tamir Sorek, “82% dos judeus-israelenses apoiam a limpeza étnica de Gaza, enquanto 56% apoiam a expulsão de palestinos com cidadania israelense, comumente designados pelo léxico colonial como árabes-israelenses, e 47% concordam com a matança de palestinos em áreas conquistadas por Israel”. A visão fundamentalista, messiânica e supremacista, todavia, não muda, quando, diz a pesquisa, é ouvido o público secular: “69% dos secularistas apoiam a expulsão forçada dos moradores de Gaza, e 31% deles veem o extermínio dos moradores de Jericó como um precedente que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) deveriam adotar.” Os últimos acontecimentos, porém, e o temor de que a barbárie sionista torne impossível o retorno dos reféns ainda nas mãos do Hamas, podem mudar o quadro interno. Registram-se as primeiras reações populares contra os reiterados crimes de guerra do Estado sionista. Manifestações de protestos surgem em várias capitais europeias. A tudo o que se sabe e não se pode mais ignorar, a imprensa mainstream batiza de “a guerra de Gaza”, como se estivéssemos em face do confronto entre dois exércitos. Assim participa da “guerra”, manipulando a informação, uma de suas frentes mais importantes. Ecoa a narrativa ideológica que interessa a sionismo, e ainda distorce ao reiterar que as ações militares têm os guerrilheiros do Hamas como alvo, quando qualquer análise fria põe a nu que o objeto dos massacres é uma hedionda limpeza étnica. É preciso denunciar e repetir à exaustão. Agências internacionais, em meados deste maio, estimavam algo entre 35 e 40 mil como o número de vítimas civis fatais em Gaza. Ainda é impossível calcular o número de feridos e mutilados e invalidados. Mas já se pode dizer que todos perderam seus bens e a cidade foi reduzida a nada. Onde já se comemorou a vida, onde um dia foi possível acreditar no futuro, apostar no sonho de um novo lar, o sionismo construiu um grande túmulo; nele se misturam vidas mortas e ruínas. Os palestinos amargam a angústia de não saberem até quando estarão vivos. Nosso silêncio, nossa inação, como povo, como sociedade, como agentes políticos, o silêncio de nossas organizações, a apatia da academia, o sono dos sindicatos, a miséria de nossos partidos, nossa pobreza revolucionária, nosso recuo diante do establishment serão registrados pela História como cumplicidade moral. Do nosso governo é justo esperar algo mais que a justa retórica. A miséria nazista, que atingiu de forma bruta e até então impensável os judeus, os comunistas, os progressistas e o pensamento de esquerda de um modo geral, os homossexuais, os ciganos, os doentes mentais, os dissidentes – a miséria dos crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra –, foi condenada tanto pela indignação ética do mundo que então se recompunha, quanto pelo direito internacional, erguido pelo poder vencedor dos aliados. O direito carece da força para se impor. Quase todos os criminosos de guerra do Eixo (afora os que se suicidaram, como Hitler) foram julgados e condenados pelo Tribunal de Nurenberg. Ocorre que os criminosos de hoje são os que controlam a força que controla o direito. Os crimes de guerra dos EUA no Vietnã foram julgados pelo Tribunal Russell. Na altura, era o máximo possível diante da potência guerreira. Não implicou consequências objetivas, não evitou novas invasões, nem novas ocupações, nem novos crimes de guerra, mas, pelo menos, pode-se dizer que nossa consciência crítica, com aquele gesto de notável carga simbólica, rompeu com a inércia moral, e, não podendo intervir no processo histórico, deixamos nosso testemunho. A posteridade julgará os omissos. Desprotegida do que ainda chamamos de civilização, que dela se apartou, Gaza, vazia e morta, logo se transformará na formosa Riviera dos sonhos imobiliários de Trump. Suas praias, nas margens orientais do Mar Negro, hoje interditadas, em breve estarão liberadas. Bem guardadas, serão desfrutadas por brancos europeus, norte-americanos e israelenses endinheirados, livres de palestinos e dos pobres de um modo geral. Não será ainda o grande sonho, mas pode ser a nano sugestão de uma terra prometida. *** A miséria nossa de cada dia I – Se a sociedade se cala, o Senado Federal altera a voz. No último 20 de maio a chamada Câmara Alta aprovou, por injustificável unanimidade, isto é, com os votos dos partidos conhecidos como progressistas, projeto de lei que institui o dia 12 de abril como o “Dia da Amizade Brasil-Israel”, que nunca esteve tão rala como agora. E esmerou-se na escolha do pior momento, exatamente quando o Estado sionista intensifica o genocídio de que é vítima o povo palestino. Resta saber se o presidente da República terá força política para vetá-lo. Abraços ao sempre mestre Paulo Sérgio Pinheiro, que nos honrou com seu protesto. A miséria nossa de cada dia II - O Senado se esmera no esforço por auto desqualificar-se. Isso não é bom para a República, nem muito menos para a democracia, fundada na representação popular. No dia 27 de maio, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, compareceu à Comissão de Infraestrutura para discorrer sobre “a criação de unidade de conservação marinha na margem equatorial do Amapá”. Abordou o tema requerido, mas por ele não se interessaram os senadores. Isso não lhes dizia respeito: o convite se convertera em mero despiste para uma cilada. Ao invés de debater com a Ministra, os senadores, agindo como coletivo, partiram para o ataque gratuito, e a agrediram, no limite da ofensa física. Abusaram dos gritos, da tentativa de desconstituição política e pessoal, abusaram dos insultos, mesmo daqueles descabidos em roda de bar de beira de estrada. Abusaram da prepotência machista, da misoginia, do racismo e da exposição dos preconceitos os mais repugnantes. Exaltaram-se na defesa lobista dos negócios de empreiteiras, dos capitães de motosserra e dos interesses inconfessáveis, mas conhecidos, que se levantam contra a proteção do meio-ambiente, que, ao fim e ao cabo, é a defesa da vida. A comissão saiu-se mal, os senadores saíram-se mal (todos, os grosseirões e os que fugiram da defesa da ministra), mas ela saiu-se muito bem, fez-se forte ante os que queriam enfraquecê-la; saiu limpa e digna como entrou. Fico de pé para aplaudir Marina Silva. Enfim, há o que saudar – Em meio a tanto mal-estar, em meio ao choro de saudade de tanta gente que partiu aumentando nosso vazio, há uma alegria por festejar: os prêmios de Kleber Mendonça e Wagner Moura, dois intelectuais comprometidos com a construção de uma nova ordem social. * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

domingo, 25 de maio de 2025

DILMA ANISTIADA E MILITARES A CAMINHO DA CADEIA

Dilma anistiada e militares a caminho da cadeia Hoje anistiada e reconhecida globalmente, Dilma simboliza a resistência que atravessa décadas 24 de maio de 2025, 20:54 h 174 Partilhas whatsapp-white sharing button 52twitter-white sharing button 36facebook-white sharing button 69email-white sharing button 6copy-white sharing button A justiça histórica, ainda que tardia, parece estar se desenhando no horizonte político brasileiro. De um lado, a ex-presidenta Dilma Rousseff, anistiada e indenizada pelo Estado pelo sequestro e torturas brutais sofridas nas masmorras do DOI-CODI durante a ditadura militar, recebe um reconhecimento formal de sua luta pela democracia. Do outro, os militares e civis que planejaram assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, o ministro do STF Alexandre de Moraes, o ex-ministro José Dirceu em 2022, além de invadir os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e matar "muito mais gente", enfrentam a cadeia — ironia cruel para quem se inspirava nos métodos do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o "Dr. Tibiriçá", chefe e executor do mesmo aparelho repressivo que torturou Dilma e centenas de outros resistentes. Dilma se destaca não apenas por seu passado de resistência à ditadura, mas por seu desprendimento ilimitado, à custa da própria vida, pela democracia. Como presidenta, honrou os mandatos duas vezes recebidos do eleitorado. Governou com honestidade exemplar, sendo derrubada por um golpe parlamentar sem que houvesse qualquer crime de responsabilidade que justificasse seu impeachment. Sua queda foi um ataque à vontade popular, já que 54 milhões de brasileiros a elegeram — um mandato legítimo rasgado por interesses escusos. Play Video Hoje, Dilma é consagrada internacionalmente em reconhecimento por seu árduo e brilhante desempenho à frente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, onde teve seu mandato renovado por mais cinco anos devido à sua competência na gestão de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Uma trajetória que contrasta com a dos golpistas de 2016, hoje derrotados nas urnas, com alguns de seus títeres destinados à prisão. Golpistas de 2022-2023, autointitulados "Punhal Verde e Amarelo", agiram como discípulos fanáticos de Ustra. Planejaram envenenar Lula, explodir Moraes com granadas e usar um arsenal de guerra — incluindo metralhadoras e lança-rojões — para consumar um golpe que tendia a superar em crueldade os piores pesadelos da ditadura. Seus líderes, como o general Mário Fernandes (ex-assessor de Bolsonaro), eram os mesmos que, em 8 de janeiro, coordenaram a invasão dos palácios enquanto bajulavam a herança sanguinária de Ustra — tal como Bolsonaro fez em 2016, ao homenagear o torturador durante o impeachment de Dilma, chamando-o de "o terror da presidenta". A conexão é óbvia: a extrema-direita brasileira, derrotada nas urnas, recorre sempre aos mesmos métodos. Se nos anos 1970 usavam cassetetes e choques elétricos, hoje armam milicianos digitais e militares radicalizados. Mas a resposta democrática tem sido igualmente clara. A CPMI do 8 de Janeiro revelou como o golpe foi urdido nos gabinetes do governo Bolsonaro. O STF agora, de maneira inédita na história, não hesita em levar ao banco dos réus os terroristas de fato — ao contrário da impunidade que Ustra desfrutou em vida. Dilma, hoje anistiada e reconhecida globalmente, simboliza a resistência que atravessa décadas. Sua tortura nos porões da ditadura, seu impeachment fraudulento em 2016 e sua ascensão ao BRICS são capítulos da mesma guerra: a da democracia contra os que a veem como um incômodo. A diferença é que, desta vez, os algozes não escaparão. Se Ustra morreu sem cumprir pena, seus herdeiros políticos — os "kids pretos" e seus mandantes — terão de responder perante a lei. O passado não se repete como farsa, mas como tragédia desmascarada e como reparação da verdade, da memória e da justiça a uma heroína da Pátria. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247 Tags Dilma Dilma Rousseff anistia militares golpismo punhal verde e amarelo 8 de janeiro Relacionados 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Brasil 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Brasil Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica" Brasil Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica"
Dilma anistiada e militares a caminho da cadeia Hoje anistiada e reconhecida globalmente, Dilma simboliza a resistência que atravessa décadas 24 de maio de 2025, 20:54 h A justiça histórica, ainda que tardia, parece estar se desenhando no horizonte político brasileiro. De um lado, a ex-presidenta Dilma Rousseff, anistiada e indenizada pelo Estado pelo sequestro e torturas brutais sofridas nas masmorras do DOI-CODI durante a ditadura militar, recebe um reconhecimento formal de sua luta pela democracia. Do outro, os militares e civis que planejaram assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, o ministro do STF Alexandre de Moraes, o ex-ministro José Dirceu em 2022, além de invadir os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e matar "muito mais gente", enfrentam a cadeia — ironia cruel para quem se inspirava nos métodos do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o "Dr. Tibiriçá", chefe e executor do mesmo aparelho repressivo que torturou Dilma e centenas de outros resistentes. Dilma se destaca não apenas por seu passado de resistência à ditadura, mas por seu desprendimento ilimitado, à custa da própria vida, pela democracia. Como presidenta, honrou os mandatos duas vezes recebidos do eleitorado. Governou com honestidade exemplar, sendo derrubada por um golpe parlamentar sem que houvesse qualquer crime de responsabilidade que justificasse seu impeachment. Sua queda foi um ataque à vontade popular, já que 54 milhões de brasileiros a elegeram — um mandato legítimo rasgado por interesses escusos. Hoje, Dilma é consagrada internacionalmente em reconhecimento por seu árduo e brilhante desempenho à frente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, onde teve seu mandato renovado por mais cinco anos devido à sua competência na gestão de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Uma trajetória que contrasta com a dos golpistas de 2016, hoje derrotados nas urnas, com alguns de seus títeres destinados à prisão. Golpistas de 2022-2023, autointitulados "Punhal Verde e Amarelo", agiram como discípulos fanáticos de Ustra. Planejaram envenenar Lula, explodir Moraes com granadas e usar um arsenal de guerra — incluindo metralhadoras e lança-rojões — para consumar um golpe que tendia a superar em crueldade os piores pesadelos da ditadura. Seus líderes, como o general Mário Fernandes (ex-assessor de Bolsonaro), eram os mesmos que, em 8 de janeiro, coordenaram a invasão dos palácios enquanto bajulavam a herança sanguinária de Ustra — tal como Bolsonaro fez em 2016, ao homenagear o torturador durante o impeachment de Dilma, chamando-o de "o terror da presidenta". A conexão é óbvia: a extrema-direita brasileira, derrotada nas urnas, recorre sempre aos mesmos métodos. Se nos anos 1970 usavam cassetetes e choques elétricos, hoje armam milicianos digitais e militares radicalizados. Mas a resposta democrática tem sido igualmente clara. A CPMI do 8 de Janeiro revelou como o golpe foi urdido nos gabinetes do governo Bolsonaro. O STF agora, de maneira inédita na história, não hesita em levar ao banco dos réus os terroristas de fato — ao contrário da impunidade que Ustra desfrutou em vida. Dilma, hoje anistiada e reconhecida globalmente, simboliza a resistência que atravessa décadas. Sua tortura nos porões da ditadura, seu impeachment fraudulento em 2016 e sua ascensão ao BRICS são capítulos da mesma guerra: a da democracia contra os que a veem como um incômodo. A diferença é que, desta vez, os algozes não escaparão. Se Ustra morreu sem cumprir pena, seus herdeiros políticos — os "kids pretos" e seus mandantes — terão de responder perante a lei. O passado não se repete como farsa, mas como tragédia desmascarada e como reparação da verdade, da memória e da justiça a uma heroína da Pátria. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247 Tags Dilma Dilma Rousseff anistia militares golpismo punhal verde e amarelo 8 de janeiro Relacionados 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Brasil 'Dilma é uma guerreira que lutou contra a ditadura', celebra Jorge Messias após anistia para ex-presidente Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Brasil Comissão concede anistia a Dilma Rousseff por perseguição e tortura sofrida durante a ditadura militar Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica" Brasil Gleisi: anistia a Dilma é "reparação histórica"

segunda-feira, 19 de maio de 2025

"STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro"

"STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro", diz Gilmar Mendes Ministro do Supremo critica projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro e vê ofensiva bolsonarista contra a democracia 19 de maio de 2025, 04:05 h Redação Brasil 247 2 47 – Em entrevista concedida aos jornalistas Ricardo Noblat e Guga Noblat (assista aqui), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma firme defesa da atuação da Corte nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, e alertou para os riscos que projetos de anistia e propostas legislativas podem representar para a democracia brasileira. Ao comentar os ataques sofridos pelo Supremo e a queda de sua popularidade, Gilmar afirmou que a atuação do tribunal foi essencial para salvar vidas diante da omissão do governo Bolsonaro. “O tribunal impediu o governo de continuar com aquela marcha sem sentido que tínhamos — a marcha da insensatez, aquela ideia da imunidade de rebanho”, disse. Segundo ele, sem a intervenção da Corte, o governo teria prosseguido com uma política pública "sem sentido", o que poderia ter custado ainda mais vidas durante a crise sanitária. Redes sociais e desgaste institucional O ministro também refletiu sobre a deterioração da imagem do STF nos últimos anos, apontando o papel das redes sociais nesse processo. “Talvez tenhamos a nosso favor uma maioria silenciosa e contra nós uma minoria muito barulhenta”, avaliou. Para ele, a ascensão da desinformação e dos ataques orquestrados online tem influenciado negativamente a percepção pública sobre o Judiciário. Gilmar ainda destacou que a função do Supremo é, muitas vezes, “contramajoritária”, ou seja, deve resistir às pressões populares quando estas se contrapõem à Constituição. “O tribunal precisa nadar contra a corrente para defender os princípios constitucionais, mesmo que isso custe popularidade”, explicou. "STF impediu a marcha da insensatez de Bolsonaro", diz Gilmar Mendes Ministro do Supremo critica projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro e vê ofensiva bolsonarista contra a democracia 19 de maio de 2025, 04:05 h 137 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing button 22facebook-white sharing button 93email-white sharing button 6copy-white sharing button Gilmar Mendes Gilmar Mendes (Foto: STF via Flickr) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247 247 – Em entrevista concedida aos jornalistas Ricardo Noblat e Guga Noblat (assista aqui), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma firme defesa da atuação da Corte nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, e alertou para os riscos que projetos de anistia e propostas legislativas podem representar para a democracia brasileira. Ao comentar os ataques sofridos pelo Supremo e a queda de sua popularidade, Gilmar afirmou que a atuação do tribunal foi essencial para salvar vidas diante da omissão do governo Bolsonaro. “O tribunal impediu o governo de continuar com aquela marcha sem sentido que tínhamos — a marcha da insensatez, aquela ideia da imunidade de rebanho”, disse. Segundo ele, sem a intervenção da Corte, o governo teria prosseguido com uma política pública "sem sentido", o que poderia ter custado ainda mais vidas durante a crise sanitária. Redes sociais e desgaste institucional O ministro também refletiu sobre a deterioração da imagem do STF nos últimos anos, apontando o papel das redes sociais nesse processo. “Talvez tenhamos a nosso favor uma maioria silenciosa e contra nós uma minoria muito barulhenta”, avaliou. Para ele, a ascensão da desinformação e dos ataques orquestrados online tem influenciado negativamente a percepção pública sobre o Judiciário. Gilmar ainda destacou que a função do Supremo é, muitas vezes, “contramajoritária”, ou seja, deve resistir às pressões populares quando estas se contrapõem à Constituição. “O tribunal precisa nadar contra a corrente para defender os princípios constitucionais, mesmo que isso custe popularidade”, explicou. Críticas à anistia e à ofensiva legislativa Questionado sobre o projeto em tramitação no Congresso que busca anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, o ministro foi direto: “Estão usando casos como o da Débora do Batom mais para beneficiar a cúpula que eventualmente se envolveu em tropelias de golpe de Estado”. Ele alertou para o risco de se normalizar crimes contra a democracia sob o pretexto de pacificação. Gilmar também lembrou que iniciativas semelhantes existiram em regimes autoritários, como a Constituição de 1937, conhecida como “polaca”. “Esse dispositivo constava da polaca, que não era nada democrática. Getúlio usou esse dispositivo contra decisões do Supremo”, afirmou, em referência a projetos que visam submeter decisões do STF ao crivo do Congresso. Tentativas de ruptura e leniência com golpismo Durante a entrevista, o ministro recordou episódios em que temeu graves tumultos institucionais nos quatro anos do governo Bolsonaro. “Tivemos momentos de muita tensão, como o desfile de tanques na Esplanada e manifestações que ameaçavam o tribunal”, contou. Ele classificou como “leniente” a conduta de setores militares diante dos acampamentos golpistas em frente a quartéis. “O que nós fizemos para permitir que isso acontecesse? E o que devemos fazer para evitar que se repita?”, questionou Gilmar ao lembrar sua visita ao prédio do Supremo após os ataques de janeiro de 2023. Para ele, ainda falta clareza na definição do papel das Forças Armadas e de policiais militares em funções públicas civis, e o Congresso tem sido omisso ao não avançar com propostas que delimitem esses pontos. Diferença entre as anistias de 1979 e 2023 Ao ser confrontado com o argumento de que uma nova anistia seria coerente com a de 1979, Mendes foi categórico ao refutar a comparação: “A de 79 fazia parte de um processo de reconciliação após um período de exceção. Agora estamos vivendo um outro momento — estávamos em plena democracia, num ambiente de absoluta normalidade, quando veio o ataque. Isto não faz qualquer sentido”. Por fim, o ministro reiterou a necessidade de se preservar o Estado Democrático de Direito e chamou atenção para o papel do Judiciário na contenção de impulsos autoritários. “É possível que se vá tanto em termos de impunidade que se coloque em risco todo um processo civilizatório”, alertou. Críticas à anistia e à ofensiva legislativa Questionado sobre o projeto em tramitação no Congresso que busca anistiar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, o ministro foi direto: “Estão usando casos como o da Débora do Batom mais para beneficiar a cúpula que eventualmente se envolveu em tropelias de golpe de Estado”. Ele alertou para o risco de se normalizar crimes contra a democracia sob o pretexto de pacificação. Gilmar também lembrou que iniciativas semelhantes existiram em regimes autoritários, como a Constituição de 1937, conhecida como “polaca”. “Esse dispositivo constava da polaca, que não era nada democrática. Getúlio usou esse dispositivo contra decisões do Supremo”, afirmou, em referência a projetos que visam submeter decisões do STF ao crivo do Congresso. Tentativas de ruptura e leniência com golpismo Durante a entrevista, o ministro recordou episódios em que temeu graves tumultos institucionais nos quatro anos do governo Bolsonaro. “Tivemos momentos de muita tensão, como o desfile de tanques na Esplanada e manifestações que ameaçavam o tribunal”, contou. Ele classificou como “leniente” a conduta de setores militares diante dos acampamentos golpistas em frente a quartéis. “O que nós fizemos para permitir que isso acontecesse? E o que devemos fazer para evitar que se repita?”, questionou Gilmar ao lembrar sua visita ao prédio do Supremo após os ataques de janeiro de 2023. Para ele, ainda falta clareza na definição do papel das Forças Armadas e de policiais militares em funções públicas civis, e o Congresso tem sido omisso ao não avançar com propostas que delimitem esses pontos. Diferença entre as anistias de 1979 e 2023 Ao ser confrontado com o argumento de que uma nova anistia seria coerente com a de 1979, Mendes foi categórico ao refutar a comparação: “A de 79 fazia parte de um processo de reconciliação após um período de exceção. Agora estamos vivendo um outro momento — estávamos em plena democracia, num ambiente de absoluta normalidade, quando veio o ataque. Isto não faz qualquer sentido”. Por fim, o ministro reiterou a necessidade de se preservar o Estado Democrático de Direito e chamou atenção para o papel do Judiciário na contenção de impulsos autoritários. “É possível que se vá tanto em termos de impunidade que se coloque em risco todo um processo civilizatório”, alertou.

domingo, 18 de maio de 2025

PAPA CONVIDADO A COMPARECER A COP30

Novo papa condena economia que ‘explora recursos da Terra e marginaliza pobres’; Alckmin o convida à COP30 Leão 14 celebrou missa para 150 mil pessoas e 140 delegações na Basílica de São Pedro 18.maio.2025 às 10h26 Curitiba (PR) Redação Novo papa condena economia que ‘explora recursos da Terra e marginaliza pobres’; Alckmin o convida à COP30 O vice-presidente Geraldo Alckmin entrega ao papa Leão 14 convite para à COP30, que acontecerá em novembro, em Belém - Reprodução/Vatican News O novo papa, Leão 14, celebrou neste domingo a missa inaugural de seu papado condenando o modelo econômico que “explora os recursos da Terra” e “marginaliza os pobres”. Na ocasião, o papa recebeu das mãos do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) um convite para que compareça à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém. Alckmin foi o representante do Estado brasileiro na missa celebrada por Leão 14, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Outras 140 delegações de países e organizações internacionais estiveram no evento, incluindo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. Cerca de 150 mil pessoas assistiram à cerimônia, que começou às 10h do horário local (5h no horário de Brasília). Leão cumpriu alguns rituais do início do papado, como o recebimento do Pálio, símbolo da posição do papa como pastor dos católicos, e do Anel do Pescador, com a imagem do apóstolo Pedro, usado para autenticar documentos do Vaticano. Depois, falou aos presentes pedindo paz e fraternidade. “Ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente e um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”, disse Leão 14. “Queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: olhem para Cristo, aproximem-se dele”, acrescentou ele. O estadunidense naturalizado peruano disse que foi escolhido para substituir o papa Francisco, morto no último dia 21, “sem mérito, com temor e tremor”. Disse que não pretende ser “um líder solitário ou um chefe acima dos outros”. Editado por: Nicolau Soares

PRESO POLITICO POR 12 ANOS A PRESIDENTE DO URUGUAI

De preso político por 12 anos a presidente do Uruguai: veja a trajetória excepcional de Pepe Mujica Com flores, cárcere e mateadas, Mujica moldou a história uruguaia com ética, coragem e amor 18.maio.2025 às 10h10 Havana (Cuba) Gabriel Vera Lopes De preso político por 12 anos a presidente do Uruguai: veja a trajetória excepcional de Pepe Mujica (FILES) Former National Liberation Movement (MLN) guerrilla organization members (L) Jose Mujica, and Mauricio Rossencof(R) next to Adolfo Wassen Jr. are seen on the day of their liberation as political prisoners in Montevideo on March 14, 1985. Mujica is due to take office as Uruguayan President next March 1, marking the begining of a second term for the ruling left-wing Frente Amplio coalition. Mujica, an ex-guerrilla fighter and hero of the Latin American left, died on May 13, 2025 at the age of 89. The humble leader -- who once spent a dozen years behind bars for revolutionary activity -- lost his battle against cancer after announcing in January the disease had spread and he would stop treatment. (Photo by AGENCIA CAMARA TRES / AFP) / Uruguay OUT / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / AGENCIA CAMARA TRES " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Filho de Demetrio Mujica Terra e Lucy Cordano Giorello, “Pepe” Mujica cresceu nos arredores de Montevidéu, em Paso de la Arena, em uma família de pequenos trabalhadores rurais. Sua mãe era horticultora e seu pai, pequeno agricultor que faleceu em 1940, quando Mujica tinha apenas seis anos de idade. Desde cedo, Mujica trabalhou vendendo flores para ajudar a mãe, hábito que, assim como o amor pela terra, o acompanhariam por toda a vida, até seus últimos dias. A necessidade de trabalhar o impediu de concluir os estudos e, muito jovem, começou a se envolver nos problemas do país e nas causas dos trabalhadores. Aos 14 anos, passou a acompanhar as mobilizações por melhores salários. Como herança familiar, no início da juventude, foi membro do Partido Nacional (PN), onde chegou a ocupar o cargo de secretário-geral da Juventude. No entanto, apesar da perspectiva de uma carreira promissora, deixou o partido para se engajar em movimentos de esquerda. Na metade da década de 1960, influenciado pela Revolução Cubana e por um contexto de lutas sociais em todo o continente, Pepe Mujica foi um dos fundadores do Movimiento de Liberación Nacional-Tupamaros (MLN-T), uma organização político-militar que se tornaria uma das mais relevantes da América Latina. O grupo executou o policial estadunidense conhecido nos círculos militares como “o mestre da tortura”, Dan Mitrione, que participou pessoalmente da preparação e do treinamento de grupos de extermínio dedicados ao sequestro e à eliminação de militantes políticos, sindicais e sociais durante a ditadura brasileira. Naquele período, ele viajou ao Uruguai como chefe do Escritório de Segurança Pública dos Estados Unidos, com o objetivo de assessorar o governo na criação dos tristemente célebres “esquadrões da morte”. Mujica foi baleado e preso em quatro ocasiões. Até que, em 1972 — junto com um grupo de militantes — foi capturado e submetido à tortura por quase 13 anos. No entanto, nem o terror mais abominável foi capaz de fazê-lo desistir. Pepe jamais abandonou seu compromisso político, nem sua pregação por uma vida que valha a pena ser vivida — desprovida da ambição de acumular riquezas. Considerado “o presidente mais humilde do mundo”, Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015. Durante seu mandato, recusou-se a viver na residência oficial e continuou morando, ao lado de sua companheira Lucía Topolansky, em sua modesta chácara de 20 hectares, localizada em Rincón del Cerro, uma zona rural próxima à capital uruguaia. Além disso, doava 90% do seu salário para projetos sociais e outros 5% para o Movimento de Participação Popular (MPP). Constantemente questionado sobre seu estilo de vida simples, Mujica costumava dizer: “Não sou pobre, apenas ando leve”. “Se eu pudesse viver de novo, dedicaria minha vida ao meu povo”, afirmou Mujica em um comovente discurso dirigido à juventude, em 2023. A mais extraordinária fuga Ninguém os tinha visto. Ninguém os tinha ouvido. Naquela manhã, quando os guardas iniciaram a inspeção rotineira nas celas, eles simplesmente haviam desaparecido. Imediatamente, o som desesperado das sirenes se misturou aos gritos perplexos dos guardas. Durante todo aquele tempo, eles estiveram ali, bem debaixo dos narizes dos carcereiros, planejando e executando — com precisão de relógio — uma das fugas mais extraordinárias e numerosas que a história do continente já conheceu. Naquela segunda-feira, 6 de setembro de 1971, sem que ninguém percebesse, 106 prisioneiros políticos do Movimiento de Liberación Nacional-Tupamaros (MLN-T) — juntamente com cinco detentos comuns que colaboraram com eles — conseguiram escapar da prisão de Punta Carretas, uma das mais seguras do Uruguai. Cada detalhe havia sido meticulosamente planejado. Durante semanas, os Tupamaros construíram uma rede de passagens que ligava diferentes celas do segundo e terceiro andares — onde estavam os presos políticos — a uma cela no térreo. A partir dali, cavaram um túnel que levava até uma casa localizada na calçada do outro lado da rua da prisão. As ferramentas utilizadas eram fabricadas dentro da própria prisão. A terra e os entulhos removidos eram escondidos debaixo das camas ou disfarçados com pôsteres de clubes de futebol e modelos pendurados nas paredes. Em alguns casos, chegavam até a subornar guardas para evitar que revistassem as celas. Nas primeiras horas da manhã, enquanto os guardas descansavam, os 111 fugitivos escaparam, um a um, em direção a uma casa onde uma célula tupamara os aguardava. De lá, um comando da organização ficou encarregado de distribuir os militantes por diferentes pontos da cidade, onde eram recebidos em casas clandestinas. O plano de fuga foi concebido de dentro da própria prisão. Entre seus idealizadores estava o principal líder da organização, Raúl Sendic, acompanhado de outras figuras importantes como José “Pepe” Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, Jorge Zabalza e Jorge Amílcar Manera Lluberas — engenheiro civil responsável por calcular a rota do túnel com base em antigos esboços da prisão obtidos com um preso comum. A ação ocorreu simultaneamente a uma série de operações realizadas pelos Tupamaros em La Teja — um bairro histórico da classe trabalhadora, com forte tradição sindical e militante. Lá, o grupo montava barricadas e executava ações relâmpago com o objetivo de distrair a atenção das forças policiais. Naquela madrugada de 6 de setembro de 1971, “Pepe” Mujica viu, pela primeira vez, Lucía Topolansky — que viria a ser sua companheira para toda a vida. Ela integrava a equipe de militantes que operava do lado de fora, garantindo a viabilidade da fuga. Apenas dois meses antes, Lucía havia sido uma das organizadoras da Operação Estrela, na qual 38 mulheres presas políticas escaparam da prisão feminina de Cabildo. A notícia estampou as primeiras páginas dos jornais ao redor do mundo. A fuga espetacular tornou-se uma das ações de propaganda mais emblemáticas da luta armada urbana, em um contexto regional atravessado por movimentos revolucionários em diversos países do Cone Sul. A longa noite A primeira vez que sentiu o calor do sol no rosto, Mujica não conseguiu conter o choro. Durante anos, a ditadura civil-militar uruguaia o submeteu a todo tipo de tortura física e psicológica, chegando a mantê-lo preso em um buraco, em condições desumanas, sem sequer ver a luz do dia. Segundo seu próprio testemunho, durante esses anos, a luta mais difícil e desgastante foi contra a insanidade. As torturas constantes e o isolamento total lhe causaram graves distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Naquela época, para manter algum contato — por mais tênue que fosse — com a realidade, ele caminhava de um lado para o outro nas minúsculas celas para onde era levado, contando os próprios passos. “Para nós, o sol foi aparecendo aos poucos”, diz ele em uma comovente entrevista ao semanário Brecha, concedida há 25 anos. “O homem não é ele mesmo; o homem é fruto das vicissitudes, das adversidades. Alguns de nós tiveram a sorte de a vida nos apertar, mas não nos derrubar. Ela nos deu licença para continuar vivendo e, até certo ponto, colher o mel que conseguimos extrair em meio à amargura”, acrescenta na mesma conversa, apesar das humilhações indescritíveis às quais foi submetido. Assim como a maioria dos líderes dos Tupamaros — juntamente com outras organizações de esquerda, como o Partido Comunista Uruguaio — Mujica foi novamente preso nos primeiros meses de 1972. Foi a quarta vez que ele foi detido, e essa seria a mais longa: ele permaneceria encarcerado por quase treze anos. Em meados de abril daquele ano, o governo de Juan María Bordaberry — pertencente ao setor ruralista do tradicional Partido Colorado — conseguiu que o Parlamento uruguaio declarasse o “Estado de Guerra Interna”, autorizando assim as Forças Armadas a atuarem como forças policiais em todo o país. A militarização da segurança interna veio acompanhada da suspensão das garantias constitucionais e do uso sistemático da tortura como método para obtenção de informações. Entre abril e setembro de 1972, vários dos principais líderes do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T) foram assassinados, enquanto outros nove — Raúl Sendic, José “Pepe” Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, Mauricio Rosencof, Adolfo Wasem, Jorge Manera, Julio Marenales, Jorge Zabalza e Henry Engler — foram sequestrados em operações militares violentas. Assim como centenas de outros presos políticos, nenhum deles foi submetido a julgamento. O então presidente Juan María Bordaberry, alegando que uma suposta “conspiração contra a pátria” estaria “infiltrada nas próprias instituições”, decidiu, em 27 de junho de 1973, em acordo com os militares, dissolver os poderes legislativos e suspender o regime constitucional, dando início ao golpe de Estado que governaria o país até 1985. Após o golpe, os nove presos políticos foram escolhidos pela ditadura como “reféns”. Em uma operação brutal, eles foram retirados de suas celas com as cabeças cobertas, encapuzados e algemados, sendo transferidos para diferentes quartéis militares ao redor do país. Assim começava uma longa e aterrorizante peregrinação por diversos centros de detenção. Divididos em grupos de três, foram mantidos em condições desumanas: trancados em masmorras minúsculas, submetidos a torturas físicas e psicológicas, sob vigilância constante e praticamente sem qualquer contato humano. Durante quase doze anos, viveram sob um regime de terror que buscava destruir sua saúde física e mental. Os anos mais terríveis duraram até 1980. Naquele ano, a ditadura convocou um plebiscito com o objetivo de aprovar uma nova Constituição que consolidaria ainda mais o poder das Forças Armadas. Apesar do controle da mídia e da repressão aos opositores, o “NÃO” à nova Constituição venceu, com 57,2% dos votos. Naquela noite, os prisioneiros foram brutalmente torturados pelos militares. No entanto, também teve início um longo processo de enfraquecimento da ditadura, que culminaria nas eleições gerais e na reabertura constitucional em 1985. Por meio de uma anistia, Mujica recuperou sua liberdade, juntamente com centenas de outros presos políticos. Na época de sua libertação, ele tinha quase 50 anos. A partir de então, Pepe voltaria a se reunir com Lucía Topolansky, com quem compartilharia o restante de sua vida até o momento de sua morte. As mateadas Suas atividades políticas recomeçaram quase imediatamente após a libertação da prisão. Mujica conta que sua primeira tarefa militante foi encontrar um lugar onde pudesse se reunir com seus companheiros para planejar os próximos passos. Apenas duas semanas depois de Julio María Sanguinetti assumir a presidência, os Tupamaros que haviam sido “reféns” da ditadura realizaram uma coletiva de imprensa histórica. Transmitido pelos canais de televisão, o grupo anunciou que voltava às ruas “em espírito de paz” para “atuar intensamente dentro da legalidade vigente”. Naquela ocasião, anunciaram que continuariam sua luta com base em três pilares: a reforma agrária, a nacionalização dos bancos e o não reconhecimento da dívida externa contraída pela ditadura. Uma nova e intensa etapa começava na vida de Pepe Mujica. Naqueles anos, ele se tornou um dos principais oradores nas “mateadas”, como eram chamadas as reuniões em espaços públicos, onde o MLN-T compartilhava o mate, conversava com os vizinhos e respondia a perguntas sobre seu passado militante, o período na prisão e sua visão sobre a situação política do país. Em uma entrevista à televisão espanhola em 1987, Mujica declarou: “Sem sermos reformistas, temos que apoiar soluções tipicamente reformistas, porque a coisa mais valiosa que este povo tem é a liberdade política”. Naqueles anos, as divergências políticas entre os membros do MLN-T também começaram a se tornar mais evidentes. Esse processo se intensificou com a morte de seu líder histórico, Raúl Sendic, em 1989. Nesse mesmo ano, Mujica foi uma das principais forças por trás da criação do Movimento de Participação Popular (MPP). Ele conseguiu integrá-lo à Frente Ampla — uma coalizão de partidos de esquerda e centro — apesar da resistência do Partido Comunista. Com a entrada do MPP, a Frente Ampla passou a experimentar um expressivo crescimento eleitoral, que, anos depois, levaria a coalizão a governar o país. Esse também foi um período em que Mujica passou a adotar posições mais moderadas, vistas por alguns setores como um afastamento das propostas originais do movimento. O triunfo eleitoral da Frente Ampla A vitória da Frente Ampla (FA) nas eleições gerais de 2004 foi marco histórico para o país. Pela primeira vez, uma coalizão de esquerda chegou ao governo nacional, encerrando décadas de alternância entre os partidos tradicionais, Colorado e Nacional. Naquele ano, Tabaré Vázquez, membro do Partido Socialista, venceu as eleições já no primeiro turno. A coalizão de esquerda havia se consolidado durante sua gestão à frente da Prefeitura de Montevidéu. Após vários anos no Legislativo, Mujica foi nomeado Ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca. No entanto, as tensões não demoraram a surgir. Apenas um ano após assumir o cargo, um grupo de trabalhadores rurais de Bella Unión ocupou 36 hectares de terra que estavam abandonados havia onze anos. A ocupação reacendeu velhos fantasmas. Bella Unión não era um lugar qualquer: foi lá que, na década de 1960, surgiu o movimento da cana-de-açúcar liderado por Raúl Sendic, em torno do qual seria fundado o MLN-T. O governo acusou o movimento de ser “ultraesquerdista” e de “colocar pedras no caminho do governo”. Sua presidência A pessoa encarregada de colocar a faixa presidencial em Mujica, em 2010, foi Lucía Topolansky. O mérito foi totalmente dela, pois havia sido a legisladora mais votada do país. Ambos haviam sido torturados durante a ditadura, e foi juntos que não só conseguiram superar as adversidades, mas também alcançar uma centralidade política sem precedentes, fazendo com que boa parte do mundo passasse a conhecer esse pequeno país de apenas 3,5 milhões de habitantes. “O amor tem idades. Quando você é jovem, ele é uma fogueira. Quando você é velho, é um hábito doce. Se estou vivo, é porque ela está”, disse Mujica em uma entrevista, dois anos antes de sua morte. Apesar das desconfianças de setores mais moderados da coalizão, Mujica conseguiu vencer as eleições internas do partido em 2009, com amplo apoio. Isso fez com que o MPP se tornasse o setor mais votado da coalizão. Nas eleições gerais, Mujica derrotou o candidato do Partido Nacional, Luis Alberto Lacalle Herrera. Desde que assumiu o cargo, se tornou um dos líderes mais carismáticos do mundo, reconhecido internacionalmente por seu estilo de vida austero e por seu discurso ético, especialmente contra o consumismo. Sua presidência foi marcada principalmente pela expansão dos direitos. O aborto foi descriminalizado (2012) e a lei do casamento igualitário foi aprovada (2013), consolidando o perfil secular e a cultura progressista do país. Durante seu mandato, o país vivenciou o maior período de aumento do salário mínimo para os trabalhadores, o que contribuiu para a redução da pobreza, além do crescimento do PIB. Mujica encerrou seu mandato como um dos presidentes com a imagem mais positiva do mundo, alcançando uma aprovação de 70%. Além disso, ele foi fundamental para o retorno da Frente Ampla ao governo nas eleições de 2024. Mujica foi uma das principais forças motrizes por trás da campanha “A Frente Ampla ouve você”, na qual líderes e ativistas viajaram por todo o país com o objetivo de reconstruir laços e elaborar um programa coletivo para o próximo governo. Em uma coletiva de imprensa em abril de 2024, o líder histórico da Frente Ampla anunciou que estava com câncer. Naquele mesmo dia, dirigindo-se aos jovens, Mujica declarou: “Aos jovens deste país, quero dizer que a vida é bela, mas ela se desgasta e vai embora (…) O cerne da vida é recomeçar toda vez que se cair.” Em janeiro passado, ele anunciou que o câncer havia se espalhado por todo o seu corpo. Em meio à tristeza da despedida, afirmou que morreria em sua amada chácara e que desejava ser enterrado sob uma árvore, onde descansa sua querida Manuela, a cachorrinha que acompanhou o amor de Pepe e Lucía. “A maior conquista é que, quando eu partir, haverá um grande número de pessoas que continuarão militando e sonhando com um mundo melhor”, costumava dizer em suas últimas entrevistas. O mundo se despede de um grande. Editado por: Rodrigo Durão Coelho

terça-feira, 15 de abril de 2025

Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável

Economistas pela Democracia repudiam Armínio Fraga: “elitista e cruel” Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos e foi amplamente rechaçado 15 de abril de 2025, 16:06 h 13 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing button 2facebook-white sharing button 6email-white sharing buttoncopy-white sharing button Armínio Fraga Armínio Fraga (Foto: Horst Baümle/Divulgação) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Leonardo Sobreira avatar Conteúdo postado por: Leonardo Sobreira 247 - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudiou, em nota divulgada nesta terça-feira (15), declarações recentes do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e um dos homens mais ricos do país, que defendeu o congelamento dos reajustes reais do salário mínimo por um período de seis anos. Durante a Brazil Conference, realizada no último sábado (12), nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos, Fraga lançou a proposta sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva". Play Video A ABED repudiou "de forma contundente" a fala e qualificou a proposta de elitista: "Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes". "A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço", acrescenta a nota, destacando ainda a importância do aumento real do salário mínimo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros. Leia a íntegra da nota - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudia de forma contundente a fala do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, durante a Brazil Conference, realizada em 12 de abril de 2025 nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos. Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos, sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva". Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes. Fraga e seus pares evitam tocar no verdadeiro problema fiscal brasileiro: o sistema de juros altos, a política monetária que favorece banqueiros, e os privilégios tributários de grandes fortunas e corporações. Em vez de enfrentar esses interesses, preferem mirar o salário mínimo – o principal instrumento de distribuição de renda e combate à desigualdade no Brasil. A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço. Basta lembrar que após o golpe parlamentar de 2016, com o apoio de setores do mercado financeiro, foi implantado o programa "Uma Ponte para o Futuro", do governo Temer, que interrompeu os aumentos reais do salário mínimo e aprofundou o desmonte do Estado. No governo Bolsonaro, o congelamento continuou, com perdas reais para quem vive do trabalho. O aumento real do salário mínimo foi decisivo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros, ajudando a reduzir desigualdades sociais e regionais, além de dinamizar a economia nacional. Atacar essa política é atacar diretamente a população mais pobre e trabalhadora do Brasil. É importante lembrar que durante o período em que os aumentos reais do salário mínimo foram interrompidos, entre o golpe parlamentar de 2016 e o final do governo Bolsonaro, a situação fiscal não melhorou — ao contrário, ela se agravou. O congelamento dos salários não trouxe o equilíbrio prometido e ainda aprofundou a desigualdade, desvalorizou o trabalho e estrangulou a renda de milhões de brasileiros. Rejeitamos com firmeza qualquer proposta que retire direitos e agrave a desigualdade. E reafirmamos: quem deve pagar pela crise são aqueles que mais lucram com ela. As elites financeiras precisam, finalmente, assumir sua parte no ajuste fiscal — e não seguir fugindo de suas responsabilidades históricas. Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED)

terça-feira, 8 de abril de 2025

O Brasil é dos brasileiros

O Brasil é dos brasileiros Em 2026, o povo brasileiro deverá dizer um sonoro: MAGA é o caramba. Porque o Brasil é dos brasileiros e brasileiras 08 de abril de 2025, 05:51 h 7 Partilhas whatsapp-white sharing button 5twitter-white sharing buttonfacebook-white sharing button 2email-white sharing buttoncopy-white sharing button O Brasil é dos Brasileiros é a ideia força da campanha publicitária do governo Lula O Brasil é dos Brasileiros é a ideia força da campanha publicitária do governo Lula (Foto: Redes sociais, divulgação ) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Por onde andarão os brasileiros com bonés vermelhos na cabeça com a inscrição MAGA – Make America Great Again? Estariam treinando seu inglês para pedir pipocas ou sorvetes na Disneylândia? Ou ensaiando o hino norte-americano para cantar enquanto batem continência para a bandeira do país do Tio Sam? A verdade é que, quando a conta do tarifaço de Trump chegar aos lares brasileiros, a história lhes cobrará. Vem do país exemplo de capitalismo para eles, da pena do seu líder quase espiritual, do seu farol da liberdade, da sua infantaria anticomunista, as medidas mais protecionistas, mais antiliberais e contra o livre-comércio que nem mesmo a China comandada pelo Partido Comunista seria capaz de praticar. A queda nas bolsas de valores registrada nesta segunda-feira foi um verdadeiro aperitivo perto do desarranjo na economia mundial que esse arroubo de imperador de Trump pode causar — caso ele não recue, como aliás é do seu costume. A incerteza colocada por essas medidas nas planilhas e telas dos investidores não especulativos vai reduzir a atividade econômica planetária. Isso vai gerar desemprego. Inclusive nos Estados Unidos. Crise de abastecimento, com consequentes aumentos de preços e pressão inflacionária, vem a reboque. Interessante seria ver alguns personagens da política brasileira fazendo vídeos para suas redes, mostrando o quanto subiram nos Estados Unidos os preços do café, dos automóveis — ou melhor, dos ovos — a partir do tarifaço de seu guru, Donald Trump. Mas a verdade é que a política protecionista de Trump vai afetar — e muito — o Brasil. E não se trata apenas das sobretarifas. A nossa economia é bastante vulnerável aos acontecimentos no cenário mundial, e uma bagunça lá fora nos atingirá com força. Contudo, ee o cálculo que esses apoiadores de Trump em território brasileiro estão fazendo é que eleitoralmente uma crise pode lhes ser favorável, penso que eles têm tudo para dar com os donkeys in the water. Trump está dando ao governo Lula o inimigo externo a ser enfrentado, assim como está mostrando a desgraça que a insensatez, os delírios e a irresponsabilidade dessa gente pode causar. Em 2026, o povo brasileiro deverá dizer um sonoro: MAGA é o caramba. Porque o Brasil é dos brasileiros e brasileiras.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP

Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP Vereador Noel Castelo foi eleito neste domingo (6) para comandar município a 243 quilômetros da capital paulista 07.abr.2025 às 12h34 São Paulo (SP) Redação Cidade em que Bolsonaro cresceu, Eldorado elege o primeiro prefeito quilombola de SP Noel Castelo, o primeiro prefeito quilombola do estado de SP - Reprodução/Facebook/Prefeito Noel Castelo A cidade de Eldorado, no Vale do Ribeira, onde Jair Bolsonaro (PL) passou parte da infância e adolescência, elegeu o primeiro prefeito quilombola do estado de São Paulo. O vereador Noel Castelo (Solidariedade) foi eleito neste domingo (6) para comandar o município que fica a 243 quilômetros da capital paulista. Ele foi eleito com 41,87% dos votos válidos, à frente de Dr. Galindo (PSD), apoiado por setores mais conservadores, que obteve 37,85% dos votos válidos, e Dra. Débora (PT), com 20,27% . A eleição foi convocada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o então prefeito Elói Fouquet (PSDB) ter o seu mandato cassado após uma condenação por improbidade administrativa. Em seu histórico, Neol Castelo já criticou as falas preconceituosas do ex-presidente sobre descendentes de escravizados que moram na região. Em 2017, Bolsonaro disse que os quilombolas “não fazem absolutamente nada”. “Eu fui em Eldorado paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Nem para procriador ele serve mais”, afirmou em palestra no clube Hebraica do Rio de Janeiro. Um ano depois, enquanto líder da comunidade quilombola Abobral, Castelo questionou a fala de Bolsonaro. “Não existe nada disso que ele falou. Se ele viu alguém à toa, pode ser que ele tenha ido em algum fim de semana. E aí as pessoas descansam mesmo, é um direito”, afirmou Castelo em entrevista à Folha de S. Paulo. Durante a sua campanha, Noel Castelo recebeu o apoio nas redes sociais de apoiadores como Vilmar Kalunga, o primeiro prefeito quilombola do Brasil, em Cavalcante (GO). O agora também prefeito compartilhou vídeos de apoio de políticos da coligação formada por Solidariedade e União Brasil. Um desses materiais foi gravado pelo deputado federal Alexandre Leite da Silva (UB-SP), filho do ex-vereador de São Paulo, Milton Leite. Editado por: Martina Medina

São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial

Dilemas da Humanidade: São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial esta semana Mais de 70 intelectuais, líderes políticos e de movimentos sociais estarão reunidos entre os dia 7 e 10 de abril Play 00:54 Download 02:05 07.abr.2025 às 06h16 São Paulo (SP) Redação Dilemas da Humanidade: São Paulo é sede de um dos maiores encontros do campo progressista mundial esta semana Rafael Stedile São Paulo (SP) sedia nesta semana, entre os dias 7 e 10 de abril, um dos maiores encontros do campo progressista mundial: a conferência Dilemas da Humanidade: Perspectivas para Transformação Social para discutir saídas para a atual crise do capitalismo. Mais de 70 intelectuais, líderes políticos e de movimentos sociais de todo o mundo estarão reunidos no evento que acontecerá na PUC-SP e no Sesc Pompeia e será aberta ao público. A conferência foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e a Assembleia Internacional dos Povos (AIP). Em sua quarta edição, o objetivo do encontro é discutir e propor soluções econômicas e sociais concretas para as diversas crises causadas pelo capitalismo e pelo neoliberalismo em todo o mundo, além de atuar no combate à fome, às desigualdades sociais e à crise ambiental. O evento retorna ao Brasil este ano depois de uma edição realizada em Joanesburgo, na África do Sul, em outubro de 2023, que reafirmou a exigência de um projeto popular e alternativo, construído pelos povos em luta para a superação do capitalismo e do imperialismo. As duas primeiras edições, organizadas pelo MST, aconteceram no Rio de Janeiro, em 2004, e na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, interior paulista, em 2015. A conferência em Guararema originou a Assembleia Internacional dos Povos e outros instrumentos de articulação política internacionalista. A cerimônia de abertura do evento, que contará com o ministro de Economia do Brasil, Fernando Haddad, será aberta ao público e acontecerá na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no Campus Perdizes, a partir das 18h. Além de Haddad, diversas outras lideranças e intelectuais, como Vijay Prashad (Índia), diretor do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, também estarão presentes. De 8 a 10 de abril, o palco dos debates será o Sesc Pompéia. Entre os participantes, estão confirmados alguns dos principais nomes do debate econômico e figuras políticas, como a economista Josefina Morales do México, o russo Yaroslav Lissovolik (assessor da Rússia no FMI e fundador do BRICS+ Analytics), Marcio Pochmann (Diretor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), João Pedro Stedile (membro fundador do MST), Paulo Nogueira Batista Jr. (ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento), Pedro Rossi (vice-Presidente do Fundo Global para uma Nova Economia), o sociólogo argentino Cláudio Katz, a ministra da Gestão e Inovação Esther Dweck, entre outros. Informações gerais Abertura do evento Data: 7 de abril Local: auditório 239 da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na R. Ministro Godói, 969, às 19h. Conferência Dilemas da Humanidade Data: De 8 a 10 de abril de 2025, das 10h30 às 19h. Local: Teatro do Sesc Pompeia Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo/SP Editado por: Leandro Melito

Mais de 6 mil indígenas participam do Acampamento Terra Livre em Brasília

Mais de 6 mil indígenas participam do Acampamento Terra Livre em Brasília a partir desta segunda (7) 21ª edição do ATL celebra os 20 anos da Apib e acontece até a próxima sexta (11) 07.abr.2025 às 15h43 Brasília (DF) Leonardo Fernandes O Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil O Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Mais de 6 mil indígenas de cerca de 150 povos de todas as regiões do Brasil estão reunidos em Brasília (DF) para a maior mobilização indígena do país, o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), que começou nesta segunda-feira (7) e vai até a próxima sexta-feira (11). A estrutura do evento está montada próxima à Torre de TV, atração turística da capital federal, no centro da capital federal. Pela manhã, a Secretaria Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora da atividade, realizou uma coletiva de imprensa, enquanto na arena principal era realizada a acolhida e os rituais de abertura do ATL 2025. O tema deste ano é “Apib somos todos nós – Em defesa da Constituição e da vida”, uma homenagem ao aniversário de 20 anos da organização indígena. “O Acampamento Terra Livre vem justamente para marcar, mais uma vez aqui, em Brasília, o nosso posicionamento frente a todas as violações e a todos os ataques que nós temos sofrido dentro dos territórios. Esse Acampamento Terra Livre também vem reforçar o nosso posicionamento a respeito da nossa Constituição e o nosso direito de viver”, disse o representante da Apib, Dinaman Tuxá. Outra liderança da Apib, Kretã Kaingang, disse que o objetivo da mobilização na capital federal é chamar a atenção da sociedade brasileira e mundial sobre os retrocessos que vêm sendo impostos aos direitos dos povos tradicionais. Nesse sentido, ele cita especificamente o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). “Ele [o STF] ataca o direito dos povos originários do Brasil que são os povos indígenas, e ataca o direito humano. Porque, quando você ataca o direito dos povos indígenas, você ataca os nossos territórios e ataca o direito à vida”, disse Kaingang. Emocionado, o representante do Conselho Terena na Apib, Roberto Terena, pediu um basta às mortes de crianças e ao envenenamento das comunidades indígenas. “Chega de criança ser morta, chega de as nossas mães estarem aí ingerindo veneno, mercúrio, pelos rios, chega de peixes sendo envenenados”, declarou. “Nós estamos e aqui nós vamos continuar. Não adianta o agronegócio querer atropelar, querer avançar dentro dos nossos territórios. Nós temos a Constituição que é a nossa lei maior do nosso Estado brasileiro. É preciso que o Estado brasileiro, que os governantes, façam a sua parte. Chega de matança”, disse o indígena Terena. Reunião com ministros do STF No centro dos debates do ATL 2025 está a situação em suspenso da Lei 14.701, a Lei do Marco Temporal, que é objeto de diversas ações no STF, e sobre a qual, o ministro relator, Gilmar Mendes, determinou a instauração de uma Câmara de Conciliação, encerrada na última quarta-feira (2). Na coletiva de hoje, Dinaman Tuxá informou que uma delegação de representantes da Apib se reunirá com ministros do STF nesta terça-feira (8), para a qual estariam confirmados os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. “Nós vamos reiterar o que a Apib já colocou em todos os momentos: a necessidade de suspensão da Câmara de Conciliação, a votação e o julgamento dos embargos [de declaração] e da ADI sobre a inconstitucionalidade da Lei 14.701. A Câmara de Conciliação não trouxe e não trará nenhum benefício aos povos indígenas. Todos os cenários são de retrocessos de direitos”, disse Tuxá, afirmando ainda que a Apib vai trabalhar junto aos ministros para que o acordo final da Câmara de Conciliação seja rejeitado em plenário, caso Gilmar Mendes insista em levá-lo adiante. “Se precisar sentar e conversar, nós vamos sentar e conversar, mas em nenhum momento nós vamos negociar direitos pela metade aos povos indígenas”, ressaltou. Em agosto de 2024, a Apib se retirou da Câmara de Conciliação, denunciando ser uma tentativa de “conciliação forçada” sobre um tema que não há possibilidade de conciliar. Isso porque o próprio STF já decidiu que a tese do marco temporal, segundo a qual indígenas só podem ter demarcadas as terras ocupadas por eles em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Como resultado dessa Câmara de Conciliação, foi proposto um Projeto de Lei Complementar para substituir a atual legislação. A proposta exclui a tese do marco temporal, mas inova em uma série de matérias que são consideradas nocivas pelas organizações indígenas, como mineração em Terras Indígenas (TIs) e obstáculos no processo de demarcação. No último dia de sessões, a Apib divulgou nota em que volta a criticar a tentativa de “conciliação forçada” e lembra que, por ser parte de uma das ações que tramitam no STF contra a Lei 14.701, o processo conciliatório “não é legítimo”. ‘Demarcação já!’ Outra pauta central dos povos indígenas e que será levada a todos os espaços do ATL 2025 é a necessidade de se avançar nos processos de demarcação de terra. “Mais uma vez estamos em Brasília para cobrar também do Executivo que cumpra com sua missão institucional que é demarcar todos os territórios indígenas”, disse Dinaman Tuxá. Dinamam Tuxá fala com a imprensa. Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Os indígenas reclamam da morosidade dos processos demarcatórios e, inclusive, da intervenção do sistema judicial para barrar o avanço das demarcações. “A morosidade no processo de demarcação mostra que o Estado brasileiro não está desempenhando de forma satisfatória para os povos indígenas, e as consequências disso é o aumento dos conflitos socioambientais”, completou Tuxá, citando exemplos recentes no Mato Grosso do Sul, Sul da Bahia e Oeste do Paraná. As lideranças da Apib informaram ainda que, como parte da programação do ATL, nesta terça (8), os indígenas farão uma marcha pela manhã em direção ao Congresso Nacional, onde 500 lideranças devem participar de uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, a pedido da deputada federal indígena, Célia Xakriabá. Por solicitação da mesma parlamentar, haverá ainda uma audiência pública para debater a questão dos recursos renováveis, com a presença de 40 indígenas, e um seminário sobre os direitos dos povos originários, do qual participarão outras 300 lideranças indígenas. Rumo à COP 30 “Esse ano é um ano de COP 30, um ano que o Brasil vai sediar a maior conferência do clima do mundo. E não podemos aceitar que onde o país quer debater e sediar a pauta ambiental, nossos territórios estão sendo constantemente violados”, disse Tuxá. Segundo ele, na quinta-feira (10), os indígenas farão uma outra marcha, com foco nas mudanças climáticas e na participação dos povos originários na COP 30, a Conferência da Organização das Nações Unidas para o Clima, que acontece em novembro, em Belém (PA). “Nós gostaríamos de ter assumido a presidência [da COP 30], mas não foi viável. E nós estamos debatendo a melhor forma de participação dentro desses espaços”, afirmou Tuxá. Se espera ainda a visita de ministros do governo federal ao ATL. De acordo com as lideranças da Apib, há expectativa de anúncios por parte do Executivo, principalmente no que se refere a novas áreas demarcadas. A programação completa do ATL 2025 pode ser consultada no site da Apib. Editado por: Martina Medina

LULA E XI JINPING TERÃO ENCONTRO EM PEQUIM

Lula e Xi Jinping terão encontro em Pequim em meio à escalada protecionista de Trump Antes disso, Lula irá a Moscou para as celebrações do Dia da Vitória 07 de abril de 2025, 17:14 h 32 Partilhas whatsapp-white sharing buttontwitter-white sharing button 23facebook-white sharing button 8email-white sharing button 1copy-white sharing button Lula e Xi Jinping Lula e Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert) Bluesky LogoBluesky Bluesky LogoThreads Apoie o 247Siga-nos no Google News Leonardo Sobreira avatar Conteúdo postado por: Leonardo Sobreira 247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma reunião com o homólogo da China, Xi Jinping, em maio, informou a Folha de São Paulo nesta segunda-feira (7). A guerra de tarifas iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tende a estimular uma maior aproximação comercial entre as economias emergentes. Um sinal desse movimento é a presença de uma comitiva empresarial na viagem de Lula à China, com o objetivo de fortalecer ainda mais as relações comerciais entre os dois países. Play Video Em Pequim, Lula participará do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e, no mesmo dia, de um evento promovido pela ApexBrasil. Antes disso, em 9 de maio, o presidente participará em Moscou, na Rússia, das celebrações do Dia da Vitória — que neste ano marcam os 80 anos da rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

domingo, 6 de abril de 2025

DITADURA NUNCA MAIS!

‘Ditadura nunca mais’: Caminhada do Silêncio em SP homenageia vítimas da ditadura e da violência de Estado Ato lembrou mortos e desaparecidos do regime militar e pediu prisão de golpistas do 8/1 06.abr.2025 às 20h32 São Paulo (SP) Leandro Melito ‘Ditadura nunca mais’: Caminhada do Silêncio em SP homenageia vítimas da ditadura e da violência de Estado Manifestantes marcharam até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP) - Elineudo Meira / @fotografia.75 A 5ª edição da Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado foi realizada neste domingo (6) em memória aos mortos e desaparecidos da ditadura militar. O ato também lembra as vítimas da violência policial dos dias de hoje, que tem como principal alvo a juventude negra e periférica. Com flores, velas e fotos, os manifestantes se reuniram na antiga sede do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na capital paulista e seguiram até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque Ibirapuera. A caminhada deste ano teve como lema “Ainda estamos aqui”, em referência ao filme Ainda Estou Aqui, que retrata a luta da mãe de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido político durante a ditadura militar, pela busca por justiça e verdade. A psicóloga Vera Paiva, uma das filhas do casal Paiva, reforçou que a manifestação silenciosa é uma forma de protesto pelo “absurdo que tem sido a violência de Estado”, que não se encerrou com a redemocratização do país. “Que a gente possa a cada ano, de novo, fazer isso, porque o nosso objetivo é, pacificamente, com velas nas mãos, com rosas nas mãos, homenageando os nossos mortos, dizer: ditadura nunca mais! Pela vida e pela paz”, ressaltou Paiva. Vera Paiva também destacou a contribuição do filme Ainda Estou Aqui para dar visibilidade à luta por memória e justiça. Para ela, a obra ajudou a mostrar a realidade daquele período, quando as informações eram controladas e as famílias silenciadas “Acho que cada pessoa entra e assiste ao filme no papel de alguém e vive a história como ela foi para gente, sentindo na pele o que era viver uma ditadura”, diz. Manifestante com flores e fotos durante a 5ª Caminhada do Silêncio de São Paulo | Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75 A presidenta da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, enfatizou a necessidade de recordar os mortos e desaparecidos da ditadura, destacando que a violência de Estado ainda se faz presente no Brasil. “Esses atos que levaram a essas mortes, esses desaparecimentos, continuam se repetindo. Hoje em dia, as pessoas defendem quem mata, quem executa sem julgamento”, afirmou. Ela sublinhou a importância da democracia e da legalidade, lembrando que “a força de um ou de outro não pode prevalecer sobre a lei”. Gonzaga também mencionou a retomada da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a continuidade das campanhas para responsabilizar os agentes da ditadura. “Nossa intenção é dar sequência, nesses dois anos, à busca de corpos, à retificação de acentos de óbitos e incentivar as campanhas por responsabilização por agentes da ditadura. Não há reparação suficiente – mesmo reparação de conteúdo material –, que acolham o coração das vítimas, do que a justiça. Nós precisamos também ter responsabilização em relação a esse período”, afirma. Responsabilização aos golpistas do 8 de janeiro A Caminhada do Silêncio deste ano ocorreu no mesmo dia em que outro ato, na avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendia a anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Presentes na manifestação em memória às vítimas da violência de Estado, em oposição às reivindicações bolsonaristas, reafirmaram a defesa pela responsabilização dos envolvidos nos atentados contra o Estado Democrático de Direito. Faixa com pedido de prisão para Bolsonaro e militares envolvidos na tentativa de golpe de Estado | Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75 Marco Antonio Ferreira, professor da rede municipal e também participante do ato, destacou a relevância da manifestação no atual contexto político do Brasil. “Este ato é extremamente necessário e importante, especialmente agora, quando vemos a perspectiva de prisão para aqueles que atentam contra a democracia e o povo brasileiro”, disse. Ele ainda afirmou que é fundamental que o Brasil dê um basta à violência de Estado, que continua presente nos dias de hoje. Editado por: Geisa Marques

LULA DEFENDE O BRASIL, BOLSONARO AS TARIFAS DO TRUMP

Editoriais Lula em balanço de dois anos de governo Lula em balanço de dois anos de governo Enquanto Lula defende o país, o vendilhão da pátria Jair Bolsonaro se rende ao tarifaço de Trump Lula destaca-se por agregar os brasileiros em torno da defesa dos interesses do país e do nacionalismo 05 de abril de 2025, 20:06 h 329 Partilhas whatsapp-white sharing button 68twitter-white sharing button 27facebook-white sharing button 217email-white sharing button 4copy-white sharing button A caótica e improvisada elevação das tarifas de importação imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre mais de uma centena de países constitui um gesto desesperado. Tenta reverter uma decadência, mas deve precipitá-la. Representa uma ação defensiva típica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele reconhece o problema, a perda de competitividade dos Estados Unidos, mas reage de maneira atabalhoada, desnecessariamente espetaculosa e, afinal, contraproducente. Pretende provocar uma imensa reorganização das cadeias de comércio e da produção industrial. Por mais que venha a se revelar um tiro no pé, não se pode negar que o tarifaço procure, mesmo que por linhas tortas, atender aos interesses dos Estados Unidos. Play Video No Brasil, a medida da Casa Branca foi amplamente rechaçada. Serviu, porém, para explicitar uma aberração: o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou-se favorável às taxas sobre o comércio exterior brasileiro. Disse que as tarifas que protegem os produtores agrícolas ou as exportações de petróleo são coisas de comunistas, atacando setores que são seus aliados. Enquanto todas as associações de setores empresariais nacionais prejudicados silenciaram ou criticaram a imposição de taxas de 10% para a entrada dos produtos brasileiros nos EUA, Bolsonaro bateu palmas, fez continência para elas. Note-se que o herdeiro político do bolsonarismo, o governador paulista Tarcísio de Freitas, foi incapaz de se posicionar na defesa dos produtos brasileiros. Essa é a essência do fascismo: o entreguismo. Sob o slogan falso da defesa da pátria, ele, na verdade, quer extinguir a nação. O bolsonarismo veste as cores do país para, na verdade, traí-lo a serviço do interesse de uma outra nação, dos interesses do imperialismo. Bolsonaro prefere os Estados Unidos ao Brasil. Para servir a esta predileção, está disposto a tudo, até mesmo a sacrificar desavergonhadamente interesses brasileiros. Diante de atitude tão disparatada e até politicamente suicida, podem-se especular algumas hipóteses. Estaria Bolsonaro preparando, com ela, o ambiente junto a Trump para uma eventual fuga aos Estados Unidos? Essa opção não seria excludente com outra: seria Bolsonaro, na verdade, um agente estadunidense pronto para avançar no Brasil os interesses do império, sempre que houvesse que optar entre o agressor e a pátria brasileira? Algo, no entanto, parece certo: Jair e seus filhos obedecem mais hoje aos Estados Unidos, estão submetidos ao centralismo da internacional de extrema-direita que se apoderou da Casa Branca. Prova disso é que Eduardo Bolsonaro até abriu mão de seu mandato como deputado para tentar a vida junto aos hierarcas do trumpismo. Ao mesmo tempo, o presidente Lula destaca-se por agregar os brasileiros em torno da defesa dos interesses do país e do nacionalismo. Colhe, inclusive, acordos que seriam impensáveis, como a unanimidade na aprovação, pelo Senado, da lei que autoriza reciprocidade brasileira contra o tarifaço estadunidense. É de se notar que o acordo obteve adesão de senadores bolsonaristas que votaram sem nem consultar seu líder, certamente por considerarem que seria impensável apoiar os desejos do Tio Sam em detrimento do Brasil. Sintoma maior do estado de caos da liderança bolsonarista não há. Redação Brasil 247 avatar Conteúdo postado por: Redação Brasil 247

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

PATRIOTAS DE VERDADE NÃO TORCEM CONTRA O BRASIL

Patriotas de verdade não torcem contra o Brasil Por Miguel Lucena É no mínimo contraditório que alguns brasileiros, ao se autodenominarem patriotas, celebrem ou torçam para que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha sanções contra o Brasil. Tal postura não só revela um falso patriotismo como também uma grave ignorância sobre a relação comercial entre os dois países. Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e estratégica. Os EUA são um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, com um fluxo bilateral que inclui exportações de produtos como aço, alumínio, soja, carne e etanol, além de importações de tecnologia, maquinário e bens industriais. Essas trocas movimentam bilhões de dólares e geram empregos em ambos os países. Qualquer ruptura comercial representaria um prejuízo significativo para as duas nações, algo que líderes pragmáticos evitam. Torcer para que interesses políticos ou ideológicos resultem em sanções é, na prática, desejar o fracasso do próprio país. É ignorar que o Brasil depende de mercados externos para crescer e que os EUA, historicamente, também têm no Brasil um parceiro importante. Portanto, um verdadeiro patriota não busca enfraquecer a nação, mas trabalhar para fortalecer suas parcerias e defender seus interesses econômicos. Quem torce contra o Brasil e a favor de prejuízos é, no fundo, um patriota fake. Miguel Lucena é advogado e jornalista.