Com 1% de aprova-
ção,Temer assumiu
o poder e fez até
discurso de posse,
nos constrangendo.
Naquele momento,
muita gente não
imaginava as
barbaridades que
se seguiriam ao
roubo do mandato 
de Dilma.
Absurdos que se
sucedem com tal
rapidez, que mal
temos tempo de
nos recuperar da
indignação causada pelo absurdo anterior, já estamos apalerma-
dos com o absurdo seguinte. Esse é um grande perigo. Nesse
momento estar"atônito" não ajuda, "é preciso estar atento e forte".
Temer nomeou um ministério de "importantes técnicos" que não
se dão conta de que estamos no século XXI. Representativo
disso foi o engano na arte do logotipo do governo, que trazia
só 22 estrelas, como na época da ditadura. Ato falho do bravo.
Eles pensam que ainda estamos na ditadura, não tenha dúvida
disso. Assim como foi preciso avisar Temer de que o Brasil,
hoje, tem 27 federações, também foi preciso avisá-lo de que
nosso país é rico em diversidade e que um ministério branco e 
masculino não pegava bem.   
Usando como desculpa uma "crise profunda" da qual nem
todos estamos convencidos, os ministros de Temer se
julgam no direito de tomar decisões absolutamente
impopulares, dizendo-as "necessárias" e de anunciá-las
com uma desfaçatez de dar medo. Resumo todas naquilo
que elas representam: esse governo interino, que age como
se já fosse permanente, tem como "deus" o mercado. E não
há dúvida de que todas as suas decisões serão para agradá-lo.
O deus-mercado é um deus guloso cujo apetite pelo sacrifício
do povo é imenso. É um deus que não fica feliz com a
felicidade do povo. Porque um povo feliz pode se relacionar
bem, pode se divertir, pode viver a cultura sem precisar
consumir desenfreadamente e, assim, não alimenta o PIB,
esse símbolo da felicidade suprema. Poucos têm consciência
de que o PIB - personagem a que os comentaristas econômicos
se referem com ar de enterro quando ele não cresce - cresce
tanto pelo bem quanto pelo mal.
Em Amor Líquido o sociólogo Zygmunt Bauman trata o PIB
como um "fetiche" que se baseia no pressuposto questionável
de que "a soma total da felicidade humana cresce conforme
uma quantidade maior de dinheiro troca de mãos". Ocorre
que o dinheiro troca de mãos pelos mais variados motivos.
Bauman cita exemplos colhidos por Jonathan Rowe:
 "o dinheiro troca de mãos quando alguém se torna inválido
e o carro é totalmente destruído em um acidente automobi-
lístico; quando advogados elevam seus honorários para cuidar
de uma ação de divórcio; ou quando pessoas instalam filtros
ou passam a beber água mineral porque a água potável não
pode mais ser consumida". E comenta: "E assim, em todos
esses e em casos similares o 'produto interno' cresce, para
regozijo dos políticos governantes e dos economistas que
fazem parte de suas equipes." E, quando você assiste ao noti-
ciário, fica feliz se o PIB cresceu, porque foi isso que os
economistasenfiaram na sua cabeça. Além disso, pouca gente
se dá conta de que o "mercado" não representa os anseios do
 povo, mas os anseios de gente que não produz, apenas mani-
pula dinheiro.
Será mesmo que é isso o que desejamos para nós em pleno
2016?
Não bastasse essa forma atrasada de ver a vida, muitos
integrantes desse pseudogoverno são investigados ou já réus
em escândalos de corrupção. E hoje Temer nos presenteou
com André Moura para liderar a Câmara. Ele sequer foi
eleito e, além de envolvimento em corrupção, é suspeito de
HOMICÍDIO. Tudo em nome da continuidade da dinastia Cunha.
Até quando? Está na hora do povo ocupar o Brasil.